Carreira

Fui promovido. É o fim da qualidade de vida?

É possível se dar bem em um cargo com muito mais responsabilidades e ainda assim manter uma rotina saudável?

Horas extras vão fazer parte da rotina. Três primeiros meses na nova função são os mais importantes, dizem especialistas  (Getty Images)

Horas extras vão fazer parte da rotina. Três primeiros meses na nova função são os mais importantes, dizem especialistas (Getty Images)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 17 de agosto de 2012 às 11h31.

São Paulo - Depois de muita dedicação e trabalho duro, veio, enfim, a promoção. Com isso, você já se despede dos tempos em que a sua responsabilidade na empresa estava limitada ao seu próprio trabalho.

Você começa se preparar para ir além. E os verbos liderar, orientar, gerenciar começam a ser conjugados. No entanto, a alegria de assumir a nova posição traz aquele incômodo frio na barriga. Será que vou dar conta?

Ficar algumas horas a mais no escritório certamente vai fazer parte da nova etapa da carreira. Afinal, maior carga de trabalho, pressão e cobranças são aspectos inerentes ao novo desafio profissional. Mas, a tão esperada promoção decreta mesmo o fim da qualidade de vida?

Para alguns isso é muito comum, diz Vilella da Matta, fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Coaching. “Muitas pessoas não conseguem gerenciar o próprio tempo e acabam não sabendo equilibrar as atividades do dia adia no trabalho e na vida pessoal”, diz.

No entanto, é possível atingir resultados e continuar com uma rotina saudável, dentro e fora da empresa? Confira o que dizem especialistas consultados por Exame.com:

Desequilíbrio temporário

Na opinião da diretora de Negócios da LHH|DBM, Irene Azevedo a má notícia é que, sim, haverá um desequilíbrio. A boa notícia, diz ela, é que é possível que seja por apenas um período. “Os primeiros 90 dias vão necessitar de uma maior flexibilidade, provavelmente vai ter que deixar algumas coisas de lado”, diz.

Para Vilella da Matta, é durante os três primeiros meses que os holofotes se voltam para o recém-promovido ou recém-contratado. “É muito importante identificar se o profissional vai atender às expectativas dentro dos parâmetros que a empresa acredita ser necessário para exercer o cargo”.

“É o período em que você vai fazer a leitura da cultura da organização”, diz Irene. Entender o que se passa e definir as metas são os primeiros passos, na opinião da especialista.


Curto prazo

O objetivo então é garantir a cadeira na nova função. Para isso, o essencial é se planejar. “Identifique rapidamente quais projetos de curto prazo vão trazer resultados rápidos”, diz Irene. Mas, defina também alguns de médio e longo prazo, recomenda a especialista. Assim, não corre o risco de se perder no futuro.

Dedique-se aos projetos escolhidos para conseguir dar uma resposta à organização e justificar sua escolha para o novo cargo. O sucesso nesses três primeiros meses vai trazer fôlego e confiança você se dar bem na nova função.

Defina prioridades

É fato que a sua vida pessoal vai ser preterida nesse período inicial. O importante é decidir o que pode ser deixado de lado com menor prejuízo. “Todo prêmio requer um sacrifício, mas não se pode fazer do sacrifício uma forma de viver. É imprescindível saber gerenciar o tempo que você dispõe, para dar prioridade ao que realmente é importante”, diz Vilella da Matta.

“Não pode deixar de dormir, nem de se alimentar direito”, diz Irene. Boas horas de sono e uma alimentação adequada são o combustível da sua performance. Cansado e mal alimentado será difícil desempenhar bem a nova função.

Encontrar um espaço de tempo para continuar a ter uma atividade física também é uma dica. “A saúde não pode ser deixada de lado”. Além disso, se exercitar dá mais energia para encarar a rotina no escritório.

Com as horas extras de trabalho vai ficar difícil manter a vida social agitada. “O lazer à noite com os amigos pode ficar prejudicado”, diz Irene. O importante, diz Irene, é saber que é apenas uma fase e que em pouco tempo você estará adaptado à nova rotina.

Se o tempo de lazer está mais enxuto, a dica é aproveitá-lo ao máximo. “Determinadas necessidades, como estar com a família, viajar e se divertir podem ser supridas de uma forma qualitativa e não quantitativa”, diz Vilella da Matta.

Na opinião do especialista, o sucesso pode ser alcançado mantendo-se, mesmo assim, a qualidade de vida. “Do contrário, pessoas como Bill Gates e Eike Batista viveriam exclusivamente para os negócios. A grande diferença está no modo de gerar resultados e gerenciar o tempo”, diz.

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