Agricultura digital: tecnologia e inovação são inseridas no agronegócio brasileiro e mundial (Nastasic/Getty Images)
Coordenadora de Marketing de Conteúdo
Publicado em 23 de fevereiro de 2023 às 17h26.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2023 às 17h35.
Terras, sementes e tratores. Esses são os insumos comuns quando se pensa na produção do agronegócio. Mas engana-se quem acha que basta entender de agricultura e clima para ter sucesso no agro hoje em dia.
O setor tem passado por uma grande revolução digital e tecnológica, e a presença de drones, robôs e inteligência artificial já é uma realidade no dia a dia das fazendas e produções agrícolas brasileiras.
O Brasil, inclusive, já é um dos países mais avançados quando o assunto é a digitalização e a sustentabilidade da agricultura. De acordo com uma pesquisa da consultoria global McKinsey, cerca de 40% dos agricultores brasileiros já são digitalizados.
O levantamento também aponta que os brasileiros estão mais avançados na adoção de práticas sustentáveis de agricultura. Enquanto a penetração do modelo nos Estados Unidos é de 50%, por aqui chega aos 80% no plantio direto.
A liderança do Brasil na revolução agrícola se destaca principalmente porque o setor busca otimizar a produção para ser mais eficiente ao mesmo tempo em que minimiza os impactos ambientais.
Além do aumento de lucros, esta busca também está relacionada à demanda global por alimentos e à capacidade de produção do agronegócio. Em 2022, a população global total era de 7,8 bilhões de pessoas. Enquanto isso, anualmente são produzidos 3,8 bilhões de toneladas de alimentos.
Mas o que preocupa é a projeção para os próximos anos. Dados da instituição global de pesquisa WRI (World Resources Institute), apontam que o mundo precisa aumentar em 60% sua produção de alimentos para suprir 10 bilhões de pessoas até 2050.
Apesar da necessidade de aumentar a produção, o espaço físico disponível para o cultivo agrícola e pecuário é limitado. Nesse cenário, a única solução possível é otimizar a produção. É aqui que entram os projetos e ferramentas de inovação e tecnologia.
Robôs contadores de laranjas, algoritmos que controlam o uso de agrotóxicos, fazenda rosa e agricultura vertical são alguns dos exemplos de novidades que já estão em uso no agronegócio nacional. E há espaço para muito mais.
Não à toa, o chamado Agtech Valley (polo tecnológico focado no agronegócio localizado em Piracicaba, interior de São Paulo) tem reunido cada vez mais startups do agronegócio. A região ficou conhecida como o Vale do Silício da Agricultura Tropical.
Segundo o levantamento Radar Agtech Brasil, produzido pela Embrapa, haviam mais de 1700 Agtechs no país em 2022, um crescimento de 8% em relação ao ano anterior. Nos próximos anos, as oportunidades no agronegócio tendem a aumentar ainda mais com a chegada de tecnologias como 5G, inteligência artificial e robôs autônomos ao campo.
Mas, para que as inovações continuem avançando no agronegócio, são necessários profissionais que entendam do setor e saibam como otimizar a produção com foco em eficiência e sustentabilidade.
É por isso que empresas multinacionais e startups bilionárias estão em busca de um profissional que saiba conectar o campo à tecnologia para fazer essa revolução acontecer.
Esse profissional é chamado de Agro Digital Manager, e é o responsável pela implementação de projetos digitais em propriedades agrícolas.
As principais atribuições do Agro Digital Manager são identificar e mapear os problemas do campo e coordenar times em busca da solução para necessidades de produtores agrícolas e de todos os stakeholders do agronegócio.
A função principal desse profissional é comandar a implementação de projetos de tecnologia em negócios do agro. O essencial é entender quais são as principais dores do produtor rural hoje e fazer essa ponte com as soluções tecnológicas.
As principais habilidades que esse novo profissional do agronegócio precisa dominar são divididas em três pilares:
O Agro Digital Manager é um conhecedor da dinâmica do agronegócio no Brasil e no mundo e sabe como aproveitar as novas tecnologias para entregar melhores resultados.
Ele domina todas as etapas da cadeia produtiva, do fornecimento de insumo até a entrega para o consumidor final. Também consegue identificar os gargalos que estão impedindo o crescimento de um negócio.
Por isso, ele também tem que estar atento às soluções e inovações que surgem no mercado.
O Agro Digital Manager também deve aproveitar as tecnologias para criar estratégias, otimizando processos, evitando desperdícios e buscando soluções inovadoras para aumentar a produtividade.
Hoje existem diversas máquinas automatizadas e controladas à distância, como tratores, pulverizadores e colheitadeiras que ajudam a reduzir custos de mão de obra e aumentar a performance do produtor.
Dominar a coleta de dados oferece ferramentas de extrema importância para o Agro Digital Manager, permitindo que ele encontre as melhores estratégias, tornando o ciclo de produção mais simples, sustentável e produtivo. Consequentemente, gerando mais lucro em todas as etapas da cadeia.
Por fim, o Agro Digital Manager deve ter em mente que até mesmo uma pequena propriedade rural deve funcionar como uma empresa.
Ele é o gestor responsável por estabelecer metas, realizar todo planejamento e administrar os recursos disponíveis. Através de ferramentas e estratégias, ele deve colocar em ação os planos definidos com a ajuda de todos os dados coletados.
Seja qual for a forma de atuação, até mesmo em uma pequena propriedade rural, o Agro Digital Manager é um profissional que precisa ter habilidades de gestão.
Com o crescimento acelerado das startups e também das empresas tradicionais do setor, a demanda por profissionais qualificados para trabalhar no agronegócio digital está cada vez maior. Consequentemente, há muitas vagas para atuar como Agro Digital Manager.
Uma pesquisa realizada pela Agência Alemã de Cooperação Internacional em parceria com o Senai e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostrou que nos próximos dois anos, carreiras ligadas ao agronegócio devem gerar mais de 178 mil vagas de emprego.
Mas o levantamento também apontou que a previsão é de que só haja cerca de 32 mil profissionais qualificados para essas vagas. Ou seja, são 5 vagas em aberto para cada profissional qualificado hoje.
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