Carreira

Mais promoções, menos cotas para as mulheres

A presidente da Comissão de Inovação 2030, criada pelo presidente francês François Hollande, falou com a VOCÊ S/A sobre como incentivar a ascensão profissional feminina

Anne Lauvergeon, líder da comissão de inovação de François Hollande: contra cotas ( Karim Sahib / AFP)

Anne Lauvergeon, líder da comissão de inovação de François Hollande: contra cotas ( Karim Sahib / AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2013 às 10h34.

São Paulo - A executiva francesa Anne Lauvergeon, de 54 anos, costuma figurar em revistas estrangeiras entre as mulheres mais influentes do mundo. Durante dez anos, até 2011, Anne comandou a Areva, maior companhia global de energia nuclear.

Hoje, é presidente da Comissão de Inovação 2030, criada pelo presidente francês, François Hollande, para identificar e incentivar negócios nos setores em que a França pode ser líder. De passagem por São Paulo, em junho, Anne falou a VOCÊ S/A.

VOCÊ S/A - A senhora é a favor de cotas?

Anne Lauvergeon - Sou contra. Nem as mulheres promovidas por cotas se sentem valorizadas. Fica sempre a dúvida se foram promovidas pela competência.

Quais as dificuldades para a ascensão delas?

Anne - A discriminação e a postura feminina. Quando você promove um homem, ele discute o novo posto, o salário e o tamanho da nova sala. Quando você promove uma mulher, ela sorri e diz: "Muito obrigada".

À frente da Areva, o que fez para melhorar a igualdade de gêneros?

Anne - Quando cheguei à Areva, estabeleci de cara que, ao fim de um ano, deveríamos ter ao menos uma mulher num posto de gestão por departamento. Houve resistência, é claro. Às vezes, o chefe de uma área me respondia que não havia profissional preparada. Então, eu devolvia: e por que não há nenhuma mulher capacitada?

Como atingiram essa meta?

Anne - Investimos muito em treinamento e desenvolvimento, contratamos e promovemos mais mulheres. Ao deparar com homens e mulheres com currículo e competência semelhantes, optamos pela promoção feminina.

Como aumentar o interesse feminino pelo setor de energia?

Anne - Formar mulheres para esse setor depende de inspirá-las ainda em idade escolar. Meus pais não eram do setor de energia. Sou filha de um professor de história e de uma assistente social. Eu me interessei por essa área porque, aos 9 anos, minha professora levou a classe para conhecer uma central nuclear, e me encantei. 

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