(Divulgação/Divulgação)
Luísa Granato
Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 10h45.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 17h10.
Foi na véspera do aniversário de 13 anos de sua filha que Geoff McDonald, co-fundador da ONG Minds at Work e ex-Unilever, teve um despertar desagradável: ele acordou no meio da noite sem conseguir respirar, com o coração disparado e com a cama molhada de suor.
Na hora, ele acreditou que estava tendo um infarto. Depois, descobriu que experimentara um ataque de pânico. “Não sabia o que era, nunca tive uma conversa sobre ataques de pânico e isso não fazia parte do meu vocabulário”, conta ele na abertura do Summit de Saúde Mental nas organizações, evento realizado pela Exame com a Cia de Talentos, a Get Ahead e o Hospital Albert Einstein.
Em conversa com Pedro Thompson, CEO da Exame, ele falou sobre esse primeiro episódio que o levou a um diagnóstico de depressão causada por ansiedade. E também contou sobre a decisão que salvou sua vida: iniciar uma conversa sobre sua saúde com amigos, familiares e colegas de trabalho.
A mistura de conversas francas e apoio de quem também passou por dificuldade com a medicação e terapia o ajudaram a se recuperar aos poucos. No entanto, em 2012, a notícia de que um amigo havia cometido suicídio trouxe um novo alerta para ele.
“Eu me perguntei por que ele não falou comigo. Depois, cheguei a uma simples conclusão: o estigma havia matado meu amigo. E isso não é justo”, fala ele.
Vendo a diferença entre sua jornada e do amigo, McDonald encontrou um novo propósito: criar ambientes de trabalho mais tolerante e seguros. Hoje, ele é conhecido como um dos principais especialistas e entusiastas em saúde mental no mundo. Sua organização tem 2 mil membros dedicados a apoiar as organizações a apoiarem seus funcionários a resolver problemas de saúde mental.
E ele conta no evento que existem três coisas simples que todos podem fazer para acabar com o estigma em torno de problemas comuns de saúde mental:
O que você pensa sobre pessoas com depressão ou ansiedade? Você realmente sabe o que essas palavras significam? Quais são os sintomas? O especialista recomenda que todas as pessoas reflitam sobre seu ponto de vista e, ao encontrar intolerância, se tornem mais curiosas sobre o tema.
Pode ser com um grupo de amigos, familiares ou no trabalho. Para o executivo, o homem chegou à Lua depois que o presidente americano John F. Kennedy iniciou uma conversa sobre esse desafio. Assim, depois de aprender um pouco, por que não compartilhar seu conhecimento e buscar o ponto de vista de outros sobre o assunto?
Assim como McDonald contou a história de seu diagnóstico, ele encoraja que outras pessoas falem sobre suas experiências quando se sentirem prontas. Mesmo que seja a história de alguém próximo que viveu algo parecido. Antes de compartilhar, ele alerta para pedir permissão aos conhecidos. “Toda história é como mandar um bote salva vidas. Mostra que as pessoas não estão sozinhas e que é normal”, diz.
Aos líderes e organizações, o especialista traz uma nova responsabilidade de tornar a saúde integral (mental, física e emocional) uma questão estratégica. “Nós apreciamos o que pode ser mensurado. Na segurança, temos medidas. E podemos fazer o mesmo com a saúde”, fala ele.
O caminho para as empresas começarem essa jornada é o mesmo que Mariana Holanda, primeira diretora de saúde mental da Ambev, apontou em entrevista para a Exame. “O caminho é longo. Não é algo que vai ser uma modificação de uma hora para a hora, só criando uma diretoria como a minha. Internalizar esses novos valores vai levar um tempo. A estratégia da área tem os dois pilares: conhecimento e cultura”, disse ela.
Segundo McDonald, está na hora das empresas começarem a investir em treinamentos e educação relacionados a saúde mental e transtornos comuns como estresse, depressão e ansiedade. E, se a questão deve se torna prioridade na estratégia, a liderança tem um papel fundamental. Eles precisam dar o exemplo.
