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Igualdade salarial: homens ganham até 51% a mais que mulheres, aponta pesquisa da Vagas

Levantamento analisou cerca de 8 milhões de currículos de profissionais em todo o país e mostra que, apesar do maior nível acadêmico, as mulheres têm mais dificuldades de chegar a cargos de liderança e de alcançar a igualdade salarial

Apesar das mulheres possuírem maior nível de especialização, quando se trata do nível dos cargos, elas têm a predominância em cargos operacionais, diz o estudo (Divulgação: LaylaBird/Getty Images)

Apesar das mulheres possuírem maior nível de especialização, quando se trata do nível dos cargos, elas têm a predominância em cargos operacionais, diz o estudo (Divulgação: LaylaBird/Getty Images)

Publicado em 8 de março de 2024 às 06h59.

Última atualização em 8 de março de 2024 às 19h25.

Avançamos ou estacionamos quando o assunto é representatividade feminina na liderança e igualdade salarial no Brasil? A Vagas, portal de oportunidades de emprego, realizou uma pesquisa interna para identificar se estamos perto ou não quanto à meta de paridade de gênero. O primeiro recorte mostra que embora as mulheres representem a maioria na base dos currículos do site de empregos da Vagas, o Vagas.com, com 56% contra 44% dos homens, elas ainda enfrentam desafios consideráveis em termos de representatividade em cargos de média e alta gestão.

Para entender as diferenças entre salários, cargos e gêneros, a pesquisa usou a base de dados da Vagas.com nos últimos 5 anos. No total, foram analisados cerca de 8 milhões de currículos. Desses, cerca de 4.573.910 são femininos e 3.814.270 masculinos.

Escolaridade e níveis de cargo

As mulheres possuem maior nível de especialização, com 14,1% possuindo pós-graduação em comparação com 12,2% dos homens, de acordo com os dados da pesquisa.

“Embora as mulheres apresentem maior nível de especialização acadêmica, essa vantagem não se traduz igualmente em oportunidades de carreira, sendo que elas ainda encontram diversos obstáculos na ascensão profissional a cargos de liderança, o que reforça a necessidade de uma atuação mais ativa das empresas na busca por uma equidade de gênero no espaço corporativo”,  afirma Luciana Calegari, Especialista em R&S da Vagas.

Apesar das mulheres possuírem maior nível de especialização, quando se trata do nível dos cargos, elas têm a predominância em cargos operacionais, com 77% de ocupação nestes cargos, enquanto os homens possuem 73%, segundo o estudo.

Nos cargos corporativos, há igualdade entre os dois gêneros. Já nos cargos de média e alta gestão, há uma inversão: homens são a maioria, com 11%, enquanto as mulheres aparecem com 7% dos cargos.

Analisando detalhadamente os dados, percebe-se que os homens possuem maior presença acima dos níveis seniores. Ou seja, quanto mais alto o nível do cargo, maior é a discrepância entre profissionais masculinos e femininos.

Mesmo se falando tanto de igualdade de gênero como na atualidade, isso ainda não se reflete de forma massiva no mercado de trabalho e indica a importância de um maior engajamento das empresas na promoção de um ambiente igualitário, afirma Calegari.

"Ao analisarmos os níveis de cargos, percebemos uma clara predominância feminina em cargos operacionais, mas uma lacuna notável em cargos de média e alta gestão. Esse contexto destaca a necessidade de programas e políticas que incentivem a ascensão profissional das mulheres”.

Diferença salarial ainda é enorme

Um dos principais indicadores que ajudam a dimensionar a desigualdade de gênero é a disparidade salarial. O estudo constatou que, em termos de salário médio, as mulheres (R$ 4.118) ganham 24% menos que os homens (R$ 5.106). Até o ano de 2020 essa diferença foi menor, porém deste ano em diante a diferença aumentou.

Quando comparados por níveis de cargos, a desigualdade é ainda maior quanto mais alto é o cargo. Em resumo, as maiores diferenças salariais estão concentradas no nível de média e alta gerência. É o caso, por exemplo, dos cargos de supervisão/coordenação, gerência e diretoria, em que os salários podem ser maiores que os das mulheres em até 32%, 31% e 51%, respectivamente.

"A discrepância salarial entre homens e mulheres continua sendo uma questão preocupante, especialmente nos níveis de média e alta gerência. Com isso, percebe-se que não basta apenas criar mecanismos que reduzam barreiras contra a participação de mulheres em cargos de liderança, mas, sobretudo, ações que promovam igualdade também para aquelas que já estão nessas posições, como a igualdade salarial”, afirma Calegari.

A recente aprovação da Lei 14.611, conhecida como a Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres, respalda ainda mais o combate à desigualdade no ambiente corporativo, segundo a executiva da Vagas.

"A igualdade de gênero no mercado de trabalho não é apenas uma questão de justiça social, mas também de eficiência econômica. Empresas que promovem a diversidade de gênero tendem a ser mais inovadoras e competitivas”.

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