Nizan Guanaes: “se eu fosse realista, eu estava ferrado” (Fernando Lemos/Veja Rio)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2015 às 18h00.
Eu escolhi um dos dias mais importantes da minha vida para dividir com vocês, explicou Nizan Guanaes em uma segunda-feira do final de novembro, durante encontro com membros da Fundação Estudar, Ismart e PROA, no qual o Na Prática esteve presente. Durante o final de semana, a notícia da venda de seu grupo ABC para os americanos da Omnicom havia sido adiantada pela imprensa brasileira, e seu telefone não parava de tocar. O anúncio oficial foi feito horas antes, na própria segunda-feira.
Controlador de agências premiadas como África, Loducca e DM9, e com clientes que vão da AB Inbev ao Itaú, o Grupo ABC é o maior grupo brasileiro de serviços de propaganda e marketing, e o 18º maior grupo global de comunicação, segundo ranking do Advertising Age. O grupo é recente – foi fundado em 2002 por Nizan Guanaes, ao lado de seu sócio Guga Valente. Mas seu começo remonta a alguns antes, quando Nizan despontava como promessa no cenário da comunicação brasileira.
Em 1989 havia fundado a DM9, com investimento de 1 milhão de dólares obtido no mercado financeiro. No ano seguinte, Collor assumiu a Presidência e seu plano econômico congelou grande parte do dinheiro a ser investido, além de ter jogado um balde de água fria em todos os empreendedores da época. Foi quando Nizan, na contramão do clima de desesperança que tomava o país, cunhou a famosa máxima: Enquanto eles choram, eu vendo lenços.
Essa postura de quem corre atrás, sonha grande e vê os obstáculos como oportunidades, talvez explique como o menino pobre do Pelourinho acabou no jornal Financial Times, no ranking dos cinco brasileiros mais influentes do mundo. Nos vídeos a seguir, ele conta a própria história, fala sobre a motivação por trás dos seus sonhos e como fez para alcançá-los, além de deixar seu recado para a juventude brasileira:
Sonhar Grande
Para Nizan, trata-se de uma condição para o sucesso: A gente não pode pensar pequeno em um país do tamanho do Brasil. Sonhar grande, no entanto, não diz respeito apenas a criar grandes empresas ou tornar-se um CEO. Os grandes líderes devem te inspirar a sonhar o seu sonho grande. Seja para ser médico, artista, construtor, paisagista… Você tem que ser o melhor no que você for!, diz o empresário.
https://youtube.com/watch?v=PlAx11u9mCA
Aproveitar as Oportunidades
Minha chance de chegar até aqui era quase nenhuma, admite o empresário. No entanto, não era a probabilidade que o faria desistir de sonhar grande. Se eu fosse realista, eu estava ferrado, brinca. Ir longe não é fácil, mas depende de aproveitar cada oportunidade.
Descobrir o propósito
A paixão de Nizan pela propaganda remonta à memória do tempo em que trabalhava na loja de seu tio, e viu que levava jeito para vendas. Mais tarde ele percebeu que sua vocação poderia dar origem a um negócio próprio, e decidiu empreender.
E os próximos passos?
Depois de ter sido personagem central da maior venda já realizada no mercado de propaganda do país (o Grupo ABC foi vendido por 1 bilhão de reais), resta a dúvida: O que Nizan vai fazer em seguida? Durante o encontro, ele afirmou que não planeja se distanciar da empresa e continuará a frente do seu negócio pelos próximos anos. Não tenho vontade de fazer outra coisa, até porque não sei fazer outra coisa, ele brinca.
Esse negócio de se aposentar é uma coisa muito cafona, diverte-se o empreendedor. Eu tenho horror a ficar parado.
Para ele, continuar empreendedor é uma obrigação moral com o país. No meu planejamento mental, posso chegar a 99 anos e mesmo assim ainda não terei tido tempo de criar, inventar e construir tudo que eu quero, comenta. No entanto, chama a atenção para a necessidade de dedicar tempo a se atualizar: em 2016, vai fazer viagens curtas para diversos lugares do mundo, como universidades e centros de pesquisa de ponta. A Singularity University, conhecida como universidade de inovação da Nasa, nos Estados Unidos, já está no roteiro.
Além disso, continuará dedicando grande parte do seu tempo a causas sociais, principalmente relacionadas a empreendedorismo, educação e preservação do patrimônio cultural do Brasil.
* Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal de Carreira da Fundação Estudar