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“Estamos na Idade da Pedra Lascada da IA”: André Esteves e Silvio Meira debatem tecnologia no Inteli

André Esteves, chairman do BTG Pactual e um dos fundadores do Inteli, e Silvio Meira, cientista, professor e fundador do Porto Digital, participam de um painel sobre os desafios e as oportunidades que a tecnologia pode trazer para empregabilidade e para o desenvolvimento do país

Painel intermediado por Maíra Habimorad, presidente do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), com participação de Silvio Meira, cientista, professor e fundador do Porto Digital, e André Esteves, chairman do BTG Pactual e um dos fundadores do Inteli (Inteli /Divulgação)

Painel intermediado por Maíra Habimorad, presidente do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), com participação de Silvio Meira, cientista, professor e fundador do Porto Digital, e André Esteves, chairman do BTG Pactual e um dos fundadores do Inteli (Inteli /Divulgação)

Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 14h11.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2024 às 15h36.

“A tradição do mundo é mudar, por isso usamos a tecnologia para evoluir há muito tempo, desde o domínio do fogo e da criação da lança e da roda; tudo isso foram tecnologias que ajudaram a humanidade a evoluir. Agora estamos frente ao um novo desafio com a IA”, diz Maíra Habimorad, presidente do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), primeira faculdade de tecnologia orientada a projetos do país que busca formar líderes.

O Instituto recebeu a quarta turma de alunos durante o evento realizado nesta quarta-feira, 30, no campus que fica localizado na Cidade Universitária, em São Paulo. Junto com familiares e veteranos, os novos 140 alunos, assistiram a um painel sobre “Tecnologia, Empregabilidade e Inovação no Mercado de Trabalho” que contou com a participação de André Esteves, chairman do BTG Pactual e um dos fundadores do Instituto, e Silvio Meira, cientista, professor e fundador do Porto Digital, parque tecnológico localizado em Recife.

“Estamos na Idade da Pedra Lascada da IA, ou seja, nem começou ainda. Apesar do primeiro artigo científico sobre o tema ter sido publicado em 1950, em que foi questionado se as máquinas poderiam pensar, foi com a chegada da internet e das redes sociais que vimos o efeito social acontecer”, diz Silvio que reforça que a nova inteligência veio para somar com outras duas que temos com propriedade.

“Até agora convivíamos com duas inteligências, a inteligência pessoal, que nos dá a capacidade de captar, processar a informação e tomar decisão; e a inteligência social, em que articulamos e trocamos com as outras pessoas”, diz Silvio que reforça que o que acabou de acontecer é que a IA online cria uma dimensão artificial da inteligência.

“Não são ferramentas, não são plataformas, é uma dimensão diferente da inteligência, em que é possível articular a inteligência individual e coletiva com essa nova inteligência, que pode nos empoderar e estender a nossa capacidade cognitiva, de aprender.”

Formado também na área da ciência da computação, Esteves comenta que é curioso os marcos de desenvolvimento da inteligência artificial, mas traz como destaque que o negócio estourou mesmo quando se tornou consumível.

“Quando o computador ganha de um mestre de xadrez mostra que de fato conseguimos estabelecer a inteligência maior que a nossa”, diz o chairman do BTG Pactual, do mesmo grupo de controle da EXAME.

Inteli recebe a quarta turma de alunos que soma 140 novos estudantes. Ao todo, o Instituto tem mais de 340 alunos desde sua fundação em 2022 (Inteli /Divulgação)

A aposta no Brasil

O desafio agora é como potenciar essa tecnologia ao nosso favor. Segundo o executivo do BTG Pactual, o Inteli é uma crença no Brasil, que apesar de todos os desafios geopolíticos, apresenta um bom cenário para desenvolver soluções tecnológicas e líderes do futuro.

“Esperamos que os alunos formados na Instituição possam promover uma transformação mais ambiciosa do que fizemos até agora. Por isso a ideia dessa faculdade é formar líderes dentro e fora do campo da tecnologia, certamente usando o conhecimento tecnológico que será essencial.”

Quanto aos efeitos geopolíticos, eles afetam regiões e países de formas diferentes, segundo Esteves, que reforça que o Brasil, por exemplo, está sendo afetado positivamente por esse deslocamento geopolítico.

“Estamos em uma região geograficamente calma, temos bons relacionamentos com países de diferentes continentes, somos o maior exportador de alimentos do mundo e o país do G-20 que tem a matriz energética mais renovável, tendo um grande potencial de crescer como produtor de energia limpa em grande escala e em preços baixos”, diz o executivo do BTG Pactual que reforça que o Brasil, apesar dos desafios, "está andando para frente".

“O Brasil tem US$ 100 bilhões de superávit comercial, que é um dos maiores da história, só China e Alemanha têm números maiores do que esse, e temos um ambiente muito favorável para investimento externo no país. Ainda tem muito para melhorar, mas se compararmos o Brasil hoje com dez, 50 anos atrás, ele está muito melhor. Andamos muito para a frente, e por acreditarmos no Brasil, fizemos o Inteli aqui.”

Como desenvolver tecnologias de forma ética

Outro tema que foi levantado por um aluno foi como desenvolver tecnologias em um ambiente ético. Silvio, que hoje é conselheiro do Inteli e criador do Porto Digital, parque tecnológico que reúne hoje em Recife 404 empresas, 265 startups e já fatura anualmente R$ 5 bilhões, disse que o caráter dos alunos será colocado em prova e muitos momentos.

“Em alguns momentos da sua vida você irá se deparar com questões que vão te exigir essa ética. Poderá ter situações, por exemplo, em que seu chefe vai pedir para você colocar um código em produção do jeito que está, mesmo que você corra o risco de derrubar um avião com o uso desse código. Você fará isso? Eu por exemplo assinei um compromisso de nunca desenvolver códigos que fossem usados para armamentos. E eu cumpri isso até hoje. Você vai ter de escrever em seu registro mental sobre coisas que você não fará para não correr esse risco.”

Como dominar todas as tecnologias?

Outra preocupação que surgiu de um aluno durante o painel foi como o cientista consegue ficar atento a todas as tecnologias. Para Esteves, o trabalho em rede, ou seja, em equipe, faz diferença neste mundo dinâmico, onde não conseguimos mais ter o controle de todas as informações.

“As carreiras no futuro são imprevisíveis e vão ser cada vez mais fluidas. A tecnologia vai evoluir tanto que queremos ensinar algo a mais, queremos mostrar como ser um bom líder. A ideia do Inteli é ensinar conceitos que vão mais longe do que uma linguagem nova. Queremos entregar algo relevante, aquilo que você vai ter intrinsicamente e que vai te ensinar a se adaptar aos desafios do momento”, diz Esteves.

Nesta quinta-feira, 1º, o Instituo segue com a programação para os novos alunos, com uma nova palestra com o empresário e produtor musical Kondzilla e um bate-papo com Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual e cofundador do Inteli.

Com a primeira turma iniciada em fevereiro de 2022, a nova turma de 140 alunos se somará a mais de 340 alunos que estão distribuídos em quatro cursos de graduação presenciais: engenharia de computação, engenharia de software, ciência da computação e sistemas de informação. Com metodologia de ensino baseada em projetos, os alunos já solucionam desafios propostos por empresas parceiras, como Meta, IBM, Dell, BCG, Gerdau, Azul, BTG Pactual, Klabin, entre outras.

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