Fernanda Concon defende o papel transformador da educação formal em tempos de desinformação e influência digital (Arquivo Pessoal)
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Publicado em 30 de outubro de 2025 às 09h00.
Última atualização em 30 de outubro de 2025 às 17h04.
Aos 23 anos, Fernanda Concon fala de educação com a mesma convicção com que defendeu suas personagens na televisão. Formada em Relações Internacionais pela PUC-SP e pós-graduanda em Comunicação e Jornalismo pela FAAP, a atriz, que marcou uma geração como a irreverente Alicia de Carrossel – novela do SBT exibida em 2012 –, acredita que o diploma segue sendo uma das chaves mais poderosas de transformação individual e coletiva.
Em um momento em que 51% dos jovens da geração Z afirmam considerar a faculdade uma perda de tempo ou dinheiro, segundo pesquisa da plataforma Indeed, Fernanda caminha na direção oposta.
Para ela, a educação formal é um instrumento de cidadania, repertório e consciência social – especialmente para influenciadores digitais.
“As pessoas enxergam o poder das redes, mas esquecem o dever de se preparar. Quando alguém fala para milhões, influencia comportamentos, opiniões e modos de pensar. É impossível fazer isso com responsabilidade sem base, repertório e estudo”, defende.
Para Fernanda, a ideia de que o diploma perdeu valor é perigosa. “Há interesses por trás desse discurso de que estudar não vale a pena”, alerta. “É preciso questionar quem ganha e quem perde quando o conhecimento é colocado de lado.”
Fernanda começou a trabalhar com quatro anos. Quando entrou em Carrossel, ainda no ensino fundamental, já dominava a arte de equilibrar o pessoal com o profissional. “Nunca conheci uma vida em que trabalho e estudo não andassem juntos”, lembra.
A rotina era intensa, com gravações de segunda a sábado. “Foi um choque”, lembra. “Precisei trocar de turno, mudar de sala, me afastar dos meus amigos”, conta. Apesar do ritmo exaustivo, Fernanda garante que nunca faltou cuidado – nem em casa, nem no trabalho.
O SBT mantinha um acompanhamento rigoroso: boletins trimestrais eram enviados e uma pedagoga auxiliava as crianças nas lições e provas. Em casa, o zelo era o mesmo. “Meus pais sempre foram muito atentos. Meu pai, que já era professor, fazia questão de que eu continuasse sendo criança”, conta.
Formada em Relações Internacionais e pós-graduanda em Jornalismo, Fernanda Concon representa uma geração que busca unir propósito, estudo e impacto social (Arquivo Pessoal)
A escolha por cursar Relações Internacionais nasceu cedo, aos 11 anos, e Fernanda nunca mudou de ideia. Entrou na PUC-SP em 2020, em plena pandemia. “Achei que seria diplomata, mas logo percebi que não era o meu caminho. A faculdade abriu outras possibilidades.”
Entre estágios, empresa júnior e tentativas de iniciação científica, o período remoto a fez descobrir outra vocação: comunicar o que aprendia.
“Comecei a criar conteúdo sobre temas da faculdade. Era natural”, diz. O gosto pela comunicação se transformou em um projeto profissional. “Percebi que eu já fazia isso desde criança, na televisão. Só faltava unir as duas áreas.”
Hoje, cursando pós-graduação em Jornalismo e Comunicação, ela quer aprofundar a intersecção entre as duas formações – mas sempre com responsabilidade.
“Sempre tive receio de ocupar espaços sem estar preparada. Eu precisava de base formal para atuar como comunicadora.”
Fernanda pretende concluir a pós-graduação em 2026 e iniciar um mestrado profissional em Relações Internacionais. Quer continuar criando conteúdo sobre política e sociedade, mas também sonha em voltar à televisão. “Quero ser uma comunicadora e uma internacionalista melhor. Estudo é o que me sustenta.”
Mais do que uma mudança de carreira, sua trajetória revela uma posição clara em debate que divide sua geração: o lugar da educação formal na construção profissional.
Para Fernanda, a formação acadêmica continua sendo o ponto de partida para qualquer projeto de longo prazo. “Mesmo que você mude de área, o conhecimento fica. E isso é algo que ninguém pode tirar de você”, resume.