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Metade do ano já passou! Como combater a procrastinação na sua equipe e atingir as metas para 2023

Nem preguiça, nem má gestão do tempo. O que está por trás da procrastinação é um sentimento momentâneo de prazer. Como lidar com esta sensação sem perder de vista a importância de seguir prazos e prioridades?

A perda de tempo característica da procrastinação: É comum associarmos essa atitude com "corpo mole", falta de vontade, desinteresse... Mas, como psicóloga, preciso deixar claro que nem sempre é este o caso. (artpartner-images/Getty Images)

A perda de tempo característica da procrastinação: É comum associarmos essa atitude com "corpo mole", falta de vontade, desinteresse... Mas, como psicóloga, preciso deixar claro que nem sempre é este o caso. (artpartner-images/Getty Images)

Sofia Esteves
Sofia Esteves

Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Publicado em 2 de julho de 2023 às 08h03.

Nem preguiça, nem má gestão do tempo. O que está por trás da procrastinação é um sentimento momentâneo de prazer.

Começo o artigo justamente por esse ponto porque, para ajudar o seu time a resistir àquela vontade de deixar determinada tarefa para outra hora, é preciso, primeiro, entender o que motiva alguém a dar ouvidos àquela voz sedutora que diz "depois você faz".

Quais são os mitos em torno da procrastinação

É comum associarmos essa atitude com "corpo mole", falta de vontade, desinteresse... Mas, como psicóloga, preciso deixar claro que nem sempre é este o caso.

Isso porque quem procrastina não necessariamente está imóvel.

Pelo contrário: é muito comum que a pessoa substitua a atividade que ela deveria estar realizando por outra e tenha uma boa produtividade nas demais tarefas.

Por exemplo, em vez de começar a fazer um relatório, a pessoa vai responder os e-mails, finalizar uma apresentação, ler um paper, enfim, passar outras coisas na frente. Se ela está em home office, pode ser que lave a louça, aspire a casa...

Ou seja, não falta energia ou vontade para cumprir com todas as obrigações. Ela não está sofrendo de uma “preguiça aguda”, com vontade de ficar no sofá o dia todo vendo Netflix.

O ato de postergar diz respeito a algo específico, não se trata de uma falta de vontade generalizada.

É também por esse motivo que não dá para afirmar que toda pessoa procrastinadora tem um problema com a gestão do tempo.

Não é que ela se perde em meio a várias atividades e não consegue encontrar um espaço na agenda para cumprir os prazos.

A questão, aqui, tem mais a ver com adiar algo que, por algum motivo, gera um desconforto.

Por isso, em vez de sair inscrevendo todo o seu time em um curso de gestão do tempo ou apostar na microgestão para monitorar de perto cada passo — algo que, na verdade, nunca deveria acontecer em uma gestão saudável —, o que a liderança deve fazer diante da procrastinação é tentar entender a sua origem.

O que está por trás do adiamento eterno

Para além de quadros clínicos, como o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), procrastinar está relacionado à busca por recompensa imediata. Explico.

Pense naquele exemplo do relatório. O que pode levar uma pessoa a adiar a produção desse trabalho e preferir limpar a caixa de e-mails é a sensação de dever cumprido que a segunda tarefa traz mais rapidamente do que a primeira.

Para ela, pode ser mais rápido, mais fácil e mais simples..

  • responder algumas mensagens
  • terminar uma apresentação
  • ler uma newsletter
  • enfim, fazer qualquer outra coisa do que começar a pesquisar e a organizar os dados do relatório.

Não à toa, as redes sociais e os streamings são grandes aliados de quem procrastina.

Aquele “clássico” de quem promete que irá cumprir determinada tarefa depois de só mais 15 minutinhos no Instagram ou mais um episódio da série tal.

Mas não pense que essa sensação boa imediata tem origem apenas externa — ela pode vir da própria procrastinação.

Isso porque, muitas vezes, o que está sendo adiado não é a tarefa em si, mas a sensação ruim que ela causa.

Como resolver o problema?

O que diferentes estudos já demonstraram é que procrastinar pode estar associado a ansiedade e a insegurança; então, ao deixar a entrega do relatório para depois, o que a pessoa está fazendo, no fundo, é evitar tais sentimentos.

Pode ser que a experiência passada daquela pessoa com esse tipo de atividade foi tão ruim que ela criou algum tipo de bloqueio.

Ela tem medo que não vai dar conta da tarefa, que receberá um feedback negativo, que o resultado vai ficar aquém do esperado e por aí vai.

E, assim, em vez de passar por esse desconforto, ela vai deixando o relatório para depois — um depois que nunca chega.

Há também a questão do perfeccionismo. Estou falando de profissionais que são tão exigentes consigo que simplesmente não conseguem começar a tirar um projeto do papel.

A pressão que colocam no processo, a idealização que fazem da entrega, o apego que tem a cada detalhe: tudo isso é tão potente que a reação é de paralisia.

Qual é o primeiro passo?

A perfeição é almejada, mas, ao mesmo tempo, assusta.

Considerar todos esses fatores é fundamental para, de fato, conseguir superar a procrastinação dentro de uma empresa e obter melhores resultados. Muitas vezes, as soluções pensadas pela liderança não são eficientes porque o problema real não foi identificado.

Então, em vez de adotar um plano de ação padrão, meu convite é para que você invista mais tempo conversando com as pessoas do seu time e entenda o que faz com que elas deixem para depois o que poderia ser feito hoje.

Depois desse passo, existem outros que você pode dar rumo à construção de uma produtividade saudável — mas essas dicas ficam para o próximo artigo.

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