Agronegócio: o novo perfil do setor pede também um novo perfil de profissional, que saiba integrar a tecnologia ao campo (Alexis Prappas/Exame)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2022 às 12h28.
Última atualização em 28 de setembro de 2022 às 13h55.
Os Estados Unidos e a Europa costumam ser referência e estar antecipados em maturidade de negócios. É comum ouvir de especialistas que para saber como estará determinado setor no cenário nacional daqui a alguns anos, basta olhar para como estão agora os americanos e europeus.
No entanto, há um setor que não é bem assim. De acordo com uma pesquisa da consultoria global McKinsey, o agronegócio brasileiro está mais avançado do que o exterior quando o assunto é digitalização e sustentabilidade.
Um dos responsáveis pelo estudo, Nelson Ferreira, sócio-sênior da McKinsey em São Paulo e líder global de práticas agrícolas da consultoria, destacou que cerca de 40% dos agricultores brasileiros são digitalizados. Além disso, a pesquisa também aponta que os brasileiros estão mais avançados na adoção de práticas sustentáveis de agricultura. Enquanto a penetração do modelo nos Estados Unidos é de 50%, por aqui chega aos 80% no plantio direto.
São exatamente esses dois focos da agricultura brasileira — digitalização e sustentabilidade — que têm feito o setor buscar novos profissionais qualificados. O agronegócio tem passado por uma revolução tecnológica que tem como objetivo tornar a produção mais sustentável e aumentar os resultados ao mesmo tempo que reduz os impactos ambientais.
Mas, um obstáculo tem se colocado à frente desse objetivo: a falta de profissionais. A escassez de profissionais foi expressa em dados de uma pesquisa realizada pela Agência Alemã de Cooperação Internacional em parceria com o Senai e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O levantamento mostrou que nos próximos dois anos, carreiras ligadas ao agronegócio devem gerar mais de 178 mil vagas de emprego.
Mas o estudo também apontou que a previsão é de que só haja cerca de 32,5 mil profissionais qualificados para essas vagas. Ou seja, há cinco vagas em aberto para cada profissional qualificado hoje, e o mercado precisa de mais especialistas em agronegócio.
Leia também: Agronegócio paga R$12 mil por mês e tem 5 vagas abertas para cada profissional disponível no mercado
E é exatamente essa necessidade que faz os salários ofertados ultrapassarem os dois dígitos. Segundo o Glassdoor, plataforma que reúne vagas de emprego e permite que funcionários informem seus salários e benefícios de forma anônima, o salário médio nacional de um gestor em agronegócio é de aproximadamente R$ 14 mil por mês. Mas em uma pesquisa rápida no site é possível encontrar relatos de uma remuneração que alcança os R$ 26 mil.
Com essa demanda, o agronegócio aparece na 15ª edição do Guia Salarial (2023) da consultoria Robert Half como uma das indústrias que já lideram as contratações — o que deve aumentar ainda mais no próximo ano.
Acontece que o novo perfil do agronegócio pede também um novo perfil de profissional. Hoje, o setor precisa de pessoas que entendam do campo, mas que saibam integrá-lo a processos digitais e diferentes tecnologias. Esse profissional é o Agro Digital Manager, principal responsável pela implementação de projetos digitais em propriedades agrícolas.
Suas principais atribuições são identificar e mapear os problemas do campo e coordenar times em busca da solução para necessidades de produtores agrícolas e dos demais stakeholders do agronegócio.
Leia também: Com salário médio acima de R$10 mil, este setor deve gerar mais de 178 mil vagas de emprego até 2023
Com o objetivo de ajudar a formar profissionais para suprir a demanda do agronegócio nos próximos anos, a EXAME preparou a série gratuita Carreira em Digital Agribusiness. Programado para acontecer entre os dias 17 e 25 de outubro, o conteúdo vai revelar:
As aulas serão ministradas por Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures, uma das gestoras de Venture Capital mais tradicionais do país especializada no agronegócio. Desde 2007, a gestora investe em startups de tecnologia para o agronegócio, as chamadas agritechs e já movimentou milhões de reais.
Para participar basta se inscrever clicando aqui ou no link abaixo.