Stress no trabalho: (ONOKY - Eric Audras/Getty Images)
Reuters
Publicado em 17 de dezembro de 2018 às 18h52.
Última atualização em 17 de dezembro de 2018 às 19h14.
Berlim - Quatro dias de trabalho, mas ser pago por cinco? Soa muito bom para ser verdade, mas companhias ao redor do mundo que reduziram a semana de trabalho descobriram que a medida aumenta a produtividade, motiva funcionários e reduz a incidência da síndrome de "burnout".
"É muito mais saudável e fazemos um trabalho melhor se não trabalhamos tantas horas", disse Jan Schulz-Hofen, fundador da companhia de software de gestão de projetos Planio, sediada em Berlim e que implantou esquema de semana de quatro dias para seus 10 funcionários mais cedo neste ano.
Na Nova Zelândia, a seguradora Perpetual Guardian registrou uma queda no estresse e salto no engajamento dos funcionários depois que testou a semana de 32 horas neste ano. Mesmo no Japão, o governo está encorajando companhias a permitirem que a semana comece depois da manhã de segunda-feira, embora outros esquemas no país workaholic para que as pessoas trabalham menos tenham tido pouco efeito.
A entidade sindical britânica Trades Union Congress (TUC) está defendendo que todo o Reino Unido adote a semana de quatro dias de trabalho até o final do século, uma medida apoiada pelo partido Trabalhista, de oposição.
O TUC argumenta que uma semana mais curta de trabalho é uma maneira dos funcionários compartilharem o bem-estar gerado por novas tecnologias como aprendizado de máquina e robótica, da mesma forma como o fim de semana deixou serem dias de trabalho durante a revolução industrial.
"Isso reduziria o estresse do trabalho e poderia levar a uma melhor igualdade entre os gêneros. As companhias que já tentaram afirmam que é melhor para a produtividade e o bem-estar de suas equipes", disse a diretora econômica do TUC, Kate Bell.
Lucie Greene, especialista em tendências na consultoria J. Walter Thompson, afirmou que há uma crescente insatisfação sobre excesso de trabalho, ressaltada no tuíte do presidente-executivo da montadora de carros elétricos Tesla, Elon Musk, que escreveu que "ninguém já mudou o mundo numa semana de 40 horas".
"As pessoas estão começando a dar um passo atrás na vida digital de 24 horas que temos agora e percebendo as questões de saúde mental que surgem quando se está constantemente conectado ao trabalho", disse Greene.
Uma recente pesquisa com 3 mil trabalhadores em oito países incluindo Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha descobriu que quase metade deles acha que poderiam facilmente concluir suas tarefas em cinco horas por dia se não tivessem interrupções, mas muitos excedem 40 horas por semana. Os EUA lideram essa tendência, onde 49 por cento afirmam que fazem horas extras.
"Como você sempre tem a tecnologia, você está sempre trabalhando, então as pessoas ficam com burnout", disse Dan Schawbel, diretor de desenvolvimento da Future Workplace, que conduziu a pesquisa com a Kronos.
De volta à Planio, clientes que ligam na sexta-feira para a empresa ouvem uma mensagem de voz explicando que não há ninguém no escritório.
"A maior parte dos clientes não reclamou. Eles ficaram com inveja", disse Schulz-Hofen.
A Grey New York, uma agência de publicidade controlada pela gigante WPP, lançou um programa em abril para permitir que os funcionários trabalhem quatro dias por semana mediante pagamento de 85 por cento do salário integral.
Schawbel espera que a ideia seja adotada por mais empresas e países, mas provavelmente não nos EUA: "Eu acho que os EUA serão o último país a nos dar as manhãs de segunda-feira de folga porque estamos muito acostumados em trabalhar assim."