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1. Criatividade para mudar a realidade
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1/6 (Raul Júnior/VOCÊ S.A.)
São Paulo - Aos 23 anos, o paulistano recém-formado em computação Denilson Shikako, hoje com 34, se viu diante de uma tragédia familiar. Seu pai foi assassinado em uma tentativa de assalto no Capão Redondo, bairro que já foi um dos mais violentos da cidade de São Paulo. Num primeiro impulso, a família decidiu vender tudo e sair do país. "Alguns amigos me mostraram que fugir da situação não mudaria minha dor." Para superar a tristeza, Denilson usou uma técnica que já ensinava em escolas e empresas quando dava palestras sobre inovação: parar e pensar o que poderia fazer. Então surgiu a ideia de montar a Fábrica de Criatividade, projeto social no qual as pessoas da comunidade aprendem sobre arte, sustentabilidade, teatro e música. A família de Denilson bancou a metade do investimento de 1 milhão de dólares com o que havia guardado para sair do país. Desde 2007, quando foi criado, o espaço já atendeu mais de 30 mil jovens. Hoje Denilson administra o projeto e dá palestras sobre criatividade e inovação em grandes empresas.
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2. Energia bem gasta
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2/6 (Marcelo Correa)
Contratada para assumir o departamento de projetos sociais da Ampla, distribuidora de eletricidade para a região do Rio de Janeiro, em 2004, a cientista política carioca Gislene Rodrigues, de 36 anos, e sua equipe transformaram uma área que tinha cinco funcionários num departamento que hoje emprega 80 profissionais de diversas áreas. O grupo trabalha em comunidades muito. No início, o setor comandado por ela atendia 17 000 pessoas por meio de seus programas educativos. Sete anos depois, atende 300 000 em 30 municípios fluminenses, alertando para o uso consciente da energia. "O desperdício, qualquer que seja, afeta o meio ambiente e a qualidade de vida no planeta", diz. Como muitos lares têm ligações elétricas clandestinas, boa parte da energia do time é gasta convencendo famílias a regularizar sua situação, tornando-as clientes da empresa. Aí, entra o trabalho de educação financeira. "A pessoa precisa adequar seu consumo ao orçamento familiar", diz Gislene. Há ainda projetos de oficinas profissionalizantes, que visam ensinar atividades geradoras de renda para essas famílias.
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3. Um faixa preta social
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3/6 (Daryan Dornelles)
Há um ano, o paulista Diego Silva, de 27 anos, gerente de negócios da Ticket, trabalha no esquema de home office. Depois de passar três anos em uma construtora na Espanha, Diego voltou ao Brasil para trabalhar na Ticket (atuou já havia atuado de 2001 a 2004), em busca de um trabalho com mais qualidade. "Aqui, a maioria da equipe comercial possui horários flexíveis", conta. Com mais flexibilidade, ele conseguiu voltar para a natação e pode ficar mais tempos com a família. "Demorava mais de uma hora para chegar ao trabalho por causa do trânsito. Era desgastante", diz. Hoje, ele organiza a agenda de acordo com a demanda de trabalho e vai apenas de 15 em 15 dias à empresa. "Meu rendimento aumentou e estou mais satisfeito".
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4. Vivendo do riso
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4/6 (Alexandre Battibugli)
Daniela Biancardi, de 36 anos, desde criança teve o lado artístico apurado. Aos 14, começou a fazer aulas de teatro e um fato triste a empurrou de vez para a vida de artista: a morte do pai. "A arte era o que me nutria", diz. De uma família de comerciantes, Daniela via nos irmãos a paixão pelo que faziam. "Fui buscar a minha paixão também." A paulista formou-se na Escola Superior de Artes Célia Helena, e passou uma temporada de estudando na França e na Itália. "A palhaça emergiu falando francês. Mas ela sempre esteve dentro de mim." Daniela tornou-se palhaça profissional. Quando voltou, envolveu-se em projetos sociais. Até que, em 2006, foi convidada para fazer parte da ONG internacional Palhaços Sem Fronteiras. Daniela foi para países africanos, como África do Sul e Lesoto, onde cerca de 70% da população tem HIV e grande parte das crianças é órfã. "Lá tentávamos trazer um mínimo de celebração da vida. Se uma criança vê um palhaço brincando com o outro, quer brincar também." Seu próximo plano é montar uma sede da ONG Palhaços Sem Fronteiras no Brasil.
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5. Profissional sem fronteiras
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5/6 (Jean Pimentel)
Um dia depois de sua formatura em psicologia na Universidade Comunitária de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande Sul, Débora Noal, hoje com 30 anos, colocou uma mochila nas costas e despediu-se da família sem saber para onde iria. Depois de passar por várias cidades do País, um conhecido a apresentou aos Médicos Sem Fronteiras (MSF). "Pensei: 'É isso que eu quero para a minha vida'." Débora foi para São Paulo e fez todos os rigorosos testes para pertencer à ONG. Por mais de seis meses não teve retorno. Até que um dia a psicóloga recebeu uma ligação. Na época com 27 anos, a gaúcha doou a gata e os móveis para os vizinhos e trocou o cargo de coordenadora com um salário estável e a cobertura de frente para o mar onde morava por sua mochila. Partiu numa equipe de emergência após um furacão no Haiti. Hoje, Débora traz dez missões em seu currículo. Nesses lugares, é responsável pelo atendimento psicológico de vítimas de catástrofes naturais, de conflitos armados e de zonas de guerra com refugiados. "A gente não sai sem dor, mas aprende a conviver com ela. Tem que se remendar a cada dia", diz, sem perder o brilho no olhar. Por isso, a mochila está sempre pronta num canto do apartamento em Brasília esperando a próxima missão.
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6. Causa nobre
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6/6 (Arquivo Pessoal)
Até os 30 anos, a paranaense Alessandra Fontana, hoje com 36, trabalhava como jornalista. Durante um mestrado em relações internacionais, em Londres, começou a estudar países pobres e em desenvolvimento. Decidiu largar o jornalismo, permanecer no exterior e redirecionar a carreira. "Queria ajudar as pessoas de uma maneira bem prática", diz. Em 2007, ela começou a trabalhar no instituto anticorrupção Christian Michelsen, na Noruega. Na entidade, ela coordena um centro que fiscaliza como governos de nações pobres usam os envios financeiros de oito nações ricas. Caso a verba esteja sendo desviada, seu grupo age para conscientizar a população local de que existe um dinheiro que deveria estar chegando até ela. O que move Alessandra é o propósito de ajudar. Quando volta para casa, na Noruega, traz histórias bonitas e tristes na bagagem. "Às vezes, retorno de alguns países tão desapontada que penso em desistir. Ao mesmo tempo, se não tiver ninguém que faça o que faço, nada vai mudar", completa.