Pesquisa mostra que muitos profissionais do alto escalão não conseguem ficar longe do trabalho (Flavio VodSkaMan/SXC)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2012 às 10h30.
São Paulo - Já houve um tempo em que tirar férias era sagrado. Não só para descansar ou desviar a atenção para outros assuntos. Era o momento de se dedicar à família ou aos seus prazeres pessoais ou suas atividades e hobbies que não encaixavam em sua rotina.
Mas isso parece estar mudando. Os novos tempos ditam regras de produtividade nas quais não se encaixam mais as clássicas férias. De acordo com uma pesquisa realizada pela professora Betania Tanure, da Fundação Dom Cabral, escola para executivos em Belo Horizonte, muitos profissionais do alto escalão não conseguem ficar longe do trabalho. De mil executivos entrevistados no Brasil, 30% declararam não tirar férias há três anos ou mais. Entre aqueles que param para descansar, 50% tiram, em média, apenas dez dias de férias por ano.
O principal motivo alegado pelos entrevistados é, aparentemente, um argumento falho. Acreditam que a empresa não pode viver sem eles, se julgam insubstituíveis. Provavelmente é o contrário: basta saírem de férias para que se verifique não fazer falta nenhuma.
Nos Estados Unidos acontece o mesmo, mas por motivos diferentes. A cultura de férias lá é muito menos consolidada do que aqui. Mas o resultado final é semelhante. Em pesquisa realizada em 2006 pela Hudson, empresa americana de recrutamento, 24% dos entrevistados não tiraram férias. Mas 39% dos que tiram férias não deixam de ficar conectados, diariamente, nos e-mails e nos celulares.
A vida se inverte: o trabalho é sagrado. Férias, só se for com conexão total.