Os profissionais especializados em áreas como Inteligência Artificial, BI/Data, ESG e Transformação Digital estão entre os mais valorizados no Brasil (Thinkstock/Getty Images)
Repórter
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 12h24.
Os profissionais especializados em áreas como Tecnologia (Inteligência Artificial, BI/Data e Transformação Digital) e ESG estão entre os mais valorizados no Brasil, com salários que cresceram até 13% em 2024. É o que aponta a Pesquisa de Remuneração Total (TRS) da Mercer, empresa de consultoria americana especializada no mundo do trabalho, que mostra a alta demanda e baixa oferta por esses talentos no mercado, classificados como “Hot Jobs”.
O levantamento, que contou com a participação de 1.099 empresas, revelou que os maiores ganhos foram registrados em níveis operacionais, com aumentos salariais de até 73%. Gerentes e assistentes também experimentaram elevações de 17% e 10%, respectivamente. Na liderança executiva, as especializações mais requisitadas são ESG, estratégia e BI.
Apesar do mercado aquecido, as empresas enfrentam dificuldades para reter seus talentos. Setores como varejo, agro e tecnologia registraram os maiores índices de turnover voluntário, com profissionais buscando salários mais competitivos, melhores benefícios e perspectivas de crescimento. De acordo com o estudo, 59% das saídas voluntárias são motivadas pela insatisfação salarial.
"O desafio com atração e retenção dos hot jobs é algo que não deve diminuir nos próximos anos, muito pelo contrário, a tendência é que cada vez mais o número de especializações requisitadas no mercado aumente. Por isso, o mapeamento de skills da força de trabalho e, principalmente, o desenvolvimento dos talentos que já temos em casa é algo que poucas empresas no Brasil estão conseguindo realizar de forma eficaz e é uma grande chave para garantir a sustentabilidade de talentos e o sucesso do negócio”, afirma Carolina Zillig, Head de Dados e Insights da Mercer Brasil.
Para enfrentar essa realidade, 51% das empresas adotaram estratégias como contrapropostas, planos de desenvolvimento e movimentações internas. A Mercer reforça a importância de uma abordagem integrada, focada em cultura organizacional e reconhecimento.
"A retenção desses profissionais exige uma abordagem holística, que englobe cultura organizacional, reconhecimento e valorização, oportunidades de desenvolvimento, flexibilidade e desenvolvimento de líderes capazes de inspirar e engajar suas equipes, criando um ambiente de trabalho colaborativo e motivador. Estamos no momento de pensar no Life Experience e não mais apenas no Employee Experience”, afirma Zillig.
Com o modelo híbrido predominando em 86% das empresas, a flexibilidade continua sendo um diferencial. Curiosamente, 46% dos trabalhadores afirmaram estar dispostos a abrir mão de até 10% de aumento salarial em troca de benefícios que promovam qualidade de vida.
Embora iniciativas como semanas de trabalho reduzidas estejam em alta globalmente, apenas 8% das empresas brasileiras planejam adotar esse modelo. Além disso, menos da metade das organizações consulta seus colaboradores para definir regimes de trabalho.