Felicidade: valorização dos estagiários explica alta satisfação (MilicaStankovic/Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 20 de junho de 2019 às 06h00.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h53.
São Paulo - A culpa é estagiário? Esqueça aquele velho clichê de que a função primordial de quem ocupa a função é mexer na fotocopiadora e levar a culpa pelos erros que ninguém na empresa quer assumir.
O papel do estagiário mudou e está mais estratégico, o que tem reflexo direto na percepção que esses jovens têm da qualidade de vida no trabalho. A mais recente medição do Índice Sodexo de Qualidade de Vida no Trabalho (IQVT), com a participação de 3,2 mil profissionais no primeiro trimestre deste ano, coloca os estagiários no topo do ranking de satisfação.
Basta ver a gama de oportunidades, treinamentos e mimos anunciados como atrativos em programas de estágio para ter uma dimensão da valorização dos estagiários na estratégia de negócios das empresas.
Na Ambev, por exemplo, eles desenvolvem projetos individuais e são acompanhados de perto pela liderança na empresa. Na Kraft Heinz também. Lá os estudantes ficam responsáveis por um projeto de melhoria na área em que estão atuando.
“As empresas já entenderam a importância do jovem para a transformação cultural e de mentalidade”, diz Fernando Cosenza, vice-presidente de marketing da Sodexo Benefícios e Incentivos.
A afirmação do executivo vai ao encontro das palavras de Flávio Pesiguelo, vice-presidente de pessoas, cultura e organização da Natura, em comunicado enviado à imprensa sobre o programa de estágio da empresa: “o estágio faz parte da importante transformação que escolhemos viver. Queremos ser uma organização que aprende rápido, aproveitando a inteligência coletiva para liberar a potência e realização da nossa rede diversa de pessoas”, disse, em nota.
O apoio das novas gerações acelera a mudança de cultura de trabalho que vêm com as novas tecnologias e métodos de trabalho. “A valorização do profissional mais jovem acontece muito por conta da contribuição que eles podem dar”, diz Consenza.
Reconhecimento e crescimento pessoal são duas das seis dimensões do cálculo do Índice de Qualidade de Vida no Trabalho que também leva em conta Saúde e bem estar, ambiente físico, interação social, facilidade e eficiência.
Na pesquisa, cada dimensão é classificada dentro de uma escala de 0 a 10 e juntas compõem o índice geral. Nesta edição, a nota de satisfação no trabalho dos brasileiros foi de 6,46.
No recorte da pesquisa por cargos, além dos estagiários, profissionais do topo da hierarquia também aparecem com satisfação mais alta. “ O aspecto da remuneração ainda tem peso especial na percepção de qualidade de vida”, diz Cosenza.
Confira o ranking dos cargos com mais e menos qualidade de vida no trabalho:
Cargo | Índice de Qualidade de Vida |
Estagiário | 8,08 |
Presidência/direitoria/gerência/proprietário/ dono | 7,26 |
Coordenação/supervisão/chefe de seção | 6,7 |
Empregado de áreas executivas/adm/financeiras, sem atribuição de chefia | 6,64 |
Serviços de apoio administrativo ( secretários, recepcionistas, telefonistas) | 6,47 |
Professor | 6,41 |
Corretor de Imóveis | 6,33 |
Outros | 6,25 |
Empregado de áreas de fabricação/operário/operador de maquinário | 6,11 |
Empregados de serviços de limpeza e manutenção | 5,87 |
Na divisão por faixa etária a juventude mais uma vez aparece como a mais satisfeita. Os mais jovens - de 18 a 24 anos - saíram na frente como mais satisfeitos, com no 7,93. Os respondentes entre 25 a 24 anos tiveram nota 6,5 e a faixa etária de 35 a 54 anos teve índice de 6,46. Profissionais mais experientes, com mais de 55 anos, são os menos satisfeitos: índice de 6,67.