Kátia Silva, fundadora da ‘Águas de Ipanema’: “Via marcas internacionais usando o Rio como inspiração e pensava: isso é nosso. Precisamos de uma marca brasileira que ocupe esse lugar com verdade.” (Águas de Ipanema /Divulgação)
Repórter
Publicado em 21 de abril de 2025 às 14h14.
Última atualização em 22 de abril de 2025 às 08h36.
Filha de um microempreendedor e de uma dona de casa, Kátia Silva, cresceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e desde pequena sabia que queria trabalhar para transformar sua realidade. “Minha grande inspiração foi meu pai. Quando a empresa em que ele trabalhava faliu, ele se reinventou como empreendedor no ramo de transportes e nos criou com muito esforço”, conta Kátia.
Aos 15 anos, ela escreveu os nomes das empresas onde sonhava trabalhar — e o Grupo L’Oréal estava lá.
“Aquilo foi um divisor de águas. Mesmo sem intercâmbio ou inglês fluente, eu tinha certeza de que daria o meu melhor. Tentei uma oportunidade no Grupo L’Oréal e passei.”
Kátia construiu uma carreira sólida na L'Oréal, onde ficou por 12 anos e chegou a atuar nas quatro divisões de negócios da companhia, além de ser reconhecida internacionalmente por projetos de alto impacto. Hoje, aos 40 anos, a executiva compartilha a história da sua empresa e lições para quem deseja empreender no Brasil, após anos como CLT.
Depois de mais de uma década no mercado corporativo, Kátia decidiu empreender aos 39 anos com um sonho antigo: criar uma marca de beleza com alma. “Queria lançar uma marca que valorizasse o autocuidado e a natureza", afirma.
Foi assim que nasceu a Águas de Ipanema — uma marca com DNA 100% carioca, que une fragrâncias, skincare e body care com sustentabilidade e propósito. O nome veio em um sonho e, segundo ela, foi a primeira vitória, já que conseguiu registrá-lo mesmo sendo um nome tão conhecido no mundo.
“Via marcas internacionais usando o Rio como inspiração e pensava: isso é nosso. Precisamos de uma marca brasileira que ocupe esse lugar com verdade.”
Desde o início, Kátia teve apoio de uma das maiores casas de fragrâncias do mundo, a Firmenich, para desenvolver produtos como Doce Balanço e Caminho do Mar, inspirados no frescor e na energia das praias cariocas. “Levamos quatro anos para chegar nas fragrâncias ideais. Elas transmitem bons sentimentos e usam ingredientes naturais, como madeira de reflorestamento e papel semente”, conta.
Além dos perfumes, a Águas de Ipanema já tem 14 produtos no portfólio divididos entre fragrâncias, skincare e body care — todos veganos, dermatologicamente testados e livres de microplásticos. "O esfoliante, por exemplo, traz areia de origem vulcânica de Bora Bora. E o hidratante vem em um pote de plástico biodegradável que pode virar porta-joias", diz a empresária.
A marca foi lançada oficialmente em 2023 e já cresceu 50% em seu segundo ano, com investimento inicial superior a R$ 3 milhões. Está presente em oito pontos de venda no Brasil, incluindo uma vitrine na Oscar Freire, em São Paulo. A expectativa é triplicar a presença física em 2025, focando na região Sudeste e em marketplaces como Beleza na Web e Época Cosméticos.
O reconhecimento também veio rápido. “Com apenas quatro meses de lançamento, fomos finalistas da maior premiação de cosméticos da América Latina. Em seguida, Kátia foi uma das 15 mulheres brasileiras premiadas em uma premiação nacional de liderança feminina — ao lado de nomes como a primeira-ministra e Margareth Menezes. “Foi um momento de muita emoção para mim”, lembra.
Na mesma época, a marca foi convidada para participar da Semana de Moda de Paris, com seus produtos usados nos bastidores para cuidar da pele das modelos e distribuídos na primeira fila do desfile. “Mesmo sendo uma marca nova, eles olharam para o Brasil e enxergaram Águas como uma marca que eles realmente queriam ali”, afirma.
A executiva também compartilha conselhos para quem pensa em deixar o mundo corporativo para empreender:
A Águas de Ipanema já tem registro da marca nos Estados Unidos e na União Europeia. A expectativa é abrir a primeira loja própria imersiva em Ipanema até o primeiro semestre de 2027. “Quero que as pessoas entrem na loja e sintam o Rio de Janeiro com todos os sentidos”, diz.
Com um time de 25 pessoas e com os produtos sendo fabricados em Santa Catarina, a marca “Águas de Ipanema” já vendeu para mais da metade dos estados brasileiros via e-commerce, e o site, segundo a empresária, recebeu visitas de mais de 60 países, com intenção futura de exportação.
“A identidade visual e sensorial da marca atrai consumidores estrangeiros que se encantam pelo lifestyle carioca. Queremos entregar os bons sentimentos que se sente no Rio de Janeiro dentro dos nossos potes.”