Entrevista de emprego: perguntas e dicas de respostas para você ficar à frente dos concorrentes. (foto/Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 22 de setembro de 2017 às 15h00.
Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h36.
São Paulo – As perguntas clássicas (e genéricas) continuam em alta nas entrevistas de emprego. Levantamento com base em 7,7 mil perguntas feitas por recrutadores a usuários da plataforma Love Mondays indica que o modelo tradicional de conversa ainda impera.
A pergunta “por que você quer trabalhar nesta empresa” foi que mais se repetiu entre as 4 mil entrevistas levadas em conta pela pesquisa. Paulo Dias, diretor da consultoria STATO explica que questões como essa são bem mais comuns em entrevistas para posições de entrada em uma empresa ou para selecionar profissionais em cargos de iniciais de carreira.
Ele diz que nas entrevistas que conduz com candidatos executivos, as perguntas 1,2 e 10 da lista podem aparecer. “As demais, não costumo fazer por entender que todo profissional virá com respostas muito montadas”, diz.
Mesmo assim, ele topou dar dicas para responder cada uma delas. Confira:
Só quem conhece, de fato, a empresa, seus valores e objetivos é que vai conseguir se sair bem ao justificar o interesse em trabalhar para ela, segundo Dias. Daí a importância de pesquisar sobre a empresa antes de conversar com o recrutador.
Um caminho possível de preparação, segundo ele, é entender como profissionais que passaram por essa empresa se desenvolveram. A partir daí será possível avaliar se entre você a empresa “pode dar samba”.
Obviamente que saber tudo sobre a cultura de uma empresa, sem nunca ter trabalhado para ela, é impossível, por isso dúvidas são bem-vindas. “Sua resposta tem que ser sincera, bem pautada e inclusive pode vir acompanhada de dúvidas e questionamentos, desde que com profundidade”, diz Dias.
O famoso (e tenso?) momento do “ fale mais sobre você” pede objetividade e clareza no discurso do candidato justamente por ser um pedido muito aberto.
Segundo Paulo Dias, pode ser que o recrutador contextualize o pedido para um momento específico e, nesse caso, aponte informações concretas, resultados em números e prazos.
“Ser for sobre toda sua experiência de vida ou profissional, traga informações organizadas em ordem cronológica, de uma forma sucinta”, diz. Não tenha receio de resumir sua trajetória e deixe claro que pode dar detalhes de uma passagem ou outra se ele quiser.
Autoavaliação nem sempre cai bem numa entrevista, diz o diretor da STATO. Por isso, o recrutador indica que o candidato se valha de feedbacks que já tenha recebido ao longo da carreira. “Diga algo verdadeiro que seja uma percepção de colegas ou amigos e não simplesmente sua”, diz.
Esta pergunta pode até ser batida, mas não mais do que respostas como, por exemplo, sou perfeccionista, ou sou muito detalhista. Na verdade, diz Paulo Dias, essa é a pegadinha e travestir uma qualidade de defeito pega mal.
“Pense, em vez disso, em uma percepção comum mais uma vez, mas algo que você já esteja trabalhando para melhorar”, diz.
Como responder sem se prejudicar? Escolha uma fraqueza para a qual você já tenha traçado um plano de ação para minimizá-la. Por exemplo, você pode dizer que tem dificuldade de falar em público e por isso tem procurado se expor mais que se torne algo mais natural. “ Você passará muito mais credibilidade”, diz.
Conte sobre suas metas pessoais que imagina serem alcançáveis em curto e médio prazo. “Como, por exemplo, ganhar solidez em determinado conhecimento, se preparar para posições de gestão no futuro. Mostre que objetivos de longo prazo dependerão de uma série de fatores e do alinhamento que terá na empresa ”, diz o diretor da STATO.
Ainda que esteja na lista de mais comuns, segundo os usuários da plataforma, não é uma questão que faz sentido se o recrutador estiver com seu currículo.
“Se quiser explorar sua formação, a única dica possível é você trazer o porquê escolheu essa formação, o que levou disso para sua vida”, diz Dias.
É o momento de resumir ao recrutador como sua experiência está alinhada com o escopo de atuação do cargo que deseja ocupar. “Mostre o quanto você poderia contribuir para o objetivo da empresa”, diz o recrutador.
Ao fazer a pergunta, o entrevistador quer avaliar, segundo o diretor da STATO, quer avaliar a percepção do candidato sobre o desafio proposto e o quanto à vontade se sente para encará-lo.
“Sim ou Não é muito seco. Traga exemplos de trabalho em equipe que você tenha realizado e qual foi o seu papel na equipe”, indica Paulo Dias.
Essa, na opinião de Paulo Dias, é a que os candidatos mais têm dificuldade em responder. “Ficou estigmatizado que trabalhar sob pressão é fundamental, então todos dirão que lidam bem. O problema é conseguirem comprovar com exemplos se sabem mesmo lidar”, diz.
E a falta de exemplos compromete o valor da resposta afirmativa porque não fará a menor diferença para o recrutador, segundo o especialista.
A empresa está avaliando se você não está com expectativas inalcançáveis e poderia se frustrar com facilidade, segundo Dias. “Seja realista e entenda se a empresa tem espaço para proporcionar o que você espera da sua carreira neste período”, diz.
Quer saber mais?
Paulo Dias, neste vídeo de carreira, explica como falar sobre uma demissão:
https://www.youtube.com/watch?v=x0f2-VDGbO0