Carreira

"Líder, ajude a mulher a chegar onde ela quiser", diz CEO da Microsoft

Tania Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil, fala do papel da liderança no fomento da equidade de gênero no mercado de trabalho

Tania Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil  (Microsoft/Divulgação)

Tania Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil (Microsoft/Divulgação)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 22 de junho de 2020 às 15h50.

Última atualização em 22 de junho de 2020 às 17h27.

A pandemia do novo coronavírus reforça necessidade de discutir equidade de gênero no trabalho — não apenas pela urgente questão social, mas também por ajudar na economia, como discute a reportagem de capa da EXAME nesta quinzena. Para as mulheres que já ocupam posições de liderança, o papel é de fomentar a participação de mais delas. Um exemplo vem de Tania Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil.

EXAME - A equidade de gênero sempre foi pauta em sua carreira?

Tania Cosentino - Demorei um pouco para entender a dificuldade da ascensão da mulher e do meu papel como líder nessa construção. Percebi isso quando assumi a presidência da Schneider Electric, em 2009, e não encontrei muitas mulheres no mesmo cargo que eu em outras empresas. Tenho 35 anos de carreira, e sempre trabalhei em grandes multinacionais com o tema de diversidade já estabelecidos de alguma forma. Há cerca de 10 anos, porém, percebi como podia influenciar mais na busca pela equidade e como eu e outros líderes precisamos ajudar as mulheres a chegar onde elas quiserem.

EXAME - Quais as melhorias nos negócios com mais equidade de gênero?

Tania Cosentino - A diversidade traz inovação e responsabilidade social. Além disso, pessoas diferentes conseguem melhorar os resultados financeiros ao trabalharem juntas e trazerem ideias inovadoras de acordo com as suas vivências. Isso se mostra ainda mais importante durante e após a pandemia da covid-19. As mulheres são cerca de metade da população, são clientes em diferentes segmentos, mas isso ainda não é refletido no mercado de trabalho de tecnologia em geral. 

EXAME - Há exemplos práticos de como melhorar?

Tania Cosentino - É um trabalho diário. Na Microsoft há um trabalho intencional de ter pelo menos uma mulher na etapa final do recrutamento e seleção, o mesmo vale para as promoções -- e então, novamente, há o papel do líder de reconhecer os esforços dessas mulheres. Elas também precisam ser acolhidas pela empresa, por isso temos, por exemplo, programas de mentoria para talentos, desenvolvimento de carreira executiva, além de benefícios para quem possui filhos, como sala de amamentação e auxílio-creche. Com iniciativas assim subimos o percentual de mulheres na liderança de 40% para 57%.

EXAME - Por que as iniciativas que relacionam a família se tornam importantes no trabalho?

Tania Cosentino - Percebemos que esses benefícios trazem mais conforto e segurança emocional. E não estamos falando só das mulheres, pois com os homens mais participativos em suas famílias há maior chance de evolução das mulheres em geral. Por isso incentivamos, por exemplo, a licença paternidade de 42 dias. Na Microsoft também temos discutido qual o papel do homem na quarentena. E, neste momento, criamos uma licença de trabalho remunerada para que os funcionários, sejam eles homens ou mulheres, possam se organizar.

EXAME - É papel de empresas como a Microsoft incentivar a equidade de gênero também da porta para fora?

Tania Cosentino - Sim, com certeza. Pensando nisso apoiamos treinamentos de meninas e mulheres em programação e tecnologia; participamos de organizações com o Movimento Mulher 360, e buscamos promover a ascensão de negócios mais inclusivos. Um exemplo foi iniciado em novembro, quando, com o  Sebrae, a Bertha Capital e a Belvedere Iançamos o Women Entrepreneurship, fundo que tem como objetivo captar 100 milhões de reais em até cinco anos para fomentar startups nas quais as mulheres tenham pelo menos 20% de participação nos negócios. 

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