Mural no novo escritório do Grupo Movile: o espaço vai ser uma vitrine para a cultura (Luísa Granato/Exame)
Luísa Granato
Publicado em 12 de maio de 2022 às 09h30.
Última atualização em 12 de maio de 2022 às 14h29.
O grupo Movile, investidora de empresas como iFood, Sympla, PlayKids, Afterverse e MovilePay, inaugura nesta quinta-feira, 12, o seu novo escritório na zona sul da cidade de São Paulo.
A existência do novo espaço com 1.478 m² (includindo o terraço) pode passar a mensagem errada, mas não se engane. A diretora de pessoas da Movile, Isadora Gabriel, garante que a cultura da empresa continua sendo “remote first” (na tradução do inglês, remoto primeiro).
“Mesmo tento o novo escritório, a gente não tem nenhuma expectativa que volte a funcionar com presença cinco dias por semana”, diz.
Em pesquisa interna, a empresa descobriu que 85% dos respondentes preferiam o modelo híbrido e 20% queriam o modelo remoto. Assim, em outubro do ano passado, a Movile adotou a forma de trabalho que privilegia o remoto.
Nos últimos anos, o grupo realizou contratações fora do estado e não considera pedir para que os funcionários se mudem. Para a inauguração, todos receberam de presente uma mala de viagem e vão estar presentes para esse dia um.
Porém, não existe espaço para todo mundo trabalhar de lá ao mesmo tempo. E a configuração do local deixa isso claro. Segundo a diretora, o escritório será um hub para criar momentos intencionais de trabalho.
“O que eu imagino que vai acontecer: as pessoas vão estar aqui para estar com seus times, estar em conversas com várias equipes e em papos para criar coisas novas. O que percebemos é que as pessoas sentiram mais falta de se conectarem mesmo”, diz.
Apesar de ter cerca de 80 funcionários do grupo, o ecossistema de empresas investidas da Movile é muito maior. E a ideia é que o espaço também seja compartilhado com as empresas, investidores e parceiros.
Assim, a flexibilidade ditou as regras para o design do espaço que funcione para os diversos negócios e as necessidades distintas de encontros. A maior parte das mesas não é fixa, telas e quadros também ganharam mobilidade e existem mais poltronas confortáveis do que estações de trabalho.
“E o espaço foi pensando para tangibilizar a cultura. Quando você pensa no espaço físico, ele tem esse papel importante. E pensamos numa jornada que mostre nossos valores. A entrada é nosso valor número um: pessoas apaixonadas. É onde tudo começa”, afirma a diretora.
Na entrada, de fato, há uma recepção com a mensagem da cultura em destaque, fotos dos funcionários e um mural com a história do grupo. Seguindo por um corredor, um mural colorido feito com grafite ressalta o pilar de diversidade.
Entre as mudanças para o futuro dos escritórios, ter uma casa fora de casa e a criação de hubs de trabalho são duas fortes tendências. No Brasil, a Heineken já se movimentou para pulverizar seu trabalho em hubs em Guarulhos, Embu das Artes e São Paulo.
Diferente dos espaços de coworking, cujo acesso já é um benefício da Movile, o novo escritório ganha intenções além do banal trabalho diário. Ele representa as marcas, a cultura e, ainda, acolhimento.
Com salas de diferentes tipos e tamanhos, as grandes telas para a participação remota dos funcionários chamam a atenção em todos os ambientes. Adicionar tecnologia para tornar o híbrido uma presença constante no local foi a saída para reforçar o novo modelo de trabalho.
“Um monte de coisa pode dar errado na reunião híbrida. Eu estou online e não sinto que estou pertencendo? As pessoas na sala estão conversando entre si e eu não estou entendendo? Com o 'remote first', a prioridade deve estar com o online, então escuta o online primeiro. Se a reunião não estiver fluindo, acabou o presencial e vamos para o online”, afirma.
Toda a empresa terá um preparo para se adequar ao modelo, mas a diretora estará focada na liderança. Mesmo com o escritório, os líderes deverão dar o exemplo de conduta e evitar realizar todo o trabalho presencialmente.
Isso para não passar a ideia errada de que há uma valorização maior de quem aparece no escritório ou de que há qualquer obrigatoriedade de estar ali.
Outra adequação para o novo momento foi nos benefícios. A parceria com a BeerOrCoffee para dar acesso a espaços de coworking em 160 locais no Brasil. A criação do auxílio home office inversamente proporcional ao cargo. E o antigo vale transporte virou um auxílio que pode ser usado como o funcionário quiser, com gasolina, estacionamento, transporte público ou por aplicativo.
Apesar dos diversos aparatos de tecnologia, a maior parte do ambiente favorece que as pessoas deixem as telas de lado. Uma das áreas centrais do escritório parece um grande café, com direito a uma área de convivência aberta.
O escritório ainda conta com estúdio de gravação, auditório e salas adaptáveis para diferentes formatos de reuniões ou treinamentos.
Em uma ponta mais reservada, existe a biblioteca. Além de ter uma estante com livros, ali o silêncio deve imperar e chamadas, conversas e reuniões serão banidas. Pelo escritório, cada canto foi aproveitado para criar outros ambientes reservados, com salas individuais e cabines móveis.
“A gente tem esse jeito mais informal de trabalhar. Estar no escritório tem que ter essa cara de ‘estamos juntos’ e ter o momento de integração, que é o que está faltando”, diz.