(Thinkstock/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2019 às 06h00.
Última atualização em 26 de março de 2019 às 06h00.
São Paulo - A situação é familiar: você está socializando e, de repente, tem alguém novo no grupo. Ou ainda: vocês estão sozinhos e o silêncio (e o desconforto) reinam. O que você pode fazer para manter uma conversa interessante antes que a pessoa vá “pegar uma água” ou, pior ainda, saque o celular?
A primeira coisa a se fazer é combater a paralisia, que pode ser tanto da timidez (e que pode ser enfrentada com um simples “oi”) quanto do medo de falar a coisa errada (e que cria tantos cenários que dão errado na sua cabeça que você prefere não falar nada).
Em seguida, é hora de colocar os milhares de anos de evolução para funcionar: seres humanos são seres sociais e gostam de se comunicar, mesmo aos trancos e barracos – que sempre parecem mais desastrosos do que costumam ser, vale lembrar.
Conversação, como tantas outras coisas, é uma prática que melhora com o tempo.
Caso você realmente esteja travado, a boa notícia é que é possível decorar alguns caminhos e estratégias para começar.
Uma boa regra geral é pensar em suas experiências: que tipo de perguntas você acha interessantes e quais preferia não responder? Que conversas você teve no passado com quem não conhecia e que foram surpreendentemente boas? E as que foram ruins? Há pessoas que você conhece que têm facilidade para conversar? O que elas fazem?
Conversar com alguém não precisa ser uma quimera. E lembre-se: todo mundo já foi estranho para você um dia, mesmo seus melhores amigos.
Rob Riker, do site The Social Winner, é um expert em conversas. Uma de suas técnicas preferidas é “a pedra que afunda”, uma metáfora para pular a parte superficial de uma conversa e realmente engajar seu interlocutor através da emoção.
Para isso, é preciso seguir três passos:
O que ela gosta, o que ela faz ou já fez, algo que disse ou mencionou. Mantenha o gancho pessoal, mas não pessoal demais.
Por exemplo: “Você gosta desse assunto?” ou “Quais são os maiores desafios de quem lida com esse assunto normalmente?”
“Por que ele é tão interessante para você?” ou “Ah, eu imaginei que esse assunto funcionasse de outra forma. O que te levou a aprender tanto sobre ele?”
Se estiver atento às respostas, você vai aprender muito sobre alguém, e rapidamente. Assim, novos assuntos podem surgir com mais naturalidade – e você vai genuinamente se divertir.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=videoseries?list=PLxemPb5ZJovNfOb7wOlycu0pZU8giZAc_%5D
O termo está em voga, e por um bom motivo: com tanta gente falando sobre tudo o tempo inteiro, que realmente escuta tem uma vantagem.
A escuta ativa é aquela em que sua atenção está realmente dedicada ao que a pessoa está dizendo, não só em busca de uma pausa para colocar sua própria opinião.
E pode ajudar muito a manter uma conversa e fazê-la ser mais fluída, já que dali podem surgir novos tópicos para ambos.
Quando alguém engata em algum assunto, você pode escutar atentamente ao assunto e entender melhor qual é a relação entre ele e seu interlocutor. E não se preocupe em parecer que está prestando bastante atenção: se realmente estiver prestando atenção, isso estará claro.
Por que aquele assunto é interessante e como o descobriram, por exemplo? Como aparece no dia a dia da vida da pessoa? Teve algum impacto na sua vida? Caso o assunto realmente te interesse, há alguma referência que ela recomenda? E por aí vai.
Outra boa regra? Pense em uma paixão sua. O que gostaria que as pessoas te perguntassem sobre ela?
Entre as diversas TED Talks sobre conversação disponíveis, uma das mais charmosas é da jornalista Celeste Headlee.
“Pode soar como uma questão engraçada, mas temos de nos perguntar: Existe uma habilidade mais importante no século 21 do que ser capaz de manter uma conversa coerente e tranquila?”, indaga.
Para manter uma conversa assim com diversos tipos de pessoa, de caminhoneiros a vencedores do prêmio Nobel, ela criou 10 regras básicas. “Tudo se resume ao mesmo conceito básico, que é o seguinte: estar interessado nas outras pessoas.”
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=H6n3iNh4XLI%5D
“E não falo só de deixar o celular de lado, o tablet ou as chaves do carro, ou o que tiver nas mãos. Quero dizer: esteja presente.”
“Se quiser dar sua opinião sem qualquer oportunidade para reação ou discussão, objeção ou evolução, escreva um blog.”
“Comece as perguntas com quem, o quê, quando, onde, por quê ou como”, diz Headlee. “Deixe-os descrever [experiências] e tente perguntar ‘como foi aquilo?’ e ‘como foi passar por isso?’.”
“Pensamentos vão surgir na sua mente e você precisa deixá-los passar.” Mantenha-se atento ao que a pessoa está falando, não no próximo passo.
“Melhor pecar pelo excesso de cautela.”
“Todas as experiências são individuais. E, mais importante ainda, não se trata de você. Não precisa pegar aquele momento para provar como você é incrível ou quanto você sofreu.”
“É realmente muito chato. E tendemos a fazer isso demais.”
“Francamente, as pessoas não ligam para os anos, os nomes, as datas, todos esses detalhes que você está lutando para se lembrar. Elas ligam para você.”
“Sei muito bem que exige esforço e energia realmente prestar atenção em outra pessoa, mas, se não consegue fazer isso, você não está numa conversa. São apenas duas pessoas bradando sentenças desconexas no mesmo lugar.”
É isso.
Manter uma conversa não significa sair esgotado dela. A dica é: não finja.
Não finja interesse naquilo que não te interessa de verdade – seja quando estiver ouvindo outra pessoa ou falando sobre seus próprios interesses –, nem finja curiosidade. Se a pergunta parece falsa para você, chances são de que parecerá falsa para o outro também.
Utilize sua emoção e sua energia da maneira correta. Quando você está genuinamente envolvido, interessado e otimista, a chance do outro se sentir da mesma maneira aumenta.
E verdade seja dita, talvez dali não saiam novos amigos ou uma interação memorável. Mas terá sido, pelo menos, uma experiência agradável para os dois.