Carreira

Momento é o melhor da história para engenheiros

Para Charles Alexander, da Cleveland State University, engenheiros vivem o "momento mais excitante da história" para a profissão; entenda por quê


	Engenheiros: "A empregabilidade desses profissionais deve explodir", diz professor da Cleveland State University
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Engenheiros: "A empregabilidade desses profissionais deve explodir", diz professor da Cleveland State University (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 09h36.

São Paulo - No Brasil, engenheiros são bastante demandados. Um relatório do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que o país precisará de 600 mil a 1,15 milhão deles para atender à expectativa das indústrias até 2020.

O cenário não se limita ao mercado brasileiro. O engenheiro é o 2º profissional mais escasso do mundo, de acordo com uma recente pesquisa do Manpower Group.

Mas como a intensa busca por profissionais qualificados na área pode se traduzir em oportunidades? Quais são as competências mais exigidas? O que se pode esperar do futuro da profissão? 

Para abordar o assunto, EXAME.com conversou com os engenheiros Charles Alexander e James Watson, autores do recém-lançado livro "Habilidades para uma carreira de sucesso na engenharia" (Editora McGraw-Hill). 

Alexander é professor de engenharia elétrica e engenharia da computação na Cleveland State University. Já Watson preside a consultoria de carreira Watson Associates.

Na opinião de Alexander, os engenheiros vivem "o momento mais excitante da história" para a profissão. Veja a seguir os principais trechos da entrevista e entenda por que ele diz isso:

EXAME.com: Por que os engenheiros ainda são escassos pelo mundo?

James Watson: Parte dessa situação se explica pelo fato de que engenheiros têm assumido outras posições no mercado que nada têm a ver com sua área original. Isso ocorre porque eles têm competências únicas para liderar e aplicar técnicas de resolução de problemas de qualquer área, mesmo fora da engenharia. É uma tendência que só parece crescer.

Charles Alexander: Eu diria também que sempre houve dificuldade para atrair estudantes para a carreira da engenharia. Ainda é preciso mostrar a eles que a profissão vale a pena, que essa é uma carreira empolgante.

EXAME.com: Quais são as consequências dessa escassez para a área?

James Watson: Uma das principais consequências é que há muito mais espaço para seguir carreiras globais. As perspectivas nesse sentido são talvez as melhores da história. Hoje qualquer país busca engenheiros. Por isso, muitos estudantes têm apostado em cursos no exterior, mirando empresas estrangeiras ou em multinacionais. 

EXAME.com: Segundo dados do Ipea, 59% dos engenheiros brasileiros trabalham em funções atípicas, ocupando cargos ligados a gestão e negócios, por exemplo. O que explica essa diversificação de papéis?

James Watson: Engenheiros conseguem transpor princípios técnicos para contextos não-técnicos. Essa competência é um recurso muito importante para as empresas. Isso é basicamente o que explica a expansão do papel dos engenheiros para além da sua própria área. Eles tendem a ser bons líderes e identificar soluções estruturais para praticamente qualquer processo, o que é essencial para o sucesso de um negócio.

EXAME.com: O que as empresas esperam de um engenheiro hoje?

James Watson:
Que sejam competentes para aplicar tecnologia, mas também que saibam trabalhar em equipe. Nenhuma empresa mais gosta de gastar tempo e dinheiro ensinando um engenheiro a trabalhar com outras pessoas. Por esse motivo, elas têm pedido às universidades que incluam comunicação e outros assuntos não-técnicos no currículo do curso. 

Charles Alexander: As habilidades de relacionamento ganharam muita importância. No passado, muitas empresas faziam treinamentos sobre esse assunto. Hoje, o engenheiro já deve vir com essa habilidade incorporada, aprender por sua própria conta. 

EXAME.com: Virou lugar-comum dizer que, por conta de sua formação técnica, engenheiros têm dificuldade com as "soft skills", como empatia e relacionamento interpessoal...

Charles Alexander:  Isso é um mito. Muitos engenheiros também têm competências ligadas à comunicação e às pessoas. O problema é que a maioria das escolas de engenharia não se preocupa em mostrar aos estudantes a importância de aprender e aprimorar as “soft skills”. Por isso eles acabam não compreendendo a necessidade dessas competências para a carreira. 

EXAME.com: O que um engenheiro pode esperar do futuro da profissão?

Charles Alexander: Este é o momento mais excitante na história para ser engenheiro. Vamos ver mais engenharia sendo feita nos próximos 10 anos do que em toda a história. A empregabilidade desses profissionais deve explodir para atender as necessidades humanas em áreas diversas, como indústria, serviços, saúde, infraestrutura, meio ambiente, energia, e muitas outras.

James Watson: A tecnologia continua crescendo velozmente e impactando muito nossas vidas. O papel dos engenheiros deve crescer cada vez mais, sobretudo por causa da habilidade que eles têm de aplicar tecnologia na resolução de qualquer problema. O detalhe é que eles precisarão aliar isso a competências de relacionamento. É aí que entram as empresas e universidades com o papel de prepará-los bem tanto sob a perspectiva técnica quanto sob a não-técnica. 

Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosDicas de carreiraEngenhariaEngenheirosEntrevistas

Mais de Carreira

É o fim da hora extra? Inteligência artificial pode acabar com o maior pesadelo dos executivos

Elon Musk: 'A guerra por talentos mais louca já vista', diz magnata sobre profissionais de IA

Apenas metade da geração Z diz ter um mentor no trabalho — e isso pode custar caro

Maioria dos funcionários não deseja total autonomia no trabalho, diz CEO do Airbnb