Henrique Holzhausen, da Libbs: “Nosso presidente sempre reforça que o gestor tem dois grandes clientes – o funcionário e o cliente final. Ouvir as necessidades de ambos é essencial” (Libbs /Divulgação)
Repórter
Publicado em 24 de novembro de 2024 às 08h07.
A farmacêutica brasileira Libbs, com sede em São Paulo, está transformando a maneira como se relaciona com seus funcionários. Desde a pandemia, a empresa vem mantendo os funcionários do administrativo 100% home office sem desviar o foco na produtividade e inovação.
O segredo, segundo Henrique Holzhausen, diretor de cultura e processos da Libbs, foi desenvolver o programa de trabalho remoto pensando em atender tanto as demandas do funcionário quanto os objetivos corporativos.
“Hoje, temos cerca de mil pessoas em home office, dos 4 mil funcionários no Brasil. Encontramos neste formato uma forma de reter talentos e oferecer flexibilidade, sem prejudicar os resultados da empresa”, afirma Holzhausen.
Desde o início do trabalho remoto, que começou com a pandemia, a Libbs investiu em infraestrutura e programas de apoio aos funcionários.
“Temos o programa Use, em que oferecemos um valor para que o funcionário compre equipamentos adequados, como computadores e cadeiras ergonômicas. Além disso, disponibilizamos acesso a co-workings para quem prefere um ambiente alternativo ao de casa”, conta Holzhausen.
Essas iniciativas ajudaram a empresa a manter um índice de satisfação elevado. Por meio de pesquisas internas Holzhausen diz que 94% dos funcionários estão satisfeitos com o home office. “Com isso, conseguimos acessar mais talentos e mantê-los engajados.”
O engajamento se reflete no resultado da empresa. Em 2023, a Libbs registrou uma receita líquida de R$2,72 bi, um crescimento de 10,8% em relação ao ano anterior. A expectativa segue de crescimento este ano, segundo o executivo de RH.
“Mesmo com os investimentos em equipamentos e espaços de co-working, conseguimos reduzir gastos em comparação ao modelo presencial”, diz Holzhausen. “Para nós, o que faz sentido é oferecer flexibilidade onde for possível, sem comprometer os resultados”.
O funcionário da Libbs que decidir usar o home office em outro país, seja para resolver questões pessoais ou simplesmente realizar um sonho de vida, seguirá como CLT, recebendo em reais e mantendo todos os benefícios, como o plano Flex, que oferece pontos que podem ser usados de forma personalizada, desde terapias, farmácia, cursos e até procedimentos estéticos.
"A ideia é dar autonomia ao funcionário para escolher como usar seus benefícios, sempre mantendo um valor mínimo garantido”, diz Holzhausen que reforça que hoje 36 funcionários moram no exterior. “Eles têm acesso a seguros de saúde internacionais e por meio do Use podem converter benefícios como vale-alimentação em pontos para uso flexível”.
O “home office internacional” da Libbs, no entanto, tem um limite: ele permite aos funcionários trabalharem no exterior por até 18 meses. “Temos exemplos diversos, desde analistas até gerentes de áreas estratégicas morando fora. Um dos nossos gerentes, por exemplo, está em Malta há mais de um ano. Temos pessoas no Canadá, Dinamarca e outros países. Isso mostra que a flexibilidade não é limitada por hierarquia.”
Henrique reforça que, para participar do programa, basta alinhar com o gestor e garantir que não haverá impacto nas atividades. “O maior desafio é ajustar questões como fuso horário, mas até isso temos tratado com cuidado.”
A legislação brasileira, que exige exames médicos presenciais anuais, ainda representa um desafio. Por isso, a empresa adotou um limite inicial de um ano para permanência no exterior, com possibilidade de extensão de até 18 meses.
Com um investimento anual de aproximadamente R$ 1 milhão em inteligência artificial e tecnologia, a empresa continua expandindo suas iniciativas. Holzhausen antecipa novidades, como a integração da IA no onboarding de novos funcionários e o aprimoramento de treinamentos no campo.
"Estamos sempre ajustando e testando. A ideia é que essas ferramentas evoluam para atender às necessidades da equipe de maneira ainda mais eficiente."
Para atender as novas demandas, a Libbs apostou na assistente virtual Liz, baseada em tecnologia generativa, que ajuda funcionários a acessar informações sobre benefícios, processos internos e histórico de projetos. "A Liz responde dúvidas como 'Como solicito auxílio-creche?' ou 'Qual o processo de reembolso?'. Isso economiza tempo e melhora a experiência do funcionário," diz Holzhausen.
Além disso, a Liz está sendo utilizada para simular treinamentos em situações como promoções, desligamentos e lançamentos de produtos:
"Criamos personagens que simulam situações reais, permitindo que os gestores pratiquem abordagens e recebam feedback imediato," afirma o gestor.
A IA também começou a ser usada no processo seletivo, coletando informações de candidatos para reduzir viés e acelerar contratações, especialmente em áreas de alta demanda, como o campo.
Apesar de muitas empresas estarem retornando ao presencial, Holzhausen afirma que a Libbs seguirá firme contra a maré apostando no modelo remoto. “Nosso presidente sempre reforça que o gestor tem dois grandes clientes – o funcionário e o cliente final. Ouvir as necessidades de ambos é essencial”.