Custo de vida é maior nas grandes metrópoles (Cláudia)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2013 às 13h32.
São Paulo - Uma velha senhora insiste em rondar o mercado e mostrar que ainda tem vitalidade. Durante décadas, ela causou sérios estragos ao país e a seu bolso, até ser domada a partir da metade da década de 1990.
Mas agora um conjunto de fatores — juros caindo, dólar subindo, preços altos dos imóveis — pode fazer com que esta senhora, a inflação, tire parte de sua tranquilidade, bagunçando as contas do mês e o orçamento como um todo.
Diante disso, nada melhor do que vigiá-la de perto. “A inflação corrói o acordo moral básico, entranhado na sociedade, do qual dependem a manutenção da ordem democrática e o funcionamento da economia”, diz Eduardo Gianetti da Fonseca, economista e professor do Insper, faculdade de economia e administração de São Paulo.
A recomendação é acompanhar os principais índices de custo de vida do país, saber exatamente o que eles medem e quais devem ser olhados com atenção. Tudo a depender das necessidades pessoais e dos compromissos financeiros de cada um.
Os índices de inflação são construídos por institutos a partir de uma cesta de produtos hipotética nos diversos mercados, dependendo do público-alvo. A partir daí, coletam-se os valores e calculam-se as mudanças nos preços. Por isso, a grande variedade de índices.
Enquanto o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) apura os preços de materiais e serviços da construção, o Índice de Preços ao Consumidor C1 (IPC-C1) se concentra nos produtos consumidos pelo público de baixa renda.
Entre todos os medidores econômicos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais importante. Medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é composto por dez categorias de produtos, que inclui a cesta básica de alimentos.
Eduardo Gianetti aconselha acompanhar o IPCA bem de perto. “Ele foi escolhido pelo Banco Central como parâmetro de eficácia do sistema de metas de inflação, o que o torna mais relevante que os demais”, diz o economista.
Mas, dependendo de interesses específicos, outros indicadores podem ser mais úteis. Se o mês de vencimento de seu contrato de aluguel estiver próximo, o IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), é sem dúvida o indicador que tem de estar no topo de sua lista de cuidados.
Ele é o mais usado para a correção das locações e será válido por um ano inteiro, até o vencimento do próximo contrato. No último mês de maio, esse índice apresentava alta de 1,02% e de 2,51% no acumulado do ano.
Quem teve o contrato de aluguel renovado em maio passou a pagar entre 1 481 reais e 1 645 reais mensais em um imóvel de três quartos e 100 m² no bairro paulistano da Mooca, por exemplo. Quem financiou a compra de uma casa ou de um apartamento precisa manter-se atento ao INCC-M — que subiu 1,3% em maio, acima da elevação de 0,83% de abril. Ele é o preferido para o ajuste das parcelas a serem pagas nessas operações.
Cristiano M. Costa, professor da Fucape Business School, de Vitória, no Espírito Santo, destaca o INCC, medido também pela FGV. “Ele mede os custos específicos do setor de construção, que é um dos mais importantes da economia brasileira”, diz. Esse índice é composto por itens como materiais, equipamentos, serviços e mão de obra — o que mais tem elevado o custo de imóveis financiados no país.
Boa notícia
A senhora inflação, no entanto, nem sempre traz só más notícias de aumento de preços. Frederico Turolla, especialista em conjuntura econômica da Pezco Consultoria, é quem lembra da boa notícia. “A poupança da família brasileira vem sendo crescentemente corrigida para além dos índices de inflação, com ganhos reais, principalmente após o aumento da emissão de títulos do Tesouro Nacional atrelados aos índices de preços”, diz Frederico.
Com a popularização do Tesouro Direto e o aumento das possibilidades de ganhos com esses títulos, cada vez mais investidores têm buscado as Notas do Tesouro Nacional séries B e C, que são corrigidas pelo IPCA e pelo IGP-M, respectivamente.
É também a inflação que corrige o salário de cada mês. No momento de negociar sua remuneração ou um reajuste, é bom saber qual é o índice utilizado na revisão de sua remuneração. “O Índice Nacional de Preços ao Consumidor [INPC, que é medido pelo IBGE], por exemplo, é mais adequado para reajustar salários de trabalhadores de baixa renda, pois sua estrutura é montada para famílias que ganham de 1 a 6 salários mínimos por mês”, diz Frederico.
O valor de todos esses indicadores econômicos e seus reajustes são informados diariamente por jornais e sites de economia. Se até hoje você não se interessou por eles, vale ficar de olho. Eles influenciam seu orçamento e planos de consumo. Ao ignorá-los, você pode perder dinheiro.