(Klaus Vedfelt/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 2 de março de 2021 às 07h00.
Última atualização em 4 de março de 2021 às 10h02.
Se você está procurando por um novo emprego, saiba que não está sozinho: uma pesquisa da consultoria Robert Half pelo LinkedIn com mais de 400 pessoas mostrou que o foco em 2021 para 34% dos profissionais estará em mudar de emprego.
De acordo com o Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half, a retomada gradual da economia fará com que muitos profissionais comecem a olhar novas oportunidades.
“Seja como profissional, gestor ou líder de uma organização, momentos de desaceleração servem também para reorganizar rotas, pois, na retomada, sempre saem em vantagem as pessoas e organizações que, na medida do possível, conseguem se reinventar no caos”, fala ele.
O diretor deixa o alerta para os gestores: na recuperação, empresas que sairam mais preparadas de 2020 voltarão a contratar e há o risco de perder os melhores talentos.
Um levantamento da startup Intera com mais de 23 mil profissionais em todo o Brasil mostra as principais motivações para a troca de emprego agora. Mais de 53% dos brasileiros querem uma empresa em outra área e 34% falaram que não possuem oportunidades de crescimento na empresa atual.
Paula Morais, cofundadora e CEO da Intera, comenta que a pandemia teve um impacto maior nas profissões mais tradicionais, enquanto as posições de tecnologia tiveram um crescimento nítido. O movimento fez com que muitos olhassem para empresas e carreiras em crescimento para traçar um novo plano.
“A pandemia teve um grande impacto sobre a forma como as pessoas se relacionam com seus empregos. Ao aderir ao isolamento social, o trabalho literalmente entrou pela porta de casa dos profissionais. Esse movimento fez com que muitas pessoas se questionassem se aquilo que elas estavam levando para casa fazia sentido ou não”, comenta ela.
Se identificou até aqui? Para ajudar os profissionais a navegar o mercado de trabalho nesse ano, a EXAME consultou especialistas em RH para apontarem as mudanças no mundo do recrutamento. Além do básico de atualizar o currículo, eles deram dicas de como lidar com o cenário de 2021. Confira:
Na hora de atualizar o currículo, o profissional precisa fazer com que suas principais habilidades sejam facilmente rastreadas pelo recrutador. Para isso, é necessário listar essas competências e coloca-las na mesma linguagem que o RH usa.
“Acho que a pessoa precisa, de maneira geral, listar as palavras-chave relacionadas a sua atividade. Insira as palavras na descrição das suas responsabilidades, ou distribuídas em outros lugares do documento para que seja pescada pelo recrutador”, fala Paulo Moraes, diretor da Talenses Group.
A dica também vale para a leitura de currículos por inteligência artificial. Ao escolher as palavras, o profissional precisa pensar no que se relaciona às responsabilidades que teve nas experiências passadas e que mostra ao recrutador que tem as atribuições necessárias para as vagas.
“Não tenho dicas sobre a estrutura do currículo em si, mas faz a diferença colocar ao menos dez palavras relacionadas com a sua área em evidência”, explica o diretor.
E a dica que não se deve esquecer nunca: salve o seu currículo em PDF!
Já ouviu falar de SEO? Quem trabalhar na área de conteúdo digital já está familiarizado com a sigla para Search Engine Optimization (do inglês, otimização para motores de busca), uma série de práticas que tornam um texto mais fácil de ser encontrado na internet.
Para Leonardo Freitas, CEO da HAYMAN-WOODWARD, além de ajudar no ponto anterior das palavras-chave no CV, os profissionais deveriam entender conceitos do marketing pessoal (e digital) na hora de buscar emprego. E esse é um dos muitos termos do mundo digital que todos os profissionais deveriam se atentar.
“Na nova década que se inicia, será essencial a busca por conhecimentos no âmbito digital. Profissionais de praticamente todos setores precisam buscar atualização ou até mesmo alfabetização na área digital. Seja qual for sua especialização, as ferramentas digitais serão cada vez mais utilizadas no seu dia a dia no trabalho”, comenta ele.
Da mesma forma, os processos de seleção remotos vieram para ficar. Todos os especialistas avisam que os candidatos vão se deparar com testes, dinâmicas e entrevistas online. Para quem saiu do emprego agora e não participou de processos recentemente, vale se preparar para essa novidade.
“As pessoas precisam estar preparadas para obter o melhor da tecnologia em prol do seu trabalho. Estamos falando de um cenário com contratação remota, gestão à distância, recrutamento digital daqui pra frente. E isso reflete nas habilidades e competências dos profissionais” , fala o diretor da Talenses.
Entre as tendências para o ano, o diretor da Talenses destaca que não tem como fugir da presença digital. Segundo ele, as empresas vão analisar cada vez mais as habilidades digitais dos profissionais na forma como se apresentam em redes como o LinkedIn ou demonstram familiaridade com ferramentas digitais de trabalho.
“Se as pessoas querem ser encontradas e abordadas por recrutadores, elas precisam ter presença em plataformas digitais. Mais do que estar presente apenas, construir um bom perfil é fundamental”, fala ele.
Confira o podcast da Exame com um guia de como melhorar seu perfil do LinkedIn e encontrar emprego na rede:
Não existe fórmula de bolo, mas 2021 é o momento para ativar sua rede de contatos profissionais. “Não tem receita aí, mas ainda aconselho ter cuidado com essa ativação para que não se torne um contato indesejado. O bom senso é importante. Quando você cultiva essas conexões sempre, fica mais fácil fazer o contato para pedir ajudar”, diz o diretor da Talenses.
A dica do especialista para fazer um networking efetivo é retomar o contato, avisar a pessoa sobre o seu objetivo e perguntar se pode manter a conexão no futuro para checar oportunidades na área ou na empresa.
“Depende muito do nível de intimidade que já tem com a pessoa, mas é muito positivo conscientizar sua rede de que está procurando recolocação. O ideal é que essa rede seja construída ao longo da carreira. Para quem não fez antes, agora é uma ótima oportunidade para aprender a fazer”, explica ele.
Segundo o diretor geral da Robert Half, a palavra do momento é flexibilidade. Da mesma forma que os profissionais estão procurando por empresas que ofereçam home office, as empresas também procuram por pessoas com facilidade para se adaptar a mudanças.
“Em um processo de seleção o primeiro passo é ter clareza no que você busca e se a empresa vai te oferecer o que você quer para que você não se sinta frustrado futuramente, caso seja aprovado. Ou seja, identificar se os valores e cultura que a empresa oferece são compatíveis com os seus. Aquele profissional que tiver um perfil mais flexível, que se adapta com facilidade às mudanças, que possui empatia e comunicação fluida, que seja transparente, sincero e tenha postura adequada, certamente, estará à frente em um processo seletivo. O profissional que estiver aberto a todas as modalidades de contrato, bem como diretamente na empresa, como temporário ou como terceiro também sairá à frente”, fala ele.
Você organiza sua agenda e suas tarefas no trabalho? Para conseguir um novo emprego, o diretor da Robert Half recomenda encarar a busca como um trabalho por si só. Dessa forma, o profissional deve traçar um plano e ter disciplina para seguir os passos necessários.
Esses passos incluem tanto a busca por vagas, quanto o investimento para adquirir habilidades novas.
“Vale seguir apostando na qualificação, por meio de cursos específicos para desenvolver alguma habilidade comportamental, participar de processo de coaching, manter diálogo com pessoas que compartilhem novas ideias e transfiram conhecimento e manter um hábito de leitura, por exemplo. Ou seja, manter uma auto disciplina na questão de evolução e buscar o caminho que quer percorrer é a melhor maneira de se manter motivado”, comenta ele.