Estúdio do campeonato brasileiro de League of Legends, o CBLOL, no escritório da Riot Games em São Paulo (Luísa Granato/Exame)
Luísa Granato
Publicado em 16 de abril de 2022 às 07h00.
A volta ao trabalho presencial vai ser bem diferente para os funcionários da Riot Games do Brasil, empresa americana criadora dos jogos League of Legends, VALORANT e Wild Rift.
Para dar o tom dessa nova fase da empresa, a retomada será em um escritório novo e totalmente reformado. Logo na entrada do espaço de 4.500 m² já é possível sentir o diferencial do negócio: todos que passam ali vão ver a estátua da personagem brasileira Raze, de Valorant.
A entrada é a área principal do escritório, onde é possível fazer eventos, chamar jogadores para avaliar os novos lançamentos da marca, realizar almoços semanais com toda a equipe e, claro, jogar.
Logo ao lado da marcante estátua, há uma sala reservada apenas para os funcionários jogarem – e com todos os equipamentos que fariam qualquer jogador sonhar com uma vaga ali. São quatro fileiras de computadores de última geração em uma sala totalmente ambientada para o eSports: muitas cadeiras gamers e RGB.
“A gente quis criar um espaço de convivência e colaboração. Nosso escritório tem função gerar conteúdo, marketing e negócios, não pode ser um escritório tradicional. Uma das razões que construímos esse complexo foi a atração de talentos”, afirma Diego Martinez, gerente geral da Riot no Brasil.
A razão da existência da Riot no país é distribuir os jogos e dar suporte a comunidade de jogadores. E, para fazer isso, eles precisam estar imersos e apaixonados por tudo dos universos de jogos.
Enquanto os games são desenvolvidos na matriz, em Los Angeles, ou em estúdio da China, a equipe no Brasil, assim como a dezenas de escritório no mundo, fica responsável pela publicação do jogo. É um trabalho de marketing, prospecção de novos negócios, interação com jogadores e influenciadores, suporte a comunidade e adaptação dos games para o mercado local.
Eles voltam agora no modelo híbrido por três dias na semana e dois em casa. “São dias flexíveis, o funcionário pode ficar em casa ou optar por vir também ao escritório. A ideia é que esses dias sejam usadas para o trabalho mais individual, sem reunião e mais com uma leitura, reflexão e outras coisas que no escritório não vai fazer”, diz o executivo.
No momento, a retomada não é obrigatória e depende do conforto e segurança da pessoa para voltar. A empresa ainda oferece toda a estrutura de testes de covid-19 e exigência de certificado de vacinação.
E os cuidados são ampliados por causa de outro diferencial do espaço: à circulação de cerca de 100 pessoas diariamente pelo local, contando apenas os funcionários e prestadores de serviços, se soma a comunidade de marcas parceiras, atletas de eSports e suas equipes ali.
Isso acontece porque a frente do escritório esconde toda a estrutura de três estúdios para as diferentes competições de eSports serem realizadas e transmitidas no local.
O crescimento do segmento é um dos motivos para a empresa ter se reorganizado e considerar este um novo capítulo. O objetivo da Riot é se posicionar como a empresa de entretenimento do século 21.
E isso inclui o investimento no espaço com a expectativa de acompanhar o crescimento da indústria. Segundo a empresa, o setor tem um crescimento médio de 10% ao ano, considerando o faturamento como base.
Se uma estátua em tamanho real de uma personagem de Valorant já deixa claro que aquele espaço é feito por e para gamers, ao percorrer os corredores do escritório localizado na Barra Funda, a certeza é absoluta.
Um grande mural grafitado com os personagens mais marcantes dos jogos da Riot, inúmeras salas de descompressão com videogames e computadores de última geração e o corre-corre de jogadores e equipes nos corredores deixa em evidência que aquele lugar não é um escritório qualquer.
Com uma estética moderna, espaços abertos e muita luz natural, de cara pode-se perceber que se trata de um projeto de um grande escritório de arquitetura.
Na conversa, o gerente geral falou em primeira mão qual foi a empresa responsável pelo escritório. Athié Wohnrath, que projetou a sede de grandes empresas no país, como CNN e Hering, foi o escritório escolhido para o design e montagem do espaço. "Um trabalho de muitas mãos", diz Martinez.
Após o hall de entrada no térreo com um teto alto e muitas plantas nas paredes, escadas levam aos andares superiores, a área mais “executiva” da empresa, mas o que chama atenção é o grande corredor lateral, embelezado com o grande mural do artista gráfico Sapo Lendário.
O corredor leva ao fundo da sede da empresa e é lá que “magia” dos jogos acontece. Ao cruzar os tapumes que marcam o fim do corredor lateral, é possível avaliar a dimensão do projeto da Riot para o país. O espaço conta com três estúdios equipados com tecnologia de gravação, edição e mixagem para que influenciadores possam criar conteúdo digital in loco – e contar com o auxílio do time multimídia da Riot.
A agenda recente dos eSports dos jogos da Riot não poderia estar mais agitada. Enquanto o Valorant Masters 2022 acontece lá na Islândia – e conta com os times brasileiros Loud e Ninja In Pijamas (NIP) – no próximo dia 23 ocorre a final do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) entre paiN e RED Canids.
E o CBLoL já tem lugar certo para acontecer: na arena da Riot aqui em São Paulo.
Em comunicado, a empresa afirmou que a decisão do CBLoL vai ter a presença dos fãs. As entradas serão distribuídas para as organizações que, por sua vez, vão "direcionar e distribuir, de acordo com seus próprios critérios, as entradas disponíveis aos seus respectivos torcedores, escolhendo aqueles que não poderiam ficar fora dessa grande festa”, segundo comunicado.
Embora os estúdios chamem a atenção pelo seu tamanho e modernidade, as arenas montadas para receberem os campeonatos nacionais dos jogos da Riot é o que mais impressiona. São três arenas, uma para cada um dos jogos. A principal, feita para o campeonato de LoL, tem capacidade para 150 pessoas.
O investimento (e a produção) nessas arenas e estúdios pode ser comparada ao que grandes emissoras e estúdios realizam para montar espaços parecidos, dada a quantidade de equipamento, a amplitude do espaço e a quantidade de salas exclusivas para times, técnicos e narradores.
Se é na arena e nos estúdios que o jogo é vivido e jogado, é no andar de cima que fica o corre de toda operação responsável por manter isso de pé. No segundo andar é onde fica localizado o escritório da empresa propriamente dito.
“Eu não gosto de chamar assim, mas temos aqui também a nossa área mais corporativa”, diz o executivo. Divididos em equipes mais “tradicionais”, os profissionais desse espaço mais corporativo são os responsáveis por fazer a engrenagem da empresa girar.
É dali que saem as ideias e projetos de marketing com influenciadores e jogadores e os planejamentos de conteúdo, eventos e afins, por exemplo. Também é nesse espaço que a área mais administrativa (jurídico, financeiro e RH) também trabalha.
Toda a reforma e o projeto foram pensados para agilizar essa produção. Salas são equipadas com telas e câmeras para assistir a jogadas e interagir com os conteúdos sendo feitos ao vivo nos estúdios. E as áreas de trabalho possuem quadros para desenhar ideias na hora.
Entretanto, sem perder o jeito gamer de ser: escritório amplamente decorado com action figures dos personagens dos jogos, troféus dos campeonatos esportivos e, claro, um PS5 novinho em folha com os jogos do momento para que os funcionários possam se distrair, ou como brinca o executivo, “estar por dentro das tendências do setor”.
No dia da visita da EXAME ao escritório, atletas dos times se preparavam para uma competição de Wild Rift, todos aquecendo os dedos em seus celulares, no terceiro estúdio. Ao olhar para cima, é possível ver uma construção curiosa: o teto parece ser forrado por peças gigantes de dominós.
A função do aparato é guiar as câmeras para adicionar animações e gráficos em realidade aumentada nas transmissões ao vivo. O que realmente se destaca ali é que a solução foi criada do zero pela equipe.
“Para cada elemento, existe um dominó e um QRCode para a leitura da câmera. A gente fez isso, porque no mercado brasileiro não tinha pronto para comprar. Então nosso time estudou a tecnologia e comprou os materiais para fazer as peças”, afirma o gerente. “A gente fala para o pessoal lá fora e eles querem copiar o Brasil”.
Segundo ele, esse é o tipo de profissional que a Riot precisa. Não é só experiência, mas o diferencial é a vontade de testar e resolver desafios do dia a dia de forma criativa. E sem medo de errar.
Todo o escritório não é um atrativo para fãs dos games à toa: da mesma forma que artes e espaços para jogar encantam o público, influenciadores e atletas, também é um paraíso para os funcionários poderem se inspirar e criar em cima do universo da Riot.
Com essa paixão fazendo parte da cultura, a empresa garante que começar a trabalhar ali seja uma experiência completa. Todos os novos contratados já são mandados de cara para a sede em Los Angeles para uma imersão na cultura.
O executivo conta que há planos para uma expansão estratégica da equipe no Brasil, sempre centrado nas equipes de marketing, comunicação, comunidade e suporte ao jogador, ou ainda para as áreas corporativas, como financeiro, legal e recursos humanos.
A Riot oferece benefícios diferenciados como créditos para usar nos jogos (e presentar fãs que encontram nas partidas online), subsídio para educação, almoço coletivo oferecido pela empresa semanalmente, viagens internacionais, vestiários e salas de amamentação.
As vagas abertas ficam disponíveis pelo site de carreiras da empresa.
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