Loja da Dengo (Fonte: Google | Reprodução)
Content Writer
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 16h05.
Na Dengo, a régua é outra. Em vez de diplomas, a empresa busca brilho nos olhos. No lugar da fluência em inglês, vale mais a capacidade de criar experiências memoráveis para os clientes. “Se tiver essas habilidades e um largo sorriso no rosto, já é candidata”, afirma Ana Clara Silva Pinto, diretora de Pessoas e Cultura da companhia.
Sob sua liderança, a empresa está redefinindo o que significa “ter talento” no varejo. A missão é ir além do currículo tradicional e olhar com mais atenção e cuidado para as vivências de cada colaborador. Para Ana, a prioridade está nos repertórios individuais.
Essa filosofia está diretamente ligada à origem da marca. Fundada no sul da Bahia, a Dengo nasceu para gerar impacto social positivo por meio do chocolate. Para isso, investe em uma cadeia produtiva que valoriza pequenos produtores e práticas sustentáveis. É desse encontro entre pessoas e propósito que a Dengo é feita.
“Reconhecemos que algumas escolhas não são universais”, afirma Ana Clara, que conhece bem os filtros tradicionais de seleção do mercado e, justamente por isso, tem trabalhado para questioná-los.
“Por isso, buscamos criar um ambiente inclusivo, que reflita a diversidade do Brasil e ofereça oportunidades reais de acesso e crescimento”, diz.
Hoje, o quadro de colaboradores da Dengo é formado por 57% de mulheres e 51% de pessoas negras. Na liderança – historicamente branca e masculina no Brasil –, os números também apontam para avanços concretos: metade dos cargos são ocupados por mulheres e 33% por pessoas negras.
Para que esse compromisso saia do discurso e entre nas práticas, a Dengo tem revisto profundamente seus processos de recrutamento, desenvolvimento e performance. O ponto de partida, segundo Ana, é reconhecer que o currículo tradicional não dá mais conta de mapear o verdadeiro potencial de uma pessoa.
“É fundamental que os selecionadores adotem uma visão mais aberta e inclusiva, focando na valorização das competências e nas potencialidades de cada um”, reforça.
Na prática, isso significa treinamentos para entrevistas por competência, avaliação de habilidades práticas e identificação de pontos fortes – mesmo quando eles fogem do roteiro comum de formação e carreira.
Foi assim que a empresa descobriu talentos improváveis, como a colaboradora que, após uma trajetória como cantora de rua e atriz de teatro, encontrou seu lugar na área de comunicação e eventos. “Temos diversos exemplos como o dela”, garante Ana.
Para Ana Clara, um dos principais perigos dos critérios tradicionais de avaliação – como exigir graduação, pós-graduação ou intercâmbios – é limitar a diversidade do quadro de talentos.
“Podemos cair na armadilha de selecionar e promover pessoas com base no quão renomada é a instituição de ensino. Isso faz com que repitamos as mesmas escolhas, com os mesmos recortes de classe e oportunidades”, alerta.
Para a executiva, valorizar apenas o que é formalmente reconhecido em ambientes privilegiados pode levar a perder grandes talentos que nunca tiveram acesso aos mesmos recursos. A resposta, para ela, está em criar mecanismos de avaliação mais justos, que mostram as habilidades reais e o potencial de aprendizado contínuo.
Consciente do poder que ocupa, Ana Clara usa sua posição para democratizar oportunidades. É intencional em cada processo – da seleção ao desenvolvimento, passando pela sucessão e avaliação de performance. Mas vai além: promove programas de trabalho em tempo parcial para estudantes e mães, conecta talentos minorizados a redes de RH e indica pessoas de perfis diversos para outras empresas.
“Essas ações representam meu compromisso de usar o espaço de liderança para promover inclusão e transformação”, explica.
Quando olha para frente, Ana Clara deseja contribuir com a construção de uma área de Pessoas mais humana, inclusiva e transformadora. Para ela, é preciso criar ambientes em que cada pessoa possa ser sua melhor versão – e, a partir disso, impulsionar negócios mais sustentáveis e socialmente comprometidos.
“Desejo que as pessoas enxerguem o poder das empresas na sociedade”, afirma. “Se promoverem mudanças significativas de dentro para fora, podemos transformar realidades, abrir novos caminhos e contribuir para um futuro em que todos tenham oportunidade de prosperar e fazer a diferença.”