Pesquisa da Robert Half: profissionais buscam por mais qualidade de vida com o home office, mas também valorizam o contato e a interação do ambiente de trabalho (iStock/iStockphoto)
Repórter
Publicado em 4 de julho de 2023 às 15h20.
Última atualização em 4 de julho de 2023 às 15h37.
A pandemia, com o apoio da tecnologia, provocou transformações nas relações corporativas e hoje um dos principais desafios é definir o modelo ideal de trabalho: presencial, híbrido ou home office?
De um lado, estão as empresas que determinam o retorno 100% presencial, do outro os funcionários que desejam o trabalho remoto ou híbrido e que estão mais dispostos a trocar de emprego para ter ao menos um trabalho parcialmente remoto. É o que mostra a 24ª edição do "Índice de Confiança Robert Half" (ICRH) divulgada em junho deste ano.
A pesquisa ouviu 1.161 profissionais em maio deste ano. Os entrevistados foram divididos em três categorias: recrutadores, profissionais empregados e profissionais desempregados (todos acima de 25 anos com formação superior).
Um dos resultados da pesquisa mostra que o esquema híbrido ainda é o preferido da maior parte dos entrevistados, tanto na visão das empresas quanto na opinião dos profissionais.
Entre as companhias:
Do lado dos profissionais, a preferência pela modalidade híbrida é ainda maior:
“Com exceção daqueles setores que só podem atuar de modo presencial, como parte da área da saúde ou do varejo, por exemplo, nos demais, os trabalhadores anseiam por formatos flexíveis. Assim como o mundo, as pessoas mudam e o trabalho também", diz Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half.
O diretor afirma que a falta de flexibilidade das empresas pode ocasionar até em demissão — esta, como uma decisão do funcionário: "A modalidade de trabalho tornou-se um fator decisivo, capaz de impulsionar pedidos de demissão e mudanças de emprego em prol de mais bem-estar, qualidade de vida e saúde mental. Nota-se que os profissionais também valorizam o contato e a interação, pois preferem o modelo híbrido, não o 100% remoto."
De acordo com a pesquisa, o retorno 100% presencial levaria 38% dos profissionais empregados no Brasil a buscar um novo emprego.
“Fica cada vez mais evidente que a dificuldade de adaptação às transformações do mercado proporcionará barreiras no recrutamento de profissionais qualificados, além de obstáculos na retenção de talentos. O anseio por flexibilidade definitivamente veio para ficar e as empresas que contam com esse diferencial serão as mais desejadas, admiradas e reconhecidas pelos profissionais. Portanto, para contar com os melhores talentos do mercado, capacitar e adequar a gestão a essa nova realidade deve estar no topo das prioridades”, afirma Nogueira.
Segundo o ICRH, 39% dos recrutadores entrevistados já estão vendo colaboradores buscarem um novo trabalho depois que a empresa decidiu pelo retorno presencial e 23% têm o receio de que isso possa acontecer no futuro.
Os principais motivos que estão levando muitas empresas a pedirem as atividades inteiramente presenciais são:
“Tanto as empresas quanto os funcionários precisam trabalhar em um consenso. Do lado das empresas, as empresas estão readequando o espaço de seus escritórios. Os gestores também têm o desafio da mudança. Podem criar atividades para o pessoal estar no escritório, como ação de RH e treinamentos coletivos. Do lado do funcionário, se você quiser mudar de emprego, um novo desafio, a sua cabeça tem que abrir para a política da nova empresa, seja ela híbrido, seja presencial.”
O diretor reforça que a forma de trabalhar tem sido diferente de antigamente e que para manter os seus profissionais qualificados, as empresas precisam flexibilizar: "Hoje ir ao escritório não precisa ser para ficar o dia inteiro. É possível entrar mais tarde ou ir ao cliente, por exemplo. Fato é que as empresas de serviços que não se adaptarem ao modelo híbrido, elas perderão mão de obra qualificada. A briga por talentos ela continua e o sistema de trabalho mudou”, diz Nogueira.