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Jovens chineses sonham com Elon Musk, não com chão de fábrica

Conheça a geração Y da China -- mais aberta à tomada de riscos e mais idiossincrática que sua antecessora

Elon Musk: mais de 15% dos consultados disseram que querem abrir seus próprios negócios (Getty Images)

Elon Musk: mais de 15% dos consultados disseram que querem abrir seus próprios negócios (Getty Images)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 27 de outubro de 2016 às 18h47.

Hong Kong - “Experimentadora, ousada e diversificada” são as palavras que Owen Xu, de 17 anos, estudante do Ensino Médio de Xangai, usa para definir sua geração.

Ele está cursando o último ano da Stanford Online High School na capital financeira da China e é cofundador de uma startup focada em tratar e reutilizar águas residuais que deseja algum dia “resolver problemas que afetam bilhões de pessoas”.

Conheça a geração Y da China -- mais aberta à tomada de riscos e mais idiossincrática que sua antecessora. E que está sonhando alto.

Criados em uma economia em expansão, que se multiplicou por nove desde a virada do século, os 7,5 milhões de chineses que terminarão a escola neste ano pretendem trilhar caminhos muito diferentes dos de seus pais, que foram automaticamente para o chão de fábrica, para canteiros de obra ou para sóbrios empregos no setor estatal.

Cerca de 48 por cento dos nascidos após 1995 não querem entrar no mercado de trabalho tradicional após a graduação, segundo pesquisa recente da QQ Browser, parte da gigante de tecnologia Tencent Holdings, que consultou 13.000 estudantes universitários e coletou dados de tráfego de suas 84 milhões de buscas diárias na internet.

Mais de 15 por cento dos consultados disseram que querem abrir seus próprios negócios, enquanto 8 por cento aspiram por novas profissões criadas pelo aumento do consumismo e pela importância cada vez maior da internet nas vidas das pessoas.

Os empregos mais procurados são os de streamer on-line ao vivo, blogueiro, dublador, maquiador e testador de jogos.

“Isso é um bom sinal para a economia porque mostra que eles estão encontrando novos motores de crescimento e que a economia está se tornando mais orientada ao mercado”, disse Iris Pang, economista sênior para a Grande China do Natixis em Hong Kong.

“Mas a longo prazo, os índices de fracasso das startups são muito elevados e aqueles que tomam o risco devem suportar o risco.”

Mas é o medo de um emprego de escritório chato, e não o fracasso, o que preocupa o estudante secundarista Xu. O ídolo dele é Elon Musk, o bilionário fundador da Tesla Motors e da Space Exploration Technologies.

A pesquisa também concluiu que jovens de 20 e poucos anos de megacidades como Pequim e Shenzhen têm interesse em criar empresas relacionadas à internet, enquanto os da China continental e da parte ocidental do país voltam seus olhos para a educação e a agricultura em busca de oportunidades.

Desde que se formou em uma escola técnica de Pequim, no ano passado, Hua Gengwu, de 25 anos, trabalhou em uma startup do setor de internet, tentou a sorte em outros dois projetos e realizou uma expedição de motocicleta de mais de 4.500 quilômetros de sua cidade natal, na região central da China, até o acampamento base do Monte Everest.

“Nós queremos manter os nossos interesses variados e os nossos hobbies, algo que não podemos fazer em um ambiente de trabalho chato e tedioso”, disse Hua, que também idolatra Musk.

Ele planeja uma vida de empreendedorismo como caminho para sua “liberdade” financeira e pessoal.

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