Carreira

Não basta oferecer desenvolvimento - é necessário ter um ambiente favorável ao aprendizado

Investir em educação é importante, mas nem toda empresa oferece condições para o funcionário usufruir de tal benefício

Quando não há condições mínimas para que as pessoas consigam absorver o conteúdo ensinado, tanto as empresas quanto seus talentos saem perdendo (nadia_bormotova/Getty Images)

Quando não há condições mínimas para que as pessoas consigam absorver o conteúdo ensinado, tanto as empresas quanto seus talentos saem perdendo (nadia_bormotova/Getty Images)

Sofia Esteves
Sofia Esteves

Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Publicado em 23 de setembro de 2024 às 19h29.

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Por Sofia Esteves, Fundadora da Cia de Talentos, Bettha.com e Instituto Ser+

Anualmente, a Cia de Talentos revela uma lista com dez nomes de empresas nas quais as pessoas adorariam trabalhar. Chegamos a esse ranking a partir do nosso estudo da Carreira dos Sonhos, que inclui uma pergunta aberta: qual o nome da sua empresa ou organização dos sonhos?

Além dessa espécie de “lista de desejos”, nós também investigamos o que torna esses lugares tão especiais e, como você já deve desconfiar, a questão do desenvolvimento está entre eles. Isso se aplica tanto para quem é jovem, quanto para a média gestão e a alta liderança — todo mundo valoriza uma organização que investe em seu desenvolvimento.

Tanto é assim que, há 14 anos consecutivos, esse aspecto é apontado como o principal motivo que torna uma empresa em um lugar dos sonhos. Ou seja, ano após ano esse fator tem chamado a atenção dos talentos, independentemente da idade e do cargo.

Só que, no meio disso tudo, identificamos um detalhe importante: não basta oferecer oportunidades robustas de capacitação profissional, é necessário criar condições adequadas para que o aprendizado aconteça. Tal afirmação pode soar óbvia, porém, a análise dos dados da última edição da pesquisa Carreira dos Sonhos nos leva a crer que muitas empresas não têm conseguido oferecer esse ambiente de aprendizado favorável.

Como expliquei no meu último artigo para a revista Exame, existe uma fadiga generalizada dentro das organizações. Cansaço, desânimo e preocupação são sentimentos cada vez mais comuns e mais intensos no ambiente de trabalho — e convenhamos que é difícil aprender qualquer coisa quando estamos nesse estado.

Prova disso é que, quando analisamos os nossos dados, descobrimos que há uma relação entre o cansaço e uma visão menos positiva da capacitação oferecida dentro da empresa. O que acontece é que pessoas exaustas costumam sentir-se menos satisfeitas com o apoio da organização no seu desenvolvimento.

O resumo da ópera é que, quando não há condições mínimas para que as pessoas consigam absorver o conteúdo ensinado, tanto as empresas quanto seus talentos saem perdendo. O primeiro porque não vê retorno do investimento feito nos programas de desenvolvimento, o segundo porque não tem disposição para aproveitar as oportunidades oferecidas.

A importância do descanso

Parte da solução desse dilema está na conscientização acerca da importância do descanso. Mais do que isso, nós, líderes, precisamos servir de exemplo para nossas equipes, aprendendo a equilibrar os momentos de correria, pressão e inseguranças com aqueles de tranquilidade, pausa e relaxamento. Aqui, na Cia de Talentos, chamamos esse movimento de saber alternar inquietude com quietude.

A ideia não é atribuir mais uma função na lista de tantas outras que a liderança já tem, e sim desenvolver uma habilidade que fará bem para o seu time, os negócios e o seu próprio bem-estar. Se nós enquanto líderes não nos comprometemos a fazer pausas periódicas, nossa própria capacidade de aprendizado será prejudicada.

Sei que, em um mundo cada vez mais acelerado, pode ser muito desafiador parar por um momento e simplesmente “esvaziar a mente”. Mas lembre-se de que quando não há espaço para o descanso, também não há para o desenvolvimento.

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