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No Japão, trabalhadores estão 'terceirizando' pedido de demissão; entenda

Uma empresa lida com 10 mil casos por ano de pessoas que pediram as contas via consultoria

Um escritório de advocacia se oferece para ajudar oficiais militares a pedir demissão (Anchalee Phanmaha/Getty Images)

Um escritório de advocacia se oferece para ajudar oficiais militares a pedir demissão (Anchalee Phanmaha/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 10h00.

A escassez de mão de obra no Japão significa que funcionários mal pagos ou sobrecarregados têm outras opções hoje em dia. O problema? O país é famoso por ter bons modos e com pessoas que odeiam criar confrontos.

Segundo reportagem do The Wall Street Journal, os japoneses insatisfeitos passaram agora a "terceirizar" seus pedidos de demissão. Uma empresa, com o nome convidativo de Exit, lida com 10 mil casos por ano de pessoas que pediram as contas via consultoria. Essas pessoas, segundo o WSJ, se preocupam em não causar perturbação ao sair da empresa ou querem evitar fofocas dos colegas de trabalho.

Outras companhias que prestam assessoria na hora das demissões se concentram em nichos. Um escritório de advocacia se oferece para ajudar oficiais militares a pedir demissão por cerca de US$ 400. Isso é mais caro do que outros serviços, mas o escritório sugere que ter um advogado cuidando do assunto promoverá "paz de espírito".

Situação do Japão

Com 2,7% de desemprego e uma população envelhecendo rapidamente, o Japão enfrenta uma escassez de mão de obra. A Teikoku Databank, uma empresa de pesquisa de Tóquio, diz que a escassez de pessoal é o motivo mais comum citado para problemas corporativos e um recorde de 313 empresas faliram no ano fiscal encerrado em março por causa disso.

Os salários estão aumentando e finalmente começaram a superar a inflação neste ano mas muitas empresas não podem ou não querem pagar o suficiente para reter os trabalhadores. Uma lacuna geracional leva alguns gerentes mais velhos a esperar que os trabalhadores demonstrem lealdade absoluta à empresa. Isso era mais comum em outras décadas, não em 2024.

Funcionários japoneses, como os americanos, normalmente dão aviso prévio antes de pedir demissão. Clientes que recorrem a agências de demissão muitas vezes tentaram esse caminho e enfrentaram resistência.

A Sekine também é outra firma que instrui funcionários a definir detalhes da saída - como devolver um laptop ou celular, por exemplo. A maioria dos empregadores aceita a demissão, mas cerca de 10% exigem negociação com um advogado contratado com despesas adicionais.

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