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Muita gente escorrega na concordância destas 3 palavras

Costuma dizer frases como "aceita parabéns atrasado?" ou "preciso de um óculos novo"? Esta dica do professor de português Diogo Arrais é para você

 (LuckyBusiness/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2017 às 12h45.

Última atualização em 3 de março de 2017 às 15h05.

São muito comuns as discordâncias com três palavras: "férias", "parabéns", "óculos". Vejamos alguns casos:

"Que férias maravilhosa!"

"Preciso comprar um óculos novo."

"Aceita parabéns atrasado?"

De acordo com a norma gramatical da língua portuguesa, os adjetivos acima deveriam estar no plural, concordando com o substantivo. Em outras palavras: "férias maravilhosas", "parabéns atrasados", "comprar óculos novos".

Do latim "ferias", o feminino plural "férias" corresponde aos dias em que se suspendem os trabalhos oficiais (datas patrióticas e dias santificados). São dias consecutivos de descanso.

Óculos provém de óculo, que remete a qualquer instrumento (binóculo, luneta, microscópio, telescópio etc.) provido de lentes para auxiliar e ampliar a visão. Ferem o padrão as expressões "este óculos", "o óculos", "um óculos", "meu óculos".

O plural "parabéns" provém de "parabém". Machado de Assis, em Dom Casmurro, faz elegante uso: "esse estado da alma que vê na inclinação do arbusto, tocando do vento, um parabém da flora universal, traz sensações mais íntimas e finas que qualquer outro.". Hoje em dia, não se vê mais essa forma no singular.

Ao entoarmos o canto dos parabéns, usamos a expressão "ra-tim-bum". Vasculhando o estudo de Deonísio da Silva, encontrei a história. Segundo o professor Eduardo César Silveira Vita Marchi, um rajá indiano visitava a Faculdade de Direito da USP e seu nome soava aos ouvidos dos estudantes como "Ra-tim-bum". Naquela época os botecos não tinham como armazenar cervejas geladas em grande quantidade, como hoje. Os frequentadores tinham que aguardar por cervejas, que demoravam a ser resfriadas em barras de gelo. Quando enfim o garçom vinha à mesa trazendo as garrafas, os estudantes, que tinham anunciado antes "É meia hora" ou "Em meia hora", mudavam para "A hora é agora", celebrando:  "É hora, é hora, é hora", bordão ao qual passaram a acrescentar o nome do rajá.

É, caro leitor! A tudo na Língua, há uma história; deixo-lhes aqui os meus parabéns a quem investe em conhecimento gramatical, pois clareza textual nunca é demais.

Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – CPJUR
Autor Gramatical pela Editora Saraiva

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