Walmart: a empresa também lançou um "Programa de Desenvolvimento de Frota Privada" (Getty Images/Getty Images)
Enquanto boa parte da indústria do varejo investe pesado em automação e soluções cada vez mais digitalizadas, o Walmart parece correr na contramão dessas decisões.
A varejista anunciou que vai aumentar a faixa salarial base para que seus motoristas possam ganhar até 110 mil dólares em seu primeiro ano com o grupo.
Em nota, a varejista ainda disse que pretende reforçar suas capacidades logísticas com novos investimentos nos próximos anos e manter cada vez mais perto essa importante classe de trabalhadores.
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Anteriormente, o salário inicial médio dos motoristas de caminhão do Walmart era de 87 mil dólares anuais. Em uma postagem no blog da companhia, Fernando Cortes, vice-presidente de transporte, e Karisa Sprague, vice-presidente de pessoas da cadeia de suprimentos, confirmaram o aumento salarial para a categoria.
Eles ainda informaram que esse é o primeiro de uma série de investimentos para melhorar a condição desses trabalhadores e expandir a capacidade logística da empresa como um todo.
Os executivos ainda escreveram que "os motoristas que estão no Walmart há mais tempo podem ganhar ainda mais, com base em fatores como tempo de serviço e localização".
De acordo com dados do Escritório de Estatísticas Trabalhistas dos EUA, a nova faixa salarial inicial do Walmart para caminhoneiros é quase o dobro do salário médio de um motorista de caminhão de US$ 50.340 por ano.
O aumento salarial para os caminhoneiros é apenas o mais recente esforço da gigante do varejo com sede no Arkansas para criar mais mecanismos para permitir a promoção interna da enorme força de trabalho do Walmart.
Atualmente, o Walmart emprega 12 mil motoristas e uma força de trabalho total de 1,6 milhão somente nos Estados Unidos. O aumento no pagamento, entretanto, é só uma das frentes da estratégia da varejista.
Além de aumentar a faixa salarial dos caminhoneiros, o Walmart também lançou um "Programa de Desenvolvimento de Frota Privada" para estabelecer uma conexão direta entre novos empregos da cadeia de suprimentos e os já empregados caminhoneiros da empresa.
O programa de desenvolvimento de 12 semanas apresenta aulas de caminhoneiros já estabelecidos na empresa para recém ingressados na categoria ou para novatos na companhia. As aulas inaugurais acontecem em Dallas, Texas e Dover, Delaware este ano, com os participantes ganhando carteiras de motorista comerciais e sendo contratados pela frota privada do Walmart.
Com as recentes políticas, fica claro que a rede é uma das principais varejistas que trabalham para atrair mais caminhoneiros e manter a profissão ativa, pelo menos para um futuro próximo. No ano passado, a empresa ofereceu aos caminhoneiros um bônus de inscrição de 8 mil dólares.
No início deste ano, a Associação Americana de Caminhoneiros (American Trucking Association, em inglês) informou que há uma escassez de mais de 80 mil motoristas de caminhão no país.
Ainda segundo a associação, esses trabalhadores movimentam cerca de 72% de todas as mercadorias nos EUA e a capacidade de transporte tem sido repetidamente citada como um fator que contribui para a crise da cadeia de suprimentos – que gerou escassez e aumentos de preços.
Considerando os desafios tecnológicos e de mobilidade que precisam de soluções para que o emprego de caminhoneiro não seja extinto nos próximos anos, a Casa Branca também tomou medidas para ajudar a trazer mais caminhoneiros para o setor.
Recentemente, o presidente Joe Biden disse que o Plano de Ação de Caminhões de seu governo ajudou a elevar os níveis de emprego no setor além dos níveis pré-pandemia.
A aposta na classe dos caminhoneiros e a melhora nas condições de trabalho e pagamento para esses trabalhadores é uma estratégia que vai de encontro ao que a maior varejista do mundo tem feito recentemente.
Diferentemente do Walmart, a Amazon tem investido pesado em automação, inteligência artificial e caminhões autônomos - em um movimento que coloca em xeque o próprio futuro da profissão e preocupa a classe como um todo.
Essa estratégia de modernização na cadeia de operação da Amazon pode explicar, em partes, o recente acordo de US$ 150 milhões entre a gigante do e-commerce com a plataforma de caminhões autônoma PlusDrive.
A aposta na PlusDrive, porém, é apenas mais um dos investimentos da companhia nesse mercado de automação, que envolve desde compra e aporte em empresas de tecnologia de software e sistemas de IA, até a participação da varejista em companhias de veículos elétricos e robótica autônoma.
Aurora Inovation, Rivian, Zoox e Lion Eletric podem parecer nomes desconhecidos ao público geral, mas são só algumas empresas desse mercado que a Amazon aportou, no total, algumas centenas de milhões de dólares. Com um só foco: despontar como a grande player que automatizou de vez a logística do e-commerce.
E nessa batalha de estratégias para o domínio do varejo americano, quem deve colher os frutos antes? Amazon ou Walmart? Provavelmente só o tempo dirá.
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