O Senado italiano aprovou nesta quarta-feira a nova lei que altera as regras para concessão da cidadania por descendência, com impactno o direto para brasileiros (Salvatore Laporta/KONTROLAB /LightRocket/Getty Images)
Repórter
Publicado em 15 de maio de 2025 às 09h49.
Se você sonha em construir uma carreira na Itália com base na cidadania herdada de antepassados italianos, é hora de rever os planos. O Senado italiano aprovou nesta quarta-feira, 15, a nova lei que altera as regras para concessão da cidadania por descendência, com impacto direto para brasileiros. A norma encerra o reconhecimento automático da chamada cittadinanza per sangue para bisnetos, trinetos e gerações posteriores, o que muda drasticamente o cenário para quem planejava trabalhar ou estudar legalmente na Europa.
A nova legislação, que entra em vigor no próximo dia 27 de maio, restringe o direito de cidadania apenas a filhos e netos diretos de italianos nascidos na Itália — eliminando, na prática, o acesso via consulado ou residência na Itália para a maioria dos brasileiros que estavam na fila ou em processo.
“A cidadania por via administrativa, como conhecíamos, acabou. Isso atinge diretamente milhares de brasileiros que buscavam a cidadania como porta de entrada para uma carreira internacional”, afirma Luiz Scarpelli, advogado especialista em cidadania italiana e mestre em Direito pela Università Sapienza di Roma.
Segundo Scarpelli, todas as emendas favoráveis aos descendentes brasileiros foram rejeitadas durante o debate parlamentar. A votação teve maioria esmagadora: 75% dos senadores votaram a favor da mudança. Com isso, consulados italianos ao redor do mundo já deixaram de aceitar novos pedidos administrativos. A fila de espera — que em alguns casos ultrapassava 10 anos — será cancelada.
Com o fim da via administrativa, a cidadania italiana — que dava acesso automático ao mercado de trabalho e à educação pública europeia — agora se tornou um direito de acesso restrito. “Sem a cidadania, o brasileiro precisará buscar vistos de trabalho, estudo ou residência, o que é mais burocrático e exige o patrocínio de empresas ou instituições”, diz Scarpelli.
A mudança impacta diretamente profissionais que viam na Itália uma oportunidade de construir carreira na Europa, aproveitando o passaporte italiano para circular livremente entre os países da União Europeia.
“É um dia triste para o direito dos descendentes, mas também um alerta: quem deseja viver fora precisa estar atento às mudanças legais e se planejar com antecedência”, diz Scarpelli.