"Você está demitido": a famosa frase do bilionário Donald Trump não pode virar um fantasma na entrevista de emprego (Marc Royce/Corbis Outline)
Talita Abrantes
Publicado em 8 de dezembro de 2011 às 12h03.
São Paulo – Receber um adeus compulsório (ou, para os mais desafortunados, um até nunca mais) da empresa é, quase sempre, uma situação de muito desconforto para o profissional. Agora, o incômodo pode aumentar quando o assunto vem à tona na entrevista de emprego com a clássica pergunta “Por que você foi demitido?”.
Há quem encontre, nesse momento, o gancho que faltava para desabafar todos os ressentimentos com relação ao antigo empregador. Outros, mais amedrontados, despejam uma porção de justificativas. Além, é claro, daqueles que subestimam o poder do network (ou das buscas no Google) e mentem.
Quem opta por uma das alternativas descritas acima acaba, sempre, em maus lençóis. Sem querer, acabam infringindo regras básicas de uma boa entrevista.
Em alguns casos, o assunto é delicado, realmente. E o frio extra na barriga diante dessa pergunta até faz sentido. Mas é essencial aprender a lidar com a multidão de sentimentos que podem estar relacionados à demissão – e colocá-los em ordem na hora da entrevista. Veja como:
1 Tenha clareza
Os especialistas são unânimes: o primeiro passo para responder a essa pergunta começa com uma reflexão sobre os fatores que culminaram na demissão. Ter esse contexto bem claro é fundamental para conversar sobre o assunto com as emoções em ordem.
Dependendo do seu nível hierárquico, vale até conversar com a companhia anterior, segundo Mariá Giuliese, diretora executiva da Lens & Minarelli. “Tente esclarecer as razões da demissão e combine o que será dito ao mercado”, diz.
2 Não fantasie
A mentira é, sem sombra de dúvida, um dos piores vilões na entrevista de emprego. Em tempos de Google, os recrutadores (que também são donos de agendas de contatos profissionais extensas) sabem onde procurar informações e checar a veracidade de cada vírgula das histórias contadas por candidatos.
Por isso, não subestime o headhunter (e todos esses métodos contra mentirosos). Seja sincero, sempre.
3 Seja diplomático
Isso não significa, contudo, que você está autorizado a destilar todo o veneno contra a antiga empresa. Ao contrário. Segundo Renata Filippi, sócia-diretora da Mariaca, você deve deixar claro que saiu da empresa, mas que as portas continuaram abertas.
“A dica é relatar o fato de maneira a não evidenciar os pontos negativos”, diz a especialista. Para dar esse tom eufemista ao relato, vale recorrer a alguns dados da realidade, como números de mercado, situação financeira da empresa, entre outros.
Por exemplo, se você foi demitido por não entregar resultados, explique o que aconteceu comparando seu desempenho com os dados do setor para aquele período. Mas não se esqueça: todo seu discurso tem que ser verídico e verossímil. “Não pode chegar com uma resposta muito pronta”, diz Renata.
4 Sem mea culpa
Esse não é o momento para justificativas ou arrependimentos. Não vale tentar convencer o recrutador de que não repetirá o mesmo erro novamente.
5 Vá direto ao ponto
Em outras palavras, você tem que ser objetivo. Responda apenas à pergunta do entrevistador. Sem mais, nem menos.
“Lembre-se que, na entrevista, o peixe morre pela boa”, diz Mariá. “Você não pode dar mais ou menos informações do que as necessárias para o recrutador tomar a decisão. E é ele quem sabe do que precisa”.
“Tente ser objetivo, pragmático e faça um link com suas realizações anteriores”, diz Renata.