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Executivos obtêm bônus gigantes antes mesmo de trabalhar

Companhias americanas estão atraindo a grandes executivos com bônus de contratação “dourados” de vários milhões de dólares


	Executivos conversando: número de companhias que pagam antecipadamente passou de 41 em 2012 para 70 até agora
 (Getty Images)

Executivos conversando: número de companhias que pagam antecipadamente passou de 41 em 2012 para 70 até agora (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2013 às 20h57.

Southfield, Michigan - Mais companhias americanas estão atraindo a grandes executivos com bônus de contratação “dourados” de vários milhões de dólares, mesmo que fracassos de grande repercussão, como a curta estada de Ron Johnson na J.C. Penney Co., exponham os riscos.

O número de companhias que pagam antecipadamente passou de 41 em 2012 para 70 até agora, neste ano, conforme a companhia de assessoramento em gestão GMI Ratings Inc. A J.C. Penney demitiu Johnson em abril, 17 meses após outorgar-lhe um bônus de contratação de US$ 52,7 milhões em ações para recrutá-lo da Apple Inc.

O caso da J.C. Penney destaca as armadilhas de uma prática que pode recompensar os executivos que não começaram a trabalhar em detrimento dos acionistas. Os chamados “olás dourados”, em sua maioria pagos com opções e concessões de ações, ficaram mais caros desde a alta dos mercados após o fim da recessão em 2009. Entre os maiores deste ano se encontra o pacote de US$ 45 milhões da Zynga Inc. para atrair o veterano da indústria de videogames Don Mattrick como presidente.

“Os investidores deveriam mostrar-se céticos quanto aos olás dourados, que representam pagamentos desacoplados do rendimento e não oferecem incentivos à retenção”, disse Lucian Bebchuk, professor da Escola de Direito de Harvard, em Cambridge, Massachusetts, que pesquisou sobre os salários dos presidentes.

Até agora, os investidores têm prestado menos atenção aos ‘olás dourados’ do que aos grandes pacotes de indenização conhecidos como “paraquedas dourados”. Eles deveriam se preocupar: as ações da J.C. Penney despencaram 50 por cento durante a gestão de Johnson. A Hewlett-Packard recuou 46 por cento sob a chefia de Leo Apotheker, demitido em 2011 apenas 10 meses depois de obter US$ 8,6 milhões em bônus de contratação e benefícios por mudança. No total, Apotheker recebeu o direito de ganhar cerca de US$ 34,7 milhões em dinheiro e ações por menos de um ano de trabalho.

Render primeiro

“O incentivo deveria ser que eles venham à companhia, rendam e sejam recompensados”, disse Jon Luther, presidente do Arby’s Restaurante Group Inc. e ex-presidente da Dunkin’ Brands Inc.


Luther conta que ele nunca pediu nem recebeu ofertas com bônus desse tipo para assumir um cargo: “Eu disse que eu faria o trabalho e caso tivesse sucesso eles podiam cuidar de mim”.

“Este é o tipo de situação onde não se recebe nada antes, mas tem que se pagar por antecipado pela esperança e pelas aspirações do que será entregue no futuro”, afirmou Robert Gill, gerente de fundos da Aston Hill Financial Inc., sediado em Toronto, que supervisiona oito bilhões de dólares canadenses (US$ 7,7 bilhões) em ativos, em uma entrevista neste mês. “Não gostamos disso e não achamos que seja proporcional à forma em que a indústria deveria remunerar as pessoas”.

As companhias costumam justificar os ‘olás dourados’ alegando que elas cobrem as compensações que os presidentes devem renunciar por abandonar seus antigos empregadores. Os pagamentos explicam parcialmente por que contratar a um presidente de fora custa cerca de um terço a mais do que promovê-lo internamente, segundo Chris McGoldrick, analista sênior de pesquisa na monitoradora de compensações Equilar Inc.

Muito cedo

Às vezes, os ‘olás dourados’ rendem aos investidores. As ações da Best Buy Co. mais do que dobraram desde que a varejista de produtos eletrônicos de consumo atraiu Hubery Joly para presidente em 2012 com um pacote que incluía um bônus de US$ 3,5 milhões à vista e concessões de ações e opções cotadas em quase US$ 13 milhões.

“Os conselhos devem ter cuidado para não se apaixonar por qualquer candidato”, afirmou James Post, professor de gestão e ética corporativa na Faculdade de Administração da Universidade de Boston. “É preciso ver bons candidatos a bons preços, não bons candidatos a qualquer preço”.

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