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Este é um dos sinais mais poderosos da língua portuguesa, diz professor

Professor Diogo Arrais explica em sua coluna de hoje as regras para usar o sinal ponto e vírgula de pontuação

 (Choreograph/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 12h29.

Última atualização em 8 de janeiro de 2019 às 12h35.

O ponto e vírgula é um dos recursos mais libertários e poderosos de nossa Língua. Compreender a alma desse sinal está muito acima de "pontuar corretamente um texto"; o ponto e vírgula é um sinal (aqui no sentido de vestígio) de escritor fino.

Desconheço um examinador de textos (também chamado de corretor nas criteriosas bancas de processos seletivos) que não se renda à beleza de um assertivo elemento de elegância nos parágrafos.

O ponto e vírgula tem o didático papel de enumerar. Tem o poder de enumerar orações, mensagens, itens. Como exemplo, um trecho forte e bem-educado, representante do valor de um profissional, para possivelmente ser exposto no Linkedin:

"Liderança responsável sempre me inspirou; ter ouvidos atentos para compreender a equipe; saber que o ser humano tem sentimentos; importar-se com o outro para vencer sempre."

No parágrafo acima, devido à organização, destaca-se "liderança responsável". Com o uso de ponto e vírgula, todos os outros valores citados (compreensão, sentimento, audição) ligam-se ao líder responsável. Por causa dessa clareza, a mensagem repassa o comprometimento do profissional, do executivo.

Em uma função mais simples, é possível que o citado sinal separe itens de uma lei, de um decreto, de uma petição:

"Art. 127 - São penalidades disciplinares (Direito Administrativo):
I. advertência;
II. suspensão;
III. demissão;
IV. cassação de aposentadoria ou disponibilidade;"

No sinfônico conto Missa do Galo, de Machado de Assis, há uma verdadeira aula sobre Pontuação:

"E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser ouvido; cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais; ela, às vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco franzida. Afinal, cansou; trocou de atitude e de lugar. Deu volta à mesa e veio sentar-se do meu lado, no canapé. Voltei-me, e pude ver, a furto, o bico das chinelas; mas foi só o tempo que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e cobriu-as logo. Recordo-me que eram pretas."

É além do velho conceito "pausa mais longa que a vírgula" (de que raríssimos estudantes gostam); ponto e vírgula faz com ideias enumeradas, em um mesmo parágrafo, criem uma cadeia clara e didática.

Um grande abraço, até a próxima e inscreva-se no meu canal!

DIOGO ARRAIS
YouTube: MesmaLíngua
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa
Fundador do ARRAIS CURSOS

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