Café: pesquisa aponta o surgimento do “terceiro espaço” de trabalho (Luis Alvarez/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 12 de abril de 2021 às 11h47.
Para os profissionais, o trabalho pós-pandemia não deve ser em casa e nem no escritório -- e muito menos dentro de um avião. Para a maioria dos entrevistados pela Accenture no mundo todo, o local ideal de trabalho seria em algum café ou até em espaços de co-working.
A pesquisa global da Accenture, consultoria de gestão e tecnologia, mostra os novos padrões de comportamentos dos consumidores após um ano de pandemia. E 95% dos entrevistados acreditam que fizeram pelo menos uma mudança em seu estilo de vida que será permanente.
O levantamento COVID-19 Consumer Research teve mais de 9.650 pessoas de 19 países consultadas entre fevereiro e março de 2021. O objetivo é entender o efeito que a covid-19 teve nos hábitos de consumo e comportamentos pelo mundo.
De acordo com Oliver Wright, diretor sênior e líder do grupo para o setor de bens de consumo global da Accenture, a pandemia teve efeitos em cascata na sociedade que serão sentidos por algum tempo. Para acompanhar as novas prioridades do público, ele acredita que as empresas precisam ser mais ágeis e resilientes diante das mudanças.
"Grandes catástrofes sempre trazem oportunidades e a pandemia desencadeou uma onda de inovação”, conta ele.
Como exemplo, o diretor cita a empresa britânica Brewdog, que convertei parte de sua estrutura para a produção de álcool em gel, criou bares virtuais e por entrega e ainda adaptou suas instalações para formar espaços de co-working, o Desk Dog.
A nova modalidade para atrair trabalhadores remotos acerta na tendência que aparece no levantamento: o surgimento do “terceiro espaço”.
Na pesquisa, 79% dos entrevistados destacaram a necessidade de trabalhar de algum lugar que não seja nem a casa e nem o escritório. E mais da metade está disposta a pagar até 100 dólares por mês para passar o expediente em algum café, bar, hotel ou outro local com espaço dedicado.
Após um ano de home office, os profissionais e empresas já conseguiram entender que é necessário um equilíbrio entre o modelo remoto e o presencial. Diversas companhias, da gigante Petrobras até startups como a Qintess, já anunciaram que vão seguir com a flexibilidade de optar pelo revezamento entre os dias no escritório e em qualquer outro lugar.
E ficar em casa pode ser bom (principalmente para fugir do trânsito), mas após o isolamento prolongado, é possível que a vontade de trabalhar de um terceiro local seja uma nova fonte de receita nos setores de hospitalidade e varejo.
Por outro lado, a pesquisa da Accenture também mostra um hábito corporativo que pode ficar no passado: as viagens de negócio. Entre os entrevistados, 46% não têm planos de viajar a negócios após a pandemia ou pretendem diminuir os antigos custos com viagens pela metade.
Para Emily Weiss, diretora geral e líder do grupo para o setor de viagens global da Accenture, a pandemia trouxe um “pragmatismo criativo” para as empresas de viagens e hospitalidade, pois elas precisaram encontrar novas fontes de renda durante a crise.
“Embora tenha havido experiências com inovação em áreas bem específicas, as empresas precisam dimensionar esses novos serviços e levar em conta o novo foco dos viajantes em saúde e segurança, por exemplo, usando a nuvem para a implantação de interações totalmente livres de contato", comenta ela.