13º Diagramador de livros e jornais (Thinkstock/Thomas Bethge)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2015 às 13h51.
Havendo dias de descanso (infelizmente não as famosas férias, com o seu artigo definido no plural), recorro a discos, livros, peças teatrais.
Pude ler Big Jato, do escritor Xico Sá, com narrativa de lapidação vocabular e memórias de uma boleia ao som de Beatles. Boleia (termo que deixou de ser acentuado graficamente devido à reforma ortográfica) é justamente a cabina do motorista do caminhão apelidado de Big Jato.
Dos sons, pude emocionar-me diante dos profundos versos de Ecos do ÃO, do álbum Falange Canibal, de Lenine. Certamente um dos maiores músicos brasileiros vivos, assim escreve:
“nós temos que fazer com precisão
entre projeto e sonho a distinção
para sonhar enfim sem ilusão
o sonho luminoso da razão”
Dos recursos de linguagem, Ecos do ÃO pauta-se pela assonância – conformidade ou aproximação fonética entre as vogais tônicas de palavras diferentes.
Além do forte som típico de nossa Língua, a semântica textual dessa canção faz-nos refletir sobre nosso duro cotidiano brasileiro. Bravo, Lenine!
Das peças teatrais, pude renascer minha alma, com A Alma Imoral – adaptação da obra de Nilton Bonder e irretocável atuação de Clarice Niskier. Monólogo histórico! Uma frase é marcante, em meio a tantas outras geniais:
“Não se ensina a desobediência a uma criança, porque com isso ela já nasce sabendo.”
Perante essa ideia de “uma criança”, o “a” é apenas prepositivo. Não se admite a ocorrência de crase antes de artigos indefinidos ou ideias generalizadas.
Obras, palavras, lições e rimas. Quem admira a Língua não se desvencilha dos trajetos gramaticais e não deixa de aprender com os artistas de fato.
Um abraço, até a próxima e estou no Instagram!