Ex-reitor dá dicas para toda boa liderança (Fundação Escola/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2021 às 13h14.
Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 14h17.
O ex-reitor da Harvard Business School, Nitin Nohria, elencou os traços comportamentais fundamentais da boa liderança. As informações foram obtidas através de uma pesquisa sobre os 100 melhores líderes do século XX nos Estados Unidos. A fala aconteceu durante o evento de comemoração dos 30 anos da Fundação Estudar, que acontece hoje (17) e conta com eventos ao longo dos próximos meses.
De acordo com Nohria, esses profissionais se destacaram pela performance e boa liderança em seus campos de atuação. Essas figuras conseguiram compreender as demandas de seu tempo e desenvolver modelos de negócios escaláveis e de sucesso a partir delas.
O ex-reitor descobriu que as lideranças que mais se destacaram podem ser dividas em 3 arquétipos: o empreendedor, o gestor e o líder.
O Empreendedor
O primeiro tipo, o empreendedor, é caracterizado por figuras que criam produtos ou serviços do zero e redefinem o mercado. Um grande exemplo desse tipo é Henry Ford, criador da Ford, que construiu não apenas o modelo de automóvel mas também o sistema de produção que foi implantado posteriormente em todo o setor automobilístico.
De acordo com Nohria, em relação ao impacto na sociedade, o modelo de produção desenvolvido “provavelmente foi maior que o próprio carro”. Outros exemplos de lideranças empreendedoras são Steve Jobs e Bill Gates.
O gestor
Para o segundo arquétipo, o gestor, Nohria explica que, às vezes, quem cria e desenvolve produtos nem sempre tem capacidade de difundi-lo e popularizá-lo. A partir disso, o gestor tem capacidade fazer o produto ou serviço crescer em escala até atingir o sucesso.
Algumas das características principais desse modelo de liderança é a disciplina e capacidade de gestão de pessoas. Um exemplo desse tipo foi Alfred Pritchard Sloan, presidente da General Motors, que tornou a empresa a maior companhia dos Estados Unidos por décadas.
O líder
Já o terceiro arquétipo, o líder, é caracterizado pelo profissional que tem capacidade de reinventar e reestruturar uma empresa quando ela atinge seu limite. De acordo com Nohria, qualquer empresa, em algum momento, encontra dificuldades e exige um processo de renovação.
O líder deve, então, ser capaz de “trazer vida nova” e reencaixar o produto no mercado. Um exemplo desse tipo de liderança foi o trabalho do empresário Lee Lacocca na Chryser. Nos anos 80, a empresa passou por um grave processo de falência que foi contornado durante a gestão de Lacocca.
Nitin Nohria afirma que a pesquisa deixou claro que “cada período da história humana abre espaço para novas oportunidades”. Hoje, há diversas campos novos de atuação para todos os tipos de organizações. Para o ex-reitor, quem deseja se tornar um líder deve levar em consideração 3 pontos:
1. Reconheça em que você é bom.
2. Não fique seduzido ou acredite que o sucesso é conquistado apenas através de um tipo específico de liderança.
3. Aprenda a reconhecer as oportunidades à disposição.
Ao longo da palestre, Nohria explicou algumas “características fundamentais” para todos os 3 tipos de liderança, o que ele chama de “tríade da boa liderança”. Os traços identificados foram:
1. liderança é, essencialmente, um ato de comunicação:
O líder tem que ter capacidade de persuasão. Isso exige o uso de palavras para convencer pessoas a seguirem ideias. O bom líder não impõe as vontades mas as torna atrativas para outros.
2. Capacidade de traduzir palavras em ação
“Não basta apenas ser bom com palavras, é necessário traduzi-las em ações”. O líder precisa encontrar boas formas de executar as ideias e implementá-las trazendo outras pessoas para ajudá-lo. “Você nunca será um líder se não tiver habilidade de traduzir ideias em ações”, afirma.
3. Entender a identidade
O líder precisa entender a própria narrativa e a própria identidade e desenvolver capacidade de trabalhá-las junto a outras pessoas. Nesse sentido, é importante conseguir se conectar individualmente com aqueles com quem trabalha e transmitir essa identidade.
Uma boa liderança inclui trabalhar em equipe. Para explicar como motivar outras pessoas, Nohria afirma que, a partir de estudos cognitivos, foi possível identificar quatro aspectos que permitem compreender a motivação humana e traçar estratégias a partir delas:
1. Aquisição: pessoas gostam de adquirir novas coisas, seja dinheiro, desejos, ideais etc.
2. Pertencimento: pessoas, até mesmo as mais individualistas, tendem a gostar de pertencer a um grupo ou equipe.
3. Curiosidade: pessoas são curiosas e gostam de aprender, estudar e criar novos trabalhos que as motivem.
4. Segurança: pessoas tendem a se defender, mas isso não é suficiente, elas querem defender os direitos das sociedades como um todo e se sentir seguras no ambiente.
Segundo Nohria, o que faz um líder perder controle em um cenário de crise é a autoconfiança que se transforma em arrogância, que pode ser tanto intelectual quanto moral. Nesse sentido, é necessário levar em consideração que o erro é sempre uma possibilidade e saber que, em momentos de crise, pedir ajuda e outras opiniões é importante.
Por isso, se cercar de pessoas inspiradoras e que também possam orientar em um momento de dificuldade é fundamental. De acordo com Nohria, “a arrogância intelectual é um desafio, mas a moral é o pior problema”.
O que o futuro exigirá dos líderes
De acordo com o ex-reitor, a tecnologia é um desafio que abre grandes oportunidades para líderes de todo o mundo. Ela abre potencial de criar novos negócios, trabalhá-los em escala e até recuperar empreendimentos em crise.
Para ele, os líderes precisam estar atentos às demandas de toda a sociedade. “As pessoas têm medo de que os negócios envolvam apenas um grupo pequeno da sociedade e não a todos”. Para ele, por isso “é importante pensar envolvendo o todo”.
Segundo Nohria, as questões ambientais e sociais devem estar presentes. “Eu sou um otimista”, afirma. Para ele, é possível conciliar negócios e proteção ambiental para desenvolver formas de preservar o meio ambiente e criar sociedades mais igualitárias.