Ilhas Maurício faz parte da lista dos melhores destinos para quem busca bem-estar na aposentadoria (Balate Dorin/Getty Images)
Repórter
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 11h33.
Última atualização em 22 de setembro de 2025 às 18h01.
A aposentadoria deixou de ser apenas um marco doméstico e vem se transformando em uma jornada global. Segundo o Global Retirement Report 2025, estudo que avaliou 44 países com programas de vistos de renda passiva e aposentadoria, cresce o número de pessoas que buscam qualidade de vida, segurança e benefícios fiscais fora de seus países de origem.
O levantamento, que analisou 20 indicadores agrupados em seis dimensões — como qualidade de vida, cidadania, economia, tributação, segurança e integração — revelou os destinos mais promissores para quem deseja se estabelecer no exterior.
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Pelo segundo ano consecutivo, Portugal aparece como o destino mais atrativo para aposentados, seguido por Ilhas Maurício, Espanha, Uruguai e Áustria.
Os países se destacaram por oferecer alta qualidade de vida, bom sistema de saúde, políticas inclusivas de cidadania e programas fiscais favoráveis.
Além da qualidade dos serviços médicos e do ambiente seguro, Portugal e Espanha chamam a atenção por regimes tributários especiais no sul da Europa. Já o Uruguai aparece como destaque regional nas Américas, combinando proximidade geográfica com estabilidade e integração social.
“Os países que lideram esse ranking têm algo em comum: conseguiram transformar qualidade de vida em política pública estruturada. Portugal, por exemplo, combina um sistema de saúde bem avaliado, segurança relativa alta e programas fiscais estáveis, atraindo milhares de aposentados estrangeiros todos os anos. O Uruguai se destaca na América do Sul por oferecer um sistema previdenciário mais previsível e índices de segurança superiores aos brasileiros", diz Marcela Zaidem, fundadora e CEO da CNP (Cultura na Prática).
Espanha, por sua vez, se destaca por razões complementares. Se Portugal encanta pela serenidade, Espanha seduz pela sua energia comunitária.
"Aqui, a vida social é uma infraestrutura invisível que sustenta o bem-estar em todas as fases da vida. Os laços familiares e de vizinhança, a riqueza cultural que está presente no dia a dia, e um sistema de saúde que combina capilaridade e eficiência tornam o país um dos mais completos para envelhecer e, por consequência, para viver. Cidades como Valência, Bilbao ou Málaga oferecem hoje o melhor dos dois mundos: acesso a serviços de qualidade e uma vida vivida nas ruas, nas praças, no convívio", afirma Tiago Santos, português que vive na Espanha e é VP de Comunidade e Crescimento da Sesame HR.
Do lado psicológico, a neurocientista Andrea Deis afirma que a aposentadoria pode gerar uma sensação de perda de propósito e status, mas o novo ambiente ativa o sistema de recompensa: novas amizades, novas atividades e uma nova fonte de significado.“Quando se muda de país, o indivíduo não perde, ele ganha outro cenário de vida.”
Mais de 70% dos países analisados tiveram pontuação acima da média em saúde, meio ambiente e bem-estar geral. Outro destaque é a possibilidade de manter laços familiares: 93% dos programas permitem a entrada de filhos e cerca de um terço estendem o benefício a pais dependentes.
A inclusão é reforçada pela abertura à dupla cidadania em quase todos os países avaliados e pela oferta de caminhos claros para naturalização — metade dos programas concede cidadania em até cinco anos.
O estudo também mostra que 61% dos países oferecem vantagens fiscais específicas para aposentados, como isenção de impostos sobre pensões recebidas do exterior ou alíquotas fixas reduzidas. Além disso, 61% exigem renda mensal de até €2.000 e 68% têm custos de inscrição abaixo de €2.000, tornando o processo acessível para além do público de alta renda.
Panorama regional
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O relatório aponta que a migração internacional de aposentados deve crescer nos próximos anos, impulsionada pelo aumento da expectativa de vida e pela busca por novos estilos de vida. Os dados do estudo mostra que a aposentadoria está cada vez mais associada à ideia de escolha, bem-estar e mobilidade global.
"Esse tipo de ranking serve de alerta: não basta termos potencial ou recursos naturais. É consistência institucional que transforma um país em destino de aposentadoria. E nisso, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer,” diz Zaidem.
Para o executivo da Sesame HR, o ranking não é apenas sobre onde passar a aposentadoria. "É sobre o que as pessoas procuram cada vez mais em todas as fases da vida: segurança emocional, pertencimento, simplicidade e tempo de qualidade".