João Doria Jr., na gravação da sétima edição de 'O Aprendiz', que vai ao ar dia 15 (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - O empresário e apresentador João Doria Jr. é reconhecidamente político no trato, lisonjeiro com quem fala e sobre quem fala. A despeito dessa característica, faz questão de pontuar as diferenças entre ele e o publicitário e também apresentador Roberto Justus, seu antecessor no reality show O Aprendiz - que Doria Jr. assume nesta quinta-feira (15), na TV Record.
"Eu não demitiria uma pessoa pelo simples fato de ela não falar inglês", diz, em referência ao episódio do programa de TV em que Justus eliminou um participante que patinava no idioma estrangeiro. "Eu sou menos extremado." E acrescenta: na sua edição de O Aprendiz, o vencedor ganhará um emprego - e não um estágio, como já fez Justus. "Não é justo, depois de semanas e semanas de esforço, o vencedor terminar com uma função superficializada."
Na entrevista a seguir, Doria Jr. fala sobre a experiência na TV, revela a dica que recebeu do expert em TV José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e diz que, caso flagrasse um funcionário jogando Paciência no computador, o advertiria.
Veja.com: Já passa das 22h, e o senhor ainda está no trabalho. Os universitários que se inscreveram em O Aprendiz sonham em ser executivos ou empreendedores. Eles devem esperar uma rotina como a sua?
João Doria Jr: Todo sucesso tem seu preço. Eu vou longe mesmo. Hoje, entrei no escritório às 7h20. Chego cedo todos os dias. E todos seguem esse ritmo. Estou na frente de duas funcionárias que estão trabalhando até agora e não vejo ninguém triste nem chorando (o entrevistador estava acompanhado de duas assessoras).
<hr> <p class="pagina"><strong>Veja.com: </strong><strong><em>O senhor falou de ter prazer no trabalho. Algumas empresas, como o gigante de buscas na internet Google, incentivam a recreação durante o expediente, oferecendo mesa de sinuca ou de ping-pong aos funcionários. O senhor pratica algum hobby durante o expediente?</em><br> João Doria Jr:</strong> O meu lazer é o trabalho. Eu me divirto com o que faço.</p>
Veja.com: E se encontrasse um funcionário jogando Paciência, no meio do expediente, para relaxar...
João Doria Jr: Seria uma má referência. Se alguém aqui, na nossa empresa (Doria Associados, grupo de comunicação e marketing), estiver jogando Paciência, é pênalti. A gente tem uma estrutura focada nas atividades e no comprometimento. Se está jogando Paciência, está com tempo sobrando. E, se está com tempo sobrando, tem alguma coisa errada. Eu não acredito que para ter um bom ambiente de trabalho você precisa jogar Paciência ou sinuca. Não condeno quem faz isso, mas, na nossa empresa, é preciso obedecer a um conjunto de princípios. O jogo aqui seria razão para uma advertência.
Veja.com: Ainda sobre prazer: o senhor já se sentiu aliviado por demitir alguém?
João Doria Jr: Nunca. Qualquer dispensa de um profissional é difícil. Eu não gosto de demitir. Gosto de admitir.
Veja.com: Quais as dicas para dispensar alguém da melhor maneira?
João Doria Jr: Acho que primeiro é preciso ter senso de justiça. Até para admitir, porque, admitindo melhor, você terá menos chances de demitir.
Veja.com: O Aprendiz é uma enorme entrevista de emprego. Que critérios o senhor costuma analisar para decidir se contrata ou não uma pessoa?
João Doria Jr: São vários os critérios. Primeiro, comprometimento. Segundo, entusiasmo. Precisa ter brilho nos olhos. Terceiro, disciplina, para ter tempo de fazer tudo o que é necessário, e na hora certa. Quarto, serenidade. Não adianta ter pessoas geniais desequilibradas. Outro ponto é saber cultivar um bom relacionamento na sua equipe, fazer amigos onde você trabalha. Assim, você vai atuar diariamente mais feliz.
<hr> <p class="pagina"><strong>Veja.com: <em>No Aprendiz, Justus demitiu um rapaz que tem inglês fraco. Dominar o inglês também é um critério?</em><br> João Doria Jr:</strong> Não, e eu não faria (o que ele fez). O inglês não é uma habilidade essencial, exceto se o profissional tem como missão ser tradutor, intérprete ou atuar numa empresa multinacional onde o uso do idioma estrangeiro for absolutamente imprescindível para cumprir sua tarefa. Eu não teria essa atitude por demais extrema. <br><strong><br>Veja.com: <em>Então, o senhor vai ser menos extremado à frente do programa.</em><br>João Doria Jr:</strong> Ah, eu sou menos extremado. (risos)<br><br><strong>Veja.com: <em>Por que O Aprendiz 7 vai oferecer emprego e não estágio como os outros?</em><br>João Doria Jr:</strong> Oferecer um estágio é estabelecer uma desconfiança a respeito do programa. Por que colocar a pessoa para estagiar, podendo ser sumariamente desligada ou tendo uma função mais superficializada pela falta de responsabilidade do cargo? Eu nem acho justo. Há todo um esforço envolvido, são semanas e semanas de gravação, em um programa com aquela dimensão, para conseguir um estágio? Tem que conseguir um emprego, uma oportunidade profissional. Aí, faz sentido.<br><br><strong>Veja.com: <em>Um participante da terceira edição de O Aprendiz demitiu Roberto Justus da sua vida. O senhor tem medo de ser demitido?</em><br>João Doria Jr: </strong>Não. Você tem que saber interpretar a reação das pessoas. A natureza humana estabelece graus de surpresa, você tem de estar preparado.<br><br><strong>Veja.com: <em>O senhor falou com o Boni antes de acertar com a Record. Que dicas ele lhe deu?</em><br>João Doria Jr: </strong>A dica que ele deu me ajudou a decidir pelo contrato com a Record. Ele disse: "Seja você mesmo, não atue. O público percebe." Essa foi uma condição que eu coloquei para a Record e tenho aplicado no programa. Sou o mesmo do dia a dia da minha empresa.<br><br><strong>Veja.com: <em>O senhor participaria de um reality como o Big Brother Brasil?</em><br>João Doria Jr: </strong>Talvez não fosse a minha primeira opção. E eu agora já estou, como apresentador, em um reality show. Esse, sim, está mais perto das minhas crenças. É um reality que tem entretenimento e conhecimento. E isso faz mais a minha natureza, a minha alma e o meu entusiasmo.<br><br><strong>Veja.com: <em>O senhor já foi professor universitário e agora comanda um programa para jovens. </em></strong><em><br></em><strong>João Doria Jr:</strong> Já pensou em escrever um livro com dicas para esse público?<br>É uma ideia. Recentemente, o Roberto Duailib (publicitário, sócio da agência DPZ) me sugeriu que escrevesse aos jovens. A ideia me agradou.</p>