Professora segura cartaz em assembleia: de greve ou em greve? (Tomaz Silva/Agência Brasil/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 10h00.
Quem vive no Brasil convive com uma expressão: greve. Passa-se em frente a um banco ou a uma universidade, por exemplo, e está lá a frase “Estamos em greve!”. Na fala, é comum o uso de “Estamos de greve a partir de hoje!”. Há pouco tempo, em São Paulo, li “O metrô parou! Estão de greve!”.
De acordo com o Aurélio, a preposição EM entra na composição de adjuntos adverbiais que exprimem a ideia de “lugar onde se está ou onde se sucede alguma coisa”. Diz-se, por exemplo, que “A greve do metrô eclodiu em São Paulo.” Mais: “Fulano estava em aula quando soube da greve.”
Tal partícula EM pode, dentre outras funções, desempenhar “à maneira de, como”: “O grevista comunista apresenta uma barba que se desdenha em catarata.”
Já a preposição DE, com larguíssimo emprego na Língua Portuguesa, indica basicamente a relação possessiva, a relação de proveniência, da origem: “estação do metrô paulistano”, “assento do idoso”, “grevista de São Paulo”, “estação da Luz” etc.
Vê-se, também, muito a relação especificativa, de qualidade, caráter, índole, pendor: “vagão de luxo”, “movimento de fulgor compacto”. Em tempo, ratifico que há tantos outros usos e significados (como a própria ideia de complementação) do elemento de ligação DE.
Usar, pois, na escrita formal, “de greve” é incoerente, ilógico – justamente por existir a preposição EM, que indica a ideia de “dentro de”, “à maneira de”, “como”. Logo, os sujeitos estão “em greve”, ficarão muitos dias “em greve”!
Seria possível, então, afirmar que “Os metroviários ficaram em processo de greve (...)”? Sim, já que o DE complementa o termo “processo”. Maravilha! No entanto, deve-se lembrar da recomendação gramatical: “o processo de greve” refere-se ao movimento ainda não deflagrado, ou seja, ao movimento que está prestes a acontecer.
Usando o mesmo vagão semântico (da significação prepositiva), usa-se EM nas expressões “em mão”, “em nível”, “em licença médica”. Vejamos:
“O metroviário entregou o manifesto em mão.”
“Sindicato inaugurará curso em nível nacional.”
“Yeda, a sindicalista, ainda está em licença médica.”
Ah! Caso você siga o trilho das férias, neste mês de julho, registre aos amigos que sua alma está em férias e não em serviço.
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