Redação Exame
Publicado em 23 de julho de 2025 às 13h11.
Um e-mail enviado por engano pode colocar toda uma relação profissional em risco. Imagine desabafar com um colega sobre uma reunião frustrante — dizendo, por exemplo, que sua chefe só escuta os “favoritos” — e perceber, segundos depois, que ela estava copiada na mensagem. Foi exatamente isso que aconteceu em um caso relatado pela Harvard Business Review (HBR). O silêncio veio como resposta: reuniões importantes passaram a ser realizadas sem sua presença, encontros semanais foram cancelados, e o clima com a liderança se tornou visivelmente mais frio.
Diante de uma situação assim, o primeiro impulso pode ser correr para pedir desculpas. Mas especialistas recomendam cautela. Antes de qualquer conversa, é essencial refletir sobre o que causou aquela reação emocional, entender o contexto e reconhecer que o erro vai além do envio acidental: há uma quebra de confiança que precisa ser reconstruída.
Esse tipo de reflexão ajuda a perceber que, muitas vezes, a frustração no trabalho aciona gatilhos mais profundos, como experiências passadas de desvalorização ou insegurança. Entender isso é um passo importante para encarar o ocorrido com maturidade e abrir espaço para uma conversa mais empática e construtiva.
O ideal é não demorar mais de 24 a 48 horas para retomar o contato com a liderança. Silenciar por muito tempo pode passar a impressão de evasão, falta de responsabilidade ou até desinteresse. Uma abordagem simples, como “você tem alguns minutos? Gostaria de conversar sobre algo importante”, já demonstra iniciativa e compromisso em resolver a situação.
Na conversa, evite justificativas ou tentativas de suavizar o erro. Assumir a responsabilidade com clareza e objetividade é mais eficaz para reconstruir a confiança. Um pedido de desculpas direto, que reconhece o impacto do comportamento, costuma ser o melhor caminho. Algo como: “Meu e-mail foi inadequado e nada profissional. Deixei a frustração me dominar e reconheço isso. Valorizo nosso relacionamento de trabalho e estou comprometido a recuperar essa confiança.”
Mais do que lamentar, é importante propor uma forma concreta de seguir em frente. Demonstrar disposição para mudar e abrir espaço para receber feedback sinaliza maturidade emocional e interesse genuíno em evoluir.
A partir desse momento, começa a parte mais difícil: manter, com constância, comportamentos que reforcem essa nova postura. Pequenas atitudes, como estar mais presente nas reuniões, adotar um tom mais equilibrado nas conversas, demonstrar preparo e contribuir com soluções, ajudam a criar, aos poucos, uma nova imagem profissional.
Reconstruir uma relação de confiança com a liderança exige tempo e consistência. Não se trata de esperar que tudo volte ao normal de forma imediata, mas de mostrar, dia após dia, que é possível contar com você. Isso significa evitar comportamentos defensivos, agir com profissionalismo e respeitar os espaços da relação.