Christchurch: mercado na área de construção e infraestrutura está em ebulição (Camila Pati/Site Exame)
Camila Pati
Publicado em 6 de março de 2017 às 15h00.
Última atualização em 6 de março de 2017 às 15h00.
Christchurch - Devastada por um terremoto em 2011, a Christchurch, na ilha sul da Nova Zelândia, vive um momento de intensa reconstrução e por isso é um dos mercados mais promissores para engenheiros em todo país.
A cidade tem a menor taxa de desemprego (4,2%) de toda a região da Australásia, que compreende Austrália, Nova Zelândia, Nova Guiné e ilhas da parte oriental da Indonésia.
As áreas com maior demanda no mercado de trabalho local são engenharia civil, mecânica e elétrica, segundo Michael Edmonds, chefe do departamento de engenharia e arquitetura do Ara Instituto de Canterbury. Áreas como hidráulica e engenharia ambiental também têm grande necessidade por profissionais, segundo os especialistas ouvidos por EXAME.com em Christchurch.
"É completamente justo dizer que Christchurch é, sim, a cidade da Nova Zelândia que mais precisa de engenheiros, tendo em vista que o investimento na reconstrução da cidade é da ordem de 40 bilhões de dólares neozelandeses", diz David Wareham, reitor internacional da faculdade de engenharia da Universidade de Canterbury.
Diante desse cenário, é bem difícil andar pela cidade sem topar com gruas e sinais indicando obras ou reformas.
Muitas das especialidades de engenharia aparecem na lista de profissionais mais procurados pelo governo, publicada regularmente pelo Ministério de Imigração da Nova Zelândia. Ser desta área significa uma certa vantagem competitiva para quem quer migrar para o país.
"Enquanto os engenheiros civis são essenciais para a construção dos prédios, uma vez que a estrutura já está de pé, precisa-se do trabalho de engenheiros mecânicos e elétricos", explicou Edmonds a EXAME.com. Segundo informações do ministério de Negócios, Inovação e Emprego, há boas chances para quem está começando na carreira.
Na área de engenharia, de uma forma geral, os salários são altos para os padrões do país. Para recém-formados vão de 60 mil dólares neozelandeses (133,2 mil reais) a 120 mil dólares neozelandeses (266,4 mil reais), segundo Wareham.
Mas não só os engenheiros graduados que encontram mercado promissor em Christchurch, segundo Marcelo Credidio, gerente de vendas da CCEL, escola de inglês parceira da Universidade de Canterbury. A área de construção, como um todo, está em ebulição na cidade.
"Muitos alunos da nossa escola encontram trabalho na área de construção para bancar sua estada enquanto estão estudando. A remuneração que conseguem é maior do que o salário mínimo daqui", diz.
Na Nova Zelândia, quem tem visto de estudante pode trabalhar até 20 horas por semana. O salário mínimo no país é de 15,25 dólares por hora. De acordo com Credidio, há brasileiros trabalhando como pintores, ajudantes de obra e em outras ocupações comuns em obras.
Estudar no país aumenta as chances de empregabilidade no mercado local
Conseguir um emprego na Nova Zelândia estando no Brasil é tarefa muito mais complicada para quem não tem uma rede de networking no país. A solução pode estar nas salas de aula, já que a agência de educação ligada ao governo trabalha fortemente para atrair estudantes internacionais e suas universidades e centros tecnológicos têm grande interação com a indústria.
Em Christchurch, por exemplo, fica a renomada Universidade de Canterbury (UC), que tem um dos melhores cursos de engenharia civil do mundo, além de oferecer outras oito especializações no ramo de engenharia.
"Estamos no top 50 do ranking da QS em engenharia civil", diz Wareham, reitor internacional da faculdade que acaba de ganhar um novo prédio, fruto de investimento de 144 milhões de dólares neozelandeses.
Estudantes de engenharias da UC precisam obrigatoriamente fazer 100 dias de estágio prático (900 horas) para conseguirem se formar, o que significa que a entrada no mercado de trabalho acontece antes da formatura.
A universidade também apoia estudantes por meio de um clube de carreira, onde eles aprendem como montar currículos, como se portar em entrevistas de emprego, além de promover uma série de atividades para conectar estudantes e empregadores.
A vantagem para brasileiros na UC é que o diploma do ensino médio é prontamente aceito e o estudante não precisa fazer estudos complementares. Basta que o nível de inglês seja suficiente.
A única diferença é que ele começa o seu primeiro ano estudando na UC International College, que oferece o mesmo currículo da UC mas tem menos alunos por classe, e permite um acompanhamento personalizado para alunos estrangeiros.
"Somos a única universidade da Nova Zelândia a aceitar o currículo do ensino médio brasileiro sem a necessidade de estudos complementares", diz Emma White, gerente de marketing da UC Internacional College. A partir do segundo ano de curso, estudantes neozelandeses e internacionais passam a estudar juntos.
Para quem busca formação tecnológica, o Ara Institute of Canterbury, também em Christchurch, oferece certificados, diplomas e bacharelado em engenharia civil, mecânica e elétrica, justamente as áreas mais buscadas.
Como todas as escolas politécnicas, o Ara tem viés mais prático. "Focamos sempre na necessidade do mercado", garante Tim Hayashi, gerente de marketing internacional do Ara.
O instituto está prestes a inaugurar seu novo prédio de engenharia, que teve investimento de 34 milhões de dólares e deve começar a receber alunos em junho deste ano.
O benefício de estudar em uma escola politécnica é, na opinião do gerente de projetos do Ara, Dave Nicholls, o maior apelo prático do curso. "Estudei engenharia elétrica aqui e isso realmente fez a minha carreira decolar", diz. Ele atribui a preferência do mercado pelos estudantes da politécnica à experiência prática de aprendizagem que o curso oferece.
* A jornalista viajou a convite da Education New Zealand, agência de educação internacional do governo da Nova Zelândia