“Temos um modelo de comportamentos que esperamos dos líderes, como trabalho em equipe e mentalidade de crescimento, e são pontos que orientam a performance e o que esperamos deles. E podemos ter um comportamento adicional que é sobre bem estar, sobre sua própria imagem e olhar como eles cuidam de sua própria saúde. Nenhum líder pode liderar sem estar saudável. E assim eles podem compartilhar as boas práticas”, ensina McDonald.
A palestra completa está disponível no canal da Exame no Youtube, assim com uma versão do vídeo com tradução simultânea.
O Summit de saúde mental nas organizações continuará hoje às 18h com palestra do presidente do Hospital Albert Einsten, Sidney Klajner, e, às 19h, com uma conversa entre Betina Lackner (Diretora de RH da Johnson & Johnson), Nélio Bilate (CEO da NBheart) e Francine Graci (Diretora de Career Experience do Twitter LATAM).
Confira a programação completa do evento:
08H30 ÀS 09H30
SAÚDE E BEM-ESTAR: VANTAGEM COMPETITIVA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Pedro Thompson (CEO EXAME) e Geoff McDonald (Co-fundador da ONG Minds at Work e ex-Unilever)
18H00 ÀS 19H00
SAÚDE MENTAL: POR QUE A HORA É AGORA?
Sidney Klajner (Presidente do Hospital Albert Einsten)
19H00 ÀS 20H00
SAÚDE MENTAL EM SINERGIA COM OUTRAS PAUTAS, CULTURAS, GESTÃO DA MUDANÇA E DIVERSIDADE
Betina Lackner (Diretora de RH da Johnson & Johnson), Nélio Bilate (CEO da NBheart) e Francine Graci (Diretora de Career Experience do Twitter LATAM)
Para participar e enviar perguntas aos painelistas, inscreva-se gratuitamente aqui.
8H30 ÀS 9H30
O CICLO VIRTUOSO: REDUÇÃO DE PRECONCEITO & ESTIGMA E PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL
Sarah Evans Lacko (Pesquisadora da London School of Economics) e Rodrigo Bressan (Psiquiatra, professor e fundador do instituto Ame Sua Mente)
18H00 ÀS 19H00
ESTRESSE E BURNOUT: ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
Pedro Pan (Psiquiatra e pós-doutor pela Unifesp), Marco Kheirallah (sócio-diretor da SIP Capital) e Glaucimar Peticov (Diretora Executiva do Bradesco)
19H00 ÀS 20H00
O PAPEL DO LÍDER COMO PROMOTOR DA SAÚDE MENTAL
Paulo Kakinoff (Presidente da Gol), Ana Paula Bogus (Global Head of Business da Rappi), Elieser Silva (Diretor superintendente de medicina diagnóstica e ambulatorial do Hospital Albert Einstein) e Caito Maia (CEO da Chilli Beans)
Para participar e enviar perguntas aos painelistas, inscreva-se gratuitamente aqui.
9H00 ÀS 10H00
TRIAGEM EMOCIONAL: UMA FERRAMENTA PARA OS PRIMEIROS SINAIS DE ESTRESSE
Claire Finch (Client Director do Kets de Vries Institute), Caroline Rook (Associada do Kets de Vries Institute e professora da Henley Business School, UK) e Thomas Hellwig (Associada do Kets de Vries Institute e professor adjunto do Insead França)
17H00 ÀS 18H00
COMO CONSTRUIR UM BUSINESS CASE PARA INVESTIR EM SAÚDE MENTAL NA SUA ORGANIZAÇÃO
Raquel Conceição (Diretora de saúde corporativa do Hospital Albert Einstein) e Maria Susana de Souza (Vice-presidente de RH da Raiadrogasil)
18H00 ÀS 19H00
IMPACTOS POSITIVOS E DESAFIOS DE ENDEREÇAR SAÚDE MENTAL NAS ORGANIZAÇÕES
Luciana Paganato (Vice-presidente de RH da Unilever), Mariana Holanda (Diretora de Saúde Mental da Ambev) e Moisés Marques (Diretor de RH da Novo Nordisk)
19H00 ÀS 20H00
GERAÇÃO Z: SAÚDE MENTAL E FUTURO DO TRABALHO
Para participar e enviar perguntas aos painelistas, inscreva-se gratuitamente aqui.