Relatório da London School of Economics mostra que conduta inadequada de gestores homens impede avanço da equidade de gênero no mercado financeiro (Matthew Leete/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 17 de junho de 2021 às 11h46.
Última atualização em 17 de junho de 2021 às 12h34.
Da diretoria totalmente masculina nas empresas de capital aberto a gestores homens “medíocres” no setor financeiro, dois estudos divulgados nesta quarta-feira revelaram a abrangência do desafio enfrentado pelas companhias britânicas interessadas em aumentar a diversidade.
As empresas de menor porte que compõem o índice FTSE All-Share no Reino Unido estão em desvantagem quando se trata de representação diversa no alto escalão, segundo estudo da Women on Boards UK.
Excluindo as 350 maiores companhias, mais da metade das componentes do FTSE All-Share tinha somente homens na liderança executiva no final do ano passado, comparado a 8% na mesma situação entre o grupo das 350 maiores corporações, mostrou o relatório.
Embora dois terços das componentes do FTSE 350 tenham atingido a meta do governo britânico de 33% de diretoras mulheres nos conselhos, menos da metade das empresas no resto do FTSE All-Share alcançou esse objetivo.
Quanto à diversidade étnica, apenas 6,8% dos integrantes dos conselhos de componentes do FTSE 350 se identificam como minorias raciais. A parcela recua para 3% no resto do FTSE All-Share, de acordo com o relatório.
“O progresso da diversidade nos conselhos tem sido lamentavelmente lento e recentemente surgiu uma sensação preocupante de que o foi alcançado é ‘suficiente’ e não é preciso fazer mais esforço”, disse Fiona Hathorn, cofundadora e CEO da Women on Boards UK. “Fazer mais é absolutamente necessário.”
Na indústria financeira, gestores homens de postura inadequada e falsa empatia impedem o avanço da carreira das mulheres, concluiu um relatório da Women in Banking and Finance elaborado em parceria com a London School of Economics.
Homens “medíocres” têm maior propensão a permanecer no setor do que mulheres com essa avaliação porque se enquadram na percepção social do perfil de quem trabalha no mercado financeiro.
Comparativamente, as mulheres — e particularmente as mulheres negras — precisam mostrar desempenho superior para progredir, de acordo com a pesquisa que incluiu entrevistas e rodas de conversa com 79 mulheres que trabalham no distrito financeiro de Londres.
“Uma situação em que as oportunidades de mulheres talentosas estão à mercê de gestores que favorecem pessoas ‘como eles’ e fazem politicagem é prejudicial ao ramo de serviços financeiros em termos de inovação”, disse Grace Lordan, diretora da Iniciativa de Inclusão da London School of Economics.
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