Acervo pessoal/Eliézer Silva
Redatora
Publicado em 15 de setembro de 2025 às 14h46.
Responsável pela gestão das atividades de assistência das unidades privadas e públicas, Eliézer Silva é diretor executivo do sistema de saúde do Einstein Hospital Israelita, eleito o melhor da América Latina pelo ranking da Newsweek.
A trajetória do médico combina sólida formação acadêmica, experiência internacional e uma guinada para a gestão que hoje o coloca como referência em liderança hospitalar.
Além do Einstein, Silva atua como conselheiro em empresas como RD Saúde, MedSênior e Genesis Genomics, conciliando a prática médica com decisões de negócios em um setor em constante transformação.
“Eu fiz Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina, com duas residências médicas, a segunda em terapia intensiva para trabalhar em UTI. Foi isso que me trouxe ao Einstein há quase 30 anos”, conta Eliézer.
Sua carreira acadêmica inclui doutorado na Universidade de Bruxelas, pós-doutorado na Universidade do Colorado e livre-docência na Universidade de São Paulo.
O conhecimento técnico abriu portas para novas oportunidades. “Mesmo com uma carreira acadêmica, fui convidado pelo Einstein a fazer um MBA. E de uma hora para outra, mudei de área, o que causou surpresa, porque eu era conhecido dentro e fora do Brasil por publicações científicas”, lembra.
Em 2009, Eliézer Silva assumiu seu primeiro cargo administrativo. “Fui assumindo posições e aperfeiçoando a visão de negócios, inclusive com um curso na Harvard Business School. Foi uma mudança grande, que abriu um horizonte global sobre o que é gerir uma instituição do tamanho do Einstein.”
Hoje, o médico atua para equilibrar o setor privado da instituição, responsável por gerar recursos, com a atuação filantrópica e parcerias no setor público, sem retorno financeiro direto.
Para fortalecer sua base em finanças e gestão estratégica, Silva buscou o FECC – Finanças Estratégicas para C-Level e Conselheiros, formação executiva de alta performance da EXAME Saint Paul.
“Nenhum médico gosta de tomar decisões sem um conhecimento grande sobre o tema. Quando eu me vi frente a desafios cada vez maiores, e olhando o impacto das minhas decisões, assim como eu fazia dentro de uma UTI, eu resolvi me aprofundar na questão financeira”, afirma.
O programa prepara executivos e conselheiros para decisões complexas, explorando governança, compliance, auditoria e finanças com metodologia prática. “Os professores são extremamente bem treinados. Existe uma linha que conecta o conteúdo, o uso de recursos e a interação com os alunos, reforçando o aprendizado”, diz Silva.
Para Eliézer, o curso foi essencial para suprir lacunas. “O FECC me chamou muito a atenção. Todo líder tem que entender muito de alocação de recursos. E o curso dá uma profundidade correta, mesmo para um médico que não tem o traço financeiro no seu DNA, para uma gestão adequada dos recursos na área de saúde”.
No Einstein, segundo Eliézer Silva, a aposta em inovação é uma marca registrada. A telemedicina, por exemplo, começou em 2011, muito antes de ser regulamentada no Brasil. “Em 2019, estávamos sendo questionados por desenvolver esse serviço. Com a pandemia, migramos para dois milhões de usuários em duas semanas”, recorda.
A instituição também investe em biotecnologia, terapias gênicas e pesquisas de alto custo, com foco em impacto na saúde. “São investimentos de retorno incerto, mas fundamentais. Isso exige governança sábia e capacidade de gerar caixa para apostar no futuro.”
Para Silva, o sistema de saúde brasileiro precisa de alinhamento entre agentes e visão estratégica. “Saúde não é tão simples quanto outras indústrias. É compreensível buscar rentabilidade, mas as decisões envolvem seres humanos”