Olho (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 21 de abril de 2015 às 12h08.
No conhecido Evangelho segundo João, há uma passagem com larga contribuição ao estudo linguístico:
“Disseram-lhe por isso os judeus: Tu ainda não tens cinquenta anos, e viste a Abraão?
Respondeu-lhe Jesus: Em verdade , em verdade vos digo que antes que Abraão fosse feito, eu sou.”
Por anos a fio, simplesmente memorizamos que “ser” é um verbo de ligação, que denota o predicativo, o atributo ao sujeito. Nem sempre.
Tão forte é o hábito de tal processo mnemônico que muitos, de antemão, questionariam: “É o quê?”, “Sou o quê”, “Ele é o quê?”, “Que ele é?”.
Em uma de suas ocorrências, o verbo “ser” – como intransitivo – significa “ter existência real”, “existir”, “haver”. Em termos gramaticais, na frase inicial, o mestre e líder Jesus – com simplicidade e elegância – destaca sua existência no presente do indicativo, ou seja, ubíqua, onipresente, infinita, universal.
Ademais, no próprio Aurélio, há uma belíssima citação do poeta Alberto de Serpa:
“É melhor ficar / Calmo, sem procela / No quieto mar / Que é nos olhos dela.”
Ao poeta, é preciso usar a palavra para ir além; por isso, optou pelo registrar um quieto mar que existe, infinitamente, dentro dos olhos de sua amada. Bonito o trecho? Uma verdadeira sinfonia entre o processo figurativo do par “mar-olhos” e a palavra que se conjuga, na universalidade do presente do indicativo.
Por tudo isso, o verbo ganha destaque no estudo das classes gramaticais; é a propulsão de qualquer mensagem, visto que se flexiona em modo, tempo, número, pessoa.
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