Carreira

Lavender ceiling: a comunidade LGBTQIAP+ enfrenta barreiras "invisíveis" na sua empresa?

Quando há um teto de vidro — ou um lavender ceiling —, as pessoas tentam crescer profissionalmente, buscar novas posições, evoluir, mas não conseguem. Tem algo ali que as impede, mas o quê?

Sofia Esteves, Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com: “Estamos falando de obstáculos que existem, mas que não são tão aparentes assim e que, por isso, tornam a trilha de carreira mais desafiadora” (AndreyPopov/Getty Images)

Sofia Esteves, Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com: “Estamos falando de obstáculos que existem, mas que não são tão aparentes assim e que, por isso, tornam a trilha de carreira mais desafiadora” (AndreyPopov/Getty Images)

Sofia Esteves
Sofia Esteves

Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Publicado em 23 de junho de 2024 às 18h08.

Tudo sobreLGBT
Saiba mais

Por Sofia Esteves, Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Talvez esse termo soe estranho para você, mas, infelizmente, seus efeitos são conhecidos no mercado de trabalho — principalmente pela comunidade LGBTQIAP+. Trata-se de uma expressão em inglês que se refere aos preconceitos explícitos e velados, aos estereótipos e às desigualdades estruturais que impedem o crescimento profissional desse grupo.

É como o "teto de vidro", conceito usado para descrever as barreiras invisíveis que limitam o avanço das mulheres. Estamos falando de obstáculos que existem, mas que não são tão aparentes assim e que, por isso, tornam a trilha de carreira mais desafiadora. Afinal, como superar algo que você não enxerga tão facilmente?

Quando há um teto de vidro — ou um lavender ceiling —, as pessoas tentam crescer profissionalmente, galgar novas posições, evoluir, mas não conseguem. Tem algo ali que as impede, mas o quê?

Quais são os fatores que bloqueiam?

São muitos os fatores que contribuem com esse fenômeno. No caso da comunidade LGBTQIAP+, podemos citar alguns como:

  • Ambientes pouco acolhedores: todo funcionário deveria trabalhar em um lugar no qual se sente à vontade, onde pode ser ela mesma. Já imaginou estar em uma empresa em que você precisa esconder uma parte constituinte da sua identidade? É difícil desenvolver-se em um contexto que inspira medo, insegurança e desconforto.
  • Falta de políticas e benefícios inclusivos: oferecer plano de saúde para parcerias do mesmo sexo, licença parentalidade para variadas configurações familiares e outros cuidados específicos é uma forma de garantir acesso mais justo e igualitário ao pacote de benefícios da empresa. Nesse sentido, também é importante estabelecer e divulgar políticas claras de não discriminação a fim de proteger profissionais LGBTQIAP+.
  • Baixa representatividade na liderança: Esse tipo de situação pode desencorajar pessoas que aspiram uma posição de líder no mundo corporativo, como se ficasse uma mensagem oculta de que o lugar delas não é no alto comando de uma organização ou que, para galgar cargos maiores, é necessário esconder sua orientação sexual ou sua identidade de gênero.
  • Falta de posicionamento: quando uma empresa não se coloca como aliada, ela perde a oportunidade de não só contribuir com a causa, mas de criar um ambiente acolhedor para a comunidade. O foco não é usar a bandeira LGBTQIAP+ para fazer um marketing vazio, mas para mostrar que a sua organização acredita e, sobretudo, apoia a diversidade. Isso vai contribuir tanto para deixar as pessoas de dentro mais à vontade para serem quem são, quanto para atrair mais talentos diversos.

Acredito que é uma missão coletiva — e não só da comunidade LGBTQIAP+ — fazer um esforço para identificar e tornar visíveis essas barreiras ocultas. Quem, como eu, estuda temas ligados à carreira e negócios há tanto tempo, sabe que o desenvolvimento profissional é um processo colaborativo: depende, sim, do esforço individual, mas pode ser impulsionado pela empresa, por mentorias, pela rede de apoio, enfim, todo um ecossistema do bem.

Por isso, faço esse convite para que você, que me lê, analise se na sua organização existe o fenômeno do lavender ceiling. Se a resposta for afirmativa, o próximo passo é trazer a luz as dificuldades, os empecilhos, os problemas, enfim, qualquer obstáculo que possa estar atrapalhando essa jornada. Só podemos superar com sucesso um obstáculo quando passamos a entendê-lo.

Acompanhe tudo sobre:LGBTDiversidadeLiderança

Mais de Carreira

4 passos para aprender qualquer coisa, segundo este Nobel de Física

Donald Trump quer deportar imigrantes. Como isso impacta quem já trabalha nos EUA?

Com rotina home office e salários de até R$ 35 mil, esse é o profissional mais cobiçado pelo mercado