Carreira

Entrevistas virtuais explodiram na pandemia. Veja dicas para se sair bem

Segundo o Vagas.com, o uso da ferramenta de videoentrevista aumentou 2.149% de março a setembro deste ano

 (Emilija Manevska/Getty Images)

(Emilija Manevska/Getty Images)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 07h00.

A pandemia não mudou apenas a rotina das empresas, mas a forma de contratar pessoas. O processo de seleção completamente remoto traz novas rotinas para candidatos e RHs. Segundo o Vagas.com, o uso da ferramenta de videoentrevista aumentou 2.149% de março a setembro deste ano.

O que os empreendedores de sucesso têm em comum? Inovação será a chave de 2021. Fique por dentro em nosso curso exclusivo

Luciana Calegari, especialista em RH da Vagas.com, explica que essa explosão no uso de vídeos nos processos já era uma tendência de automação na área de recrutamento. E sua implementação, como outras novidades nesse ramo, foi acelerada pelas novas demandas por causa do isolamento social.

“O recurso é de extrema importância, pois otimiza o tempo. Não só da empresa, mas também dos candidatos. É muito frustrante participar de um processo e não ser chamado para a entrevista presencial. Ou não ter tempo para se locomover até o escritório. O vídeo possibilita maior acessibilidade aos processos de maneira geral”, comenta ela.

A digitalização dos processos de RH é um dos grandes avanços de 2020. Novas ferramentas para automatizar rotinas mais mecânicas e burocráticas lideram os profissionais para pensar em novas estratégias e resolver problemas mais complexos da gestão de pessoas. Novos processos para feedback, avaliações de desempenho e gestão de metas com uso de tecnologia fazem parte do futuro do trabalho.

Com o recurso, os candidatos têm mais chances de mostrar suas habilidades, uma vez que os recrutadores podem receber vídeos gravados de mais pessoas e mais precocemente no processo.

“Depois da triagem do currículo, podemos já fazer um filtro de 200 candidatos mais aderentes com a cultura da empresa. Depois, os finalistas podem ir para a entrevista ao vivo”, explica ela.

Normalmente, o tempo para marcar todas as entrevistas na agenda seria um limite para o número total de pessoas chamadas para essa etapa. Assim, a seleção se torna mais eficiente e rápida.

De acordo com a especialista do Vagas.com, o novo formato deve permanecer depois da pandemia. O período foi o bastante para os dois lados se acostumarem com a dinâmica e entenderem seus benefícios.

Para Rui Furtado, cofundador da For Good, startup de recrutamento executivo, a mudança faz parte de um movimento maior para melhorar a experiência do candidato e tornar os processos menos “engessados”.

“Na nossa área, de busca de executivos de média e alta gerência, tivemos a proposta de trazer uma perspectiva mais fresca e mais humana para os processos”, comenta ele.

Mesmo para recrutar CEOs, ele utiliza o vídeo para se comunicar melhor com os profissionais, trazendo mais transparência aos dados das vagas e perfis buscados.

A nova dinâmica de vídeos nos processos seletivos pode quebrar barreiras e reclamações antigas dos candidatos, como a dificuldade de acesso a informações e de feedback.

Confira algumas dicas para se adaptar ao novo modelo de recrutamento:

Ao vivo ou gravado?

Existem dois momentos diferentes no novo universo das entrevistas virtuais. A entrevista por vídeo é uma gravação que o candidato faz e envia para o recrutador. Normalmente, a pessoa recebe algumas perguntas antes da entrevista ou em uma hora marcada e tem um tempo determinado para respondê-las. Essa é uma etapa mais no ínicio do processo.

Depois, há a opção da entrevista ao vivo. Ela se parece mais com o formato presencial e pode ter a presente de mais pessoas, como o RH da empresa e o gestor da vaga. Nesse caso, a entrevista deve acontecer numa fase mais avançada ou na última etapa da seleção.

Seja você mesmo

A primeira dica dos especialistas: seja você mesmo. Não é necessário virar um youtuber para a entrevista de emprego ou criar um formato inovador para se apresentar. A entrevista gravada é uma forma do recrutador conhecer seu perfil e história profissional com mais profundidade e ainda conseguir analisar habilidades comportamentais como a oratória. É importante ser claro e honesto ao responder as perguntas.

“Se tiver uma parte do vídeo de auto apresentação, você pode treinar um texto antes com alguns pontos importantes da sua história e características pessoais. Treine para falar sobre você em 3 ou 4 minutos”, explica o empreendedor.

Vocês estão me ouvindo?

Alguns minutos antes de começar a entrevista, faça testes de conexão e áudio. “Você precisa ter a estrutura para a entrevista pronta para começar confortável, sem ter que se preocupar”, comenta Rui Furtado.

O ambiente tem ruído? Tente encontrar um lugar mais tranquilo e fique com um fone de ouvido na mão. O recrutador quer ver o seu rosto? Se certifique antes da entrevista que o vídeo será necessário e confira se o fundo que pode aparecer na tela está organizado.

Interrupções são o novo normal

Seu filho chamou durante a entrevista? O vizinho está fazendo obra? O cachorro não para de latir? A dica é avisar logo no começo da chamada, quando for ao vivo, que uma interrupção pode ocorrer. “Nós sabemos que o momento é diferente, que a pessoa está em casa. Não precisa perder o jogo de cintura. Avisar no começo já quebra o gelo”, fala a especialista do Vagas.com.

“O respeito mútuo ainda vale no online. Se houver um atraso, avise e se desculpe. Se o filho interromper, não se preocupe. Todos estamos passíveis de ter interferência. Essa é a principal questão que estamos aprendendo a lidar”, comenta Luciana.

Foco no preparo

Uma coisa que definitivamente não muda do processo presencial: “O candidato que se prepara tem chance maior de se sair bem na entrevista”, fala Luciana.

É essencial que o candidato não chegue na entrevista sem pesquisar sobre a empresa, a cultura e a vaga em si. Também é importante pensar em como responderia questões sobre si mesmo, suas conquistas e habilidades.

Hora de tirar o pijama

Para a entrevista virtual, as mesmas regras de vestuário do presencial estão valendo. “Você pode ficar confortável, claro. Porém você deve se vestir de acordo com sua realidade e alinhado com a cultura da empresa. Se o lugar ou a posição pedir uma certa vestimenta, é importante se vestir de acordo. É como se fosse ao escritório”, comenta Rui.

E não tem polêmica: a especialista do Vagas.com fala que o candidato pode combinar de não ligar a câmera. É bom perguntar antes, mas problemas com a velocidade da internet ou desconforto de divulgar sua imagem online são justificativas plausíveis para pedir que o vídeo fique desligado.

Contato com o RH

Mais do nunca, ainda vale tirar suas dúvidas com o RH antes do momento da entrevista. Anota aí as três perguntas essencias que todo candidato deve fazer:

  • Quais são as próximas etapas?
  • Com quem eu vou falar?
  • Qual a expectativa de fechar essa posição?

“Você também pode pedir um contato de cara para saber com quem falar ao longo do processo. Eu já passo meu WhatsApp no primeiro contato, me sinto confortável em ter esse canal aberto, mas nem todo mundo gosta”, diz a especialista.

 

De 0 a 10 quanto você recomendaria Exame para um amigo ou parente?

 

Clicando em um dos números acima e finalizando sua avaliação você nos ajudará a melhorar ainda mais.

 

Acompanhe tudo sobre:Busca de empregoentrevistas-de-empregoPandemia

Mais de Carreira

Home office sem fronteiras: o segredo da Libbs para manter o trabalho remoto sem parar de crescer

Escala 6x1: veja quais setores mais usam esse modelo de trabalho, segundo pesquisa

Como preparar um mapa mental para entrevistas de emprego?

Para quem trabalha nesses 3 setores, o ChatGPT é quase obrigatório, diz pai da OpenAI, Sam Altman