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Homens poderosos nos EUA mudam comportamento no trabalho após #MeToo

Um terço dos executivos consultados disse que mudou o comportamento no trabalho para evitar situações que pudessem ser consideradas assédio sexual

Movimento #MeToo: “Estou extremamente preocupado de que possa haver consequências não intencionais” (Lucy Nicholson/Reuters)

Movimento #MeToo: “Estou extremamente preocupado de que possa haver consequências não intencionais” (Lucy Nicholson/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2018 às 15h00.

Última atualização em 8 de outubro de 2018 às 15h00.

Nova York - Será que o ambiente de trabalho mudou um ano depois de o New York Times noticiar as primeiras acusações contra o produtor de cinema Harvey Weinstein? No mínimo, muitos homens poderosos mudaram seus comportamentos, segundo uma nova pesquisa da Sociedade de Gestão de Recursos Humanos (SHRM, na sigla em inglês).

Um terço dos mais de 1.000 executivos consultados disse que mudou o comportamento no trabalho para evitar situações que pudessem ser consideradas assédio sexual.

“Sabemos que nesse universo de executivos havia um grupo que precisava se controlar”, disse Johnny Taylor, presidente e CEO da SHRM. “Não tenho certeza de que conseguiríamos chegar a isso sem a identificação daqueles casos de Weinstein.”

A consultora de Recursos Humanos Sharon Sellers confirmou a mudança. “Há executivos que estão sendo mais cautelosos em relação ao que dizem e ao que é dito no ambiente de trabalho”, disse Sellers, fundadora da SLS Consulting em Santee, Carolina do Sul.

Mas as mudanças podem ter ido longe demais em alguns casos, e os homens podem estar fazendo correções excessivas e deixando mulheres de fora de discussões comerciais ou de oportunidades de orientação. Um executivo disse a Sellers que agora não entraria em um elevador sozinho com uma mulher.

’Consequências não intencionais’

“Estou extremamente preocupado de que possa haver consequências não intencionais”, disse Sellers. Isso vai ao encontro de uma pesquisa do Pew Research Center divulgada em abril que concluiu que 20 por cento dos entrevistados acreditavam que uma maior conscientização a respeito do assédio sexual pode gerar menos oportunidades para as mulheres.

Na pesquisa da SHRM, divulgada na quinta-feira, 45 por cento dos entrevistados disseram que não mudaram em nada a forma de agir e outros 21 por cento afirmaram que fizeram apenas pequenas mudanças. Como nem todos os executivos mantinham um comportamento que precisasse de mudança, o resultado não surpreende, disse Taylor.

A maioria dos executivos consultados pela SHRM relata que mudou o comportamento de forma apropriada. Entre os entrevistados, 24 por cento disseram que estavam mais cuidadosos com a linguagem usada e 16 por cento afirmaram que evitam tópicos específicos ou piadas. Outros 9 por cento disseram que deixaram de tocar funcionários no trabalho.

Segundo muitas métricas, o movimento #MeToo teve um efeito mensurável nos ambientes de trabalho além das demissões de certos maus indivíduos destacados. Diversas empresas reformularam seus programas de treinamento contra assédio sexual, por exemplo.

Um estudo de junho da Challenger Gray & Christmas concluiu que mais da metade das 150 empresas consultadas reviu as políticas de assédio sexual, contra cerca de um terço em janeiro. Um pouco menos da metade dos consultados disse que não se sentia à vontade com as políticas atuais.

“Os gestores estão muito preocupados”, disse Sellers, a consultora de RH, que estima ter visto um aumento de 30 por cento a 45 por cento nas solicitações de empresas para realizar treinamentos a respeito do comportamento no ambiente de trabalho. Ela informou que tem uma lista de espera até 2019.

